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The Twelve Ones

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Mensagem  Albafica Triantaphylos Seg Jan 09, 2012 7:45 pm

Olá,
Eu nunca ia postar isso aqui, mas.... eu quero a opinião de vocês: Não é uma fic, é mais como uma auto biografia afundada num mundo fictício. Eu só escrevi 8 capítulos em 3 anos?? acho que é isso... vou colocar o prólogo e, espero que gostem. Se gostarem do tal prologo eu posto o seguinte capítulo...^^ - Postei em outro fórum, mas não tive muito feedback...¬¬''

The Twelve Ones Cap01


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PRÓLOGO

Durante muito tempo, nossa anomalia nos fez crescer em poder nas eras antigas. Nossos ancestrais eram chamados de deuses, Titãs ou seres cheios de puro poder; Alguns foram conhecidos como anjos ou ninfas por possuírem uma áurea totalmente especial ligada à natureza ou ao sentimento das pessoas. Os mais famosos são os conhecidos Super-Heróis, que ilustram HQs pelo mundo todo.
Estamos em toda parte, mas pouca gente sabe de nossa existência nos dias atuais. Porem quando descobertos, somos caçados até a morte ou colecionados como figurinhas, ou borboletas.
Estamos em constante perseguição. Você quer saber o porquê de toda essa procura insaciável?
Alguns são muito valiosos. E quando digo valiosos, realmente somos como verdadeiros diamantes; disputados por nações.



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Última edição por Albafica Triantaphylos em Qua Jan 18, 2012 3:02 pm, editado 1 vez(es)
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The Twelve Ones Empty Re: The Twelve Ones

Mensagem  Albafica Triantaphylos Ter Jan 17, 2012 11:29 am

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1. FUGINDO

Era dia cinco de maio quando tudo começou. Era noitinha ainda e estava meio frio, com aquele cheirinho de chuva. Acordei espirrando com os pulmões um pouco fracos, mal conseguia respirar. Tomei uma ducha gelada, pois o chuveiro era à energia solar, e ainda não havia luz solar suficiente para aquecer a água. Arrumei os últimos preparativos da viagem. Conferi se o celular estava ou não na mala, se tinha pegado a carteira, se tinha roupa o suficiente, esse tipo de coisa. Fiz uma inalação rapidinha, minha mãe é medica e me ensinou a fazê-la sem necessidade de pedir ajuda. Desci as escadas com calma não querendo fazer alarde com a minha ida para o desconhecido. Peguei as chaves de casa, uma douradinha de quatro segredos, coloquei devagar na fechadura e rodei-a de modo a não fazer barulho, não queria acordar meus irmãos e pais no meio da madrugada. Fui até a mesa onde ficava o telefone e deixei um bilhete com meu nome em cima, um daqueles bilhetes cheios de explicações e motivos. Está bem eu digo o que escrevi:

“Meu intercâmbio estava marcado para semana que vem, mas algo vem acontecendo já faz alguns meses ou mesmo anos e, eu resolvi adiantar a viagem sem notifica-los. Desculpem-me por isso... Amo vocês, volto na data combinada, que seria daqui a um ano.
Beijos, já estou com saudades”

Abri a porta com cautela e parti para a rodoviária. Peguei o primeiro ônibus para o aeroporto que ficava em Guarulhos, depois de São Paulo. Era um ônibus simples, comum, não era muita coisa, mas me levaria até o destino que tinha traçado; na verdade nem eu sabia pra onde iria direito. Eu só sabia que ia para a Inglaterra.
Meus pensamentos estavam meio vagos, sem sentido algum, faltava organizá-los de forma lógica e criativa, mas não estava muito a fim de fazê-lo no momento. Deixei que o meu senso de direção me guiasse, ele também era falho, mas era a única coisa que me veio pela cabeça no momento presente.
Dentro do ônibus, sentei-me perto da janela, pus meu capuz e me encostei-me à janela. Eu parecia triste e desanimado para quem olhava de fora, era essa a impressão que tinha. Porem eu me encontrava meio depressivo mesmo, alias sou fleumático e melancólico, não tinha muito que fazer a respeito, além de me aguentar naquela minha fossa deliciosa da madrugada.
Finalmente cheguei ao meu destino, depois de um punhado de horas. O Aeroporto; fui até o guichê, lá se encontrava uma mocinha muito bonita, pelo menos era o que parecia aos meus olhos: ela tinha o cabelo acobreado e preso num coque bem feito, usava um uniforme bem justinho, parecia que acabara de lavar o uniforme, pois ele tinha um delicioso cheiro de amaciante. A jovem possuía belos olhos verdes que transmitiam uma simpatia impar e um belo sorriso, muito cativante.
- O que deseja? – ela disse muito simpaticamente, querendo me atender da melhor forma possível. E, de certa forma sua simpatia me conquistou de imediato e eu respondi as pressas.
- Vou querer uma passagem para... – atropelei as palavras, mas por um instante demorei um pouco para responder, pois queria ter certeza do que queria – Inglaterra... – ainda cheio de duvidas em minha decisão, acho que deixei transparecer, pois a atendente percebeu e disse:
- Tem certeza senhor... Hum...? – como querendo saber meu nome e se eu realmente tinha certeza de algo. Cocei a cabeça umas três vezes, meio acanhado por não ter me apresentado, eu teria que dizer meu nome mesmo, mais cedo ou mais tarde para preencher os dados da passagem.
- Heatsun – disse de imediato, apressadamente, meu rosto corou e olhei para baixo meio de canto e, muito envergonhado. Não sei o motivo, creio que achei a moça que me atendia mais bonita do que pensara de inicio; pausei-me tomei fôlego e disse meu nome completo para que ela anotasse direito – Luidge Cavallete Heatsun e, sim tenho certeza... Quero ir para Inglaterra – disse com firmeza, acho que a convenci desta vez. Mostrei a ela as passagens que a escola me forneceu e os meus documentos: RG, CPF, essas coisas.
A atendente me olhou com uma cara de estranheza, franziu as sobrancelhas, e me perguntou curiosa:
– O senhor é descendente de americanos? – ela ficou lá com aquela carinha de anjo, olhando para mim enquanto eu organizava as palavras em um arranjo simples de se entender sem mais delongas.
– Não, meu avô é inglês. – ela ficou num silencio momentâneo esperando que eu me abrisse com ela, o que de fato não aconteceu. A moça balançou a cabeça e continuou o procedimento. Terminei de dar os dados necessários para a passagem e fui para o embarque, pois cheguei um pouco fora de hora, ou seja, o embarque já estava acontecendo.
Ao embarcar fui direto para o meu assento e lá fiquei, coloquei meu capuz de novo, do mesmo modo melancólico da outra vez. Fechei os olhos e por um instante pensei no que iria acontecer quando soubessem que eu havia saído de casa, antes do previsto pela minha família; comecei a ter um excesso de lamentação por eles, não sabia quando e se eu os veria novamente, vai que eu decida ficar mais um ano por aqui, agora que tinha um peso a carregar, não podia mais ficar perto deles, sem que se machucassem ou se porventura não aprovassem esse peso que agora iria carregar para toda a eternidade, ou melhor, por toda a minha vida. Logo me esqueci destes pensamentos, adormeci por um instante.
Sonhei; ou melhor, tive um pesadelo inesperado. Eu estava no meio da cidade de Londres, totalmente sozinho. De repente eu começo a escutar um milhão de vozes pedindo por ajuda, querendo um lugar pra se refugiar, ouvi muitas pessoas cantando, outras pensando em casamento, umas vozes felizes e outras cheias de pesar. Um em particular me chamou atenção, uma voz que dizia meu nome e me chamava. Segui por onde aquela terrível voz me guiava. Parecia um imã seguindo para o norte. Cheguei numa rede de esgoto. Lá as vozes em minha mente falavam outras línguas e percebi que estava a ponto de explodir. Minha cabeça começou a doer consideravelmente. Era como se meu cérebro carregasse o mundo; como se fosse uma estação de rádio onde todas as frequências se fundiam num mesmo ponto, competindo entre si, para ver quem fala mais alto. Eu não agüentava mais. Meu nariz começou a sangrar, meu crânio estalou e mais sangue escorreu de minha cabeça. Uma mão negra desceu sobre minha cabeça. Sua palma ficou de frente com meus olhos. No meio dela, uma fenda começou a se abrir, tipo uma boca com dentes perfeitos. Assustei-me. Enquanto eu explodia de dor e medo, a mão negra gritava estridentemente.
Acordei assustado e meio de mau humor quando ouvi a voz estridente de uma garota a me chamar:
- Senhor! Senhor! – dizia a moça sem parar – o Senhor gostaria de uma coberta? - Eu disse que não com a cabeça e voltei ao meu estado zen sofredor, a que me encontrava no momento em que fui interrompido pela aeromoça, creio que ela era nova e sem experiência em como tratar os passageiros; sei lá como se deve tratar um passageiro; nunca fui aeromoça e não pretendo ser; mas dei graças quando ela me acordou, não suportaria mais um minuto naquele terror. Ao perceber isso, que talvez a aeromoça fosse nova, um forte pensamento tomou-me e percebi que, eu também estava em uma nova jornada, a atendente era nova e a aeromoça também era recente no trabalho a meu ver. Eu estava num mundo novo sem perceber, agora não tinha mais como voltar atrás, já havia combinado esse intercambio com a escola, tinha que seguir em frente.
Chegando à Inglaterra depois de horas a fio, desci do avião meio desconcertante e dirigi-me até o lugar onde eu seria recebido. O intercambio não ia ser num hotel, eu ai ficar com uma família de sobrenome Watson, logo me lembrei do Sherlock, foi por um breve momento, mas deixei transparecer com um sorriso sutil de canto, creio que poucas pessoas notaram. Lá estava quentinho, era primavera creio, não sou muito bom em clima, estações e coisas do gênero; tirei minha blusa e dobrei de forma fácil para carregar na mão, eu acho muito feio prender na cintura, é deselegante, e estando em um país rico como a Inglaterra, tinha que me comportar como se fosse um cidadão inglês.
Andei rápido pelos corredores do desembarque olhando cuidadosamente as placas. Peguei minhas malas, foram quase as primeiras a aparecerem. Continuei por um corredor à direita; achei as portas do finalmente desembarque, no fim do corredor. Fui o mais devagar possível, pois estava sentindo um desconforto, uma ansiedade sem igual, já tinha sentido isso outra vez, mas nunca num aeroporto prestes a me entregar a outra família que me acolheria; foi ai que caiu a ficha, eu iria ficar longe de casa por um tempo “X” com outra família que eu mal conhecia, ia ser a primeira vez que eu os veria, não sabia se eram legais, amorosos, se bem que a fama dos ingleses é a frieza a distancia, e eu estava acostumado com um lugar cheio de amor e abraços, cheio de ternura, não sabia se ia me acostumar. À medida que eu chegava perto do final do corredor, meu coração batia mais forte, parecia que ia enfartar a qualquer momento; finalmente cheguei à porta, era automática, reagia ao calor humano ou ao deslocamento de ar em abundancia, era péssimo para essas coisas que envolviam tecnologia. Bom, sou ruim em quase tudo no final das contas.
Ao passar por ela, meus olhos procuravam aflitos pela presença de uma família segurando uma plaqueta com meu nome. Não consegui achar de primeira, tive que dar outra olhada bem devagar, conferindo cada placa que estava à minha disposição. Finalmente meus olhos reconheceram meu nome, era uma plaquinha branca, escrito Heatsun em preto no meio dela, era simples, mas acalentador; finalmente achei aqueles com quem iria passar um bom tempo. Eles eram num total de cinco: um homem de cabelos dourados, com a barba bem feita, olhos azuis profundos, vestia uma camisa tipo pólo branco que estava para dentro da calça jeans azul escura dele, e possuía em seus ombros uma malha de lã salmão, eu achei muito chique, ele aparentava ter uns trinta anos ou um pouco mais. Aparentava ser um pai dedicado pelo pouco que pude avaliar. A moça ao lado dele, era sem duvida sua esposa; ele denunciou quando segurou a mão dela com total devoção, não do modo comum, mas o segurar entrelaçando os dedos, e dando um belo sorriso; ela possuía os cabelos lisos e acastanhados, com um toque dourado, olhos que pareciam gotas de chocolate; realmente muito bonita, ela usava uma saia preta muito básica, seus pés estavam apoiados em elegantes sapatos verdes do tipo agulha, muito altos, parecia ter a mesma altura de seu marido, um metro e oitenta arredondando mais ou menos, formavam um lindo casal, tive que admitir. Na frente deles havia três pessoas, logo, pela disposição delas, percebi que eram seus filhos. Um da minha idade aparentemente, grande em altura devia ser maior que eu. Ele tinha o cabelo loiro escuro, meio cobre olhos iguais aos de seu pai, bem vestido igual. Um menorzinho devia ter uns quinze anos no máximo; moreno de olhos verdes, agradável às vistas apesar de suas olheiras. Uma menina muito graciosa parecendo uma boneca, loirinha de cabelos longos e olhos de uma coloração que eu particularmente acho incríveis: Âmbar. A garotinha usava um vestidinho rosa simpático, devia ter uns sete, talvez oito anos, estava segurando nas pernas de sua mãe. Aproximei-me da família devagar.
- Olá... – disse timidamente e acenando com a mão tremula.
- Luidge? Luidge Heatsun? – disse simpaticamente e com um belo sorriso e os olhos cheios de alegria a moça que seria minha nova mãe nessa nova aventura em que me colocara.
- Sim, sou eu mesmo... Prazer em conhecê-los... – disse o mais fluente que pude, acho que perceberam meu nervosismo e, provável sotaque.
- O prazer é nosso... – respondeu o pai de família – Meu nome é Charles Watson, essa é minha esposa Anna e, nossos filhos Summer, Jacoh e Ollivia... – ele apontou para cada um e eu assenti com a cabeça para todos.
- Pai... – disse Jacoh numa voz bem adolescente, não muito grossa e nem muito fina, querendo algo de Charles - A gente já pode ir? – ele parecia muito entediado com tudo aquilo, pois revirou os olhos depois de me olhar e suspirou como se me conhecer fosse realmente muito, muito chato.
- Claro! Nosso novo membro da família chegou. – fiquei surpreso por um instante, ele disse mesmo “o novo membro da família”? Foi isso o que escutei? Parece que sim, por um momento meu coração saltitou de uma vaga esperança.
Enquanto caminhávamos para o veículo da família Watson, analisei um pouco os filhos do casal. Summer ficava sempre ao lado do pai, segurando seu ombro, como se quisesse protegê-lo de algo que logo aconteceria, ele falava muito sobre a escola e coisas do time a qual ele fazia parte, e dava uns risinhos simpáticos toda vez que ouvia alguma coisa engraçada. Creio que seremos bons amigos num futuro não muito longe. A menina vestida de rosa ao contrário de seu irmão mais velho, não largava da senhora Watson, era um grude. Vendo mais de perto, não tinha percebido que Ollivia tinha um olhar triste, quase um grito: “quero colo!” fiquei meio aflito, mas a menina olhou para mim e forçou um sorriso esplendido, ganhei o dia, senti uma paz tremenda de estar ali perto dela. Enquanto os quatro avançavam na frente, Jacoh, o filho do meio, ia entre mim e sua família; ele andava com as mãos no bolso, olhando para chão, com um semblante de solidão, luto e dor, tudo ao mesmo tempo. E para somar a toda essa presença que ele tinha, seu cabelo tinha uma franja realmente muito grande, tampando completamente seus olhos, vindo até o meio do nariz; creio que ele fique em segundo plano sendo o filho do meio, não devem dar muita atenção a ele.
Chegando ao estacionamento do aeroporto, entramos no carro e fomos até a residência Watson.
Pelo caminho fui meditando sobre as coisas que haviam de acontecer, mas logo fui interrompido. A pequena mão de Ollivia tocara-me e voltei meus olhos surpresos para a menina angelical.
- Está tudo bem com o senhor? – disse-me ela timidamente, mas com muita convicção do que estava falando. Balancei a cabeça positivamente para não deixá-la preocupada com coisas que ela não poderia entender e, além do mais, nem eu sabia direito quais eram minhas preocupações.
- Pode me chamar de Luidge.
- Hum... Tudo bem senhor Luidge...
- Só Luidge – adverti simpática mente - Não precisa do senhor.
- Hum... Tudo bem senhor Luidge...
Ela continuava a me chamar de senhor, não pude fazer muita coisa a respeito. Tentei distrair-me de meus pensamentos falando com Ollivia.
- Quantos anos você tem Ollivia? É Ollivia né?
A menina com carinha de anjo ergueu suas mãozinhas e me respondeu.
- Oito anos... E... É Ollivia sim... Senhor Luidge...
- E a senhorita – Não era muito bom em trocadilhos, mas tentei imitá-la para ver sua reação – Gosta de fazer o que?
Ele pensou um bocado para me responder. Eu também tenho um irmão de oito anos e geralmente ele responde tudo sem pensar a respeito, sempre mudando sua opinião é um saco, mas uma graça de menino. Fiquei um pouco com saudade, mas antes de me entregar a tristeza e a duvida, Ollivia interrompeu-me.
- Passear no parque e tomar sorvete de morango...
Senti uma alegria estranha surgir e meus lábios começaram a abrir-se num sorriso tímido ao contrário de Olly (apelidara a menina de cabelos dourados como o Sol em meus pensamentos), que me mostrara seus radiantes dentinhos num largo sorriso. De algum modo a inocência dela me deixava feliz como da outra vez que sorriu pra mim. Acho que foi bom “fugir” de casa, apesar de tudo, nesse intercambio as pressas.
Ao se aproximarmos da residência dos Watson, senti como se estivesse de mudança: Uma nova família e uma nova casa. Eles moravam num bairro muito elegante; o Senhor Watson disse o nome, porem eu estava tão surpreso com a casa deles que não me preocupei em guardar. A casa tinha aparentemente dois andares inteiros e enormes, um sótão de tamanho considerável, provavelmente um porão e um jardim do Éden. Tudo o que eu não tinha na minha terra natal. Tenho tudo na verdade, só que de tamanho bem reduzido e sem o aparente porão.
- Gostou? – disse a Senhora Anna com um sorriso materno no rosto.
Balancei a cabeça como num sim tímido, porem muito sério. - É aqui que você vai morar a partir de agora. – acrescentou ela – sinta-se em casa.
Jacoh passou por mim como se eu não existisse e trombou comigo. Derrubei minha mala no chão. Abaixei-me para recolher minhas coisas. Summer se aproximou de mim e me ajudou a recolher. Ele era quente, uma espécie de calor que emanava dele. Sei lá talvez seja só o calor do ambiente, estava realmente quente...
- Jacoh é assim mesmo, não liga não – disse ele – vem vou lhe mostrar seu quarto.
Anna me incentivou a acompanhá-lo e o segui casa adentro.
Por dentro, a casa era incrivelmente magnífica, digna da realeza. Era tudo muito delicado e elegante, creio que muito, muito caro também. A casa por dentro tinha um cheiro peculiar e muito famoso também; Chá e bolo, muito típico dos ingleses. Meu avô adorava chá de camomila e bolo mármore. As paredes eram de um tom que eu classificaria como marfim. Todos os móveis da sala, a maioria pelo menos, era marrom, castanho e, o que era de madeira, realmente era madeira; sabe? Aquelas de famosas madeiras-de-lei. Segui Summer pelas escadas.
- Chegamos! – disse ele num tom de surpresa – é aqui que você vai dormir – continuou ele.
O quarto estava um pouco bagunçado e, quando eu ia começar meu devaneio., o garoto disse:
- Está um pouco bagunçado né? – Summer continuou – Eu me esqueci de arrumar nosso quarto, desculpa...
- Nosso?! – perguntei surpreso e balançando a cabeça pasmo.
- É. Nosso. Meu e seu de agora em diante.
- Pensei que eu ia ficar sozinho, pois acabei de chegar e não queria incomodar... – comecei a explicar minha surpresa anterior, mas fui bruscamente pausado por Summer.
- Calma. Espera um pouco, respira... – respirei fundo e ele continuou – você fala demais quando nervoso né?! – assenti. Ele estava redondamente certo sobre o assunto. - a idéia inicial era de você ficar sozinho para adaptação, mas meu querido irmão, não quis ficar comigo... Então você fica comigo aqui. Entendeu?
Balancei a cabeça.
- Agora arruma suas coisas, minha mãe não gosta que o jantar esfrie.
- O.k.
Summer desceu as escadas correndo. Eu entrei no quarto. Era muito abafado lá dentro, tinha até um cheiro forte de praia. Abri as janelas para ventilar. Uma brisa gostosa assolou o quarto, levou o calor e o cheiro de protetor solar embora e me senti bem melhor. Abri minha mala e comecei a tirar minhas roupas e por no armário vazio. Estava escrito meu nome numa folha na porta do armário, então foi fácil identificar qual era minha parte dentro do grande armário. Após arrumar minhas coisas, fui até o banheiro que ficava no corredor; lavei minhas mãos e meu rosto, olhei para o espelho e conferi meus olhos castanhos claros brilhando com a forte luz do armário do banheiro, meus cabelos castanhos molhados com a água que lavara meu rosto pálido de não gostar muito de Sol e disse a mim mesmo – Pronto.
Quando fui sair do banheiro, Olly estava parada me olhando. Levei um pequeno susto.
- O que foi Ollivia? Demorei muito? – ela tava com uma cara de brava olhando pra mim. Ela estendeu a mão e disse numa expressão mais envergonhada:
- Vem comigo... Minha mãe ta chamando para jantar...
Sorri pra ela e estendi minha mão para pegar na dela. Ela estendeu em falso como se tivesse dúvida se pegava ou não nela, mas por fim criou coragem e pegou. Sua pele corou e eu soube que ela gostava de mim, não sei o motivo, mas era divertido ter alguém que gostava de mim naquele momento, mesmo que fosse uma criança.
Descemos as escadas e fomos jantar.

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Mensagem  Albafica Triantaphylos Qua Jan 18, 2012 3:08 pm

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2. ESCOLA

Logo pela manhã, de segunda-feira, devia ser umas sete horas, Summer me sacudiu clamado para que eu acordasse. Eu resmunguei alguma coisa do tipo mais cinco minutos e ele disse:
- Temos aula hoje Luidge, é seu primeiro dia, vamos logo!
Eu demorei um pouco pra assimilar as palavras que ele havia dito, mas quando consegui digerir tudo aquilo, eu saltei da cama. Escola? Tinha que ir a escola? EU estou de intercambio e, tá, tudo bem, claro que eu tinha que ir a escola.
- Não vim pronto pra ir à escola?! - disse surpreso.
Summer olhou-me com uma cara de espertinho, revirou os olhos e disse:
- Minha mãe já fez tudo: matrícula na mesma série que eu, pois você tem dezessete iguais a mim né? – assenti com a cabeça. – comprou o material, mochila e... Hum... O que falta mesmo?
- O uniforme...? – dá vasta lista que ele fizera, só faltava o uniforme ou a metralhadora, logo fiquei com a opção mais valida.
- Isso mesmo!
Ele foi até o armário, e tirou um paletó descolado azul marinho com as iniciais da escola bordadas em dourado. Uma camisa branca completava o look, também com as inicias no peito, do lado direito, juntamente com uma gravata listrada, azul e vermelho. E claro o item principal, a calça azul e os sapatos pretos com detalhes em vermelho. Revirei os olhos e dei de ombros, eu ia ao colégio ou para um casamento? Eu nunca havia vestido um terno para ir pro colégio, mas beleza.
- Veste logo, estamos um pouco atrasados. – Disse Summer. Acabando de vestir o paletó. – O ônibus chega as sete e quarenta e cinco, e já são sete e vinte! – Alertou ele sobre o horário.
-O. K.
Summer se foi, me deixando sozinho no quarto. Vesti o “uniforme” rapidamente, deixei a gravata pendurada sobre a gola, vesti os sapatos correndo, peguei minha mala, que mais parecia uma pasta executiva do que uma mochila escolar, e desci as escadas num salto. Dei bom dia a todos e segui Summer porta afora. Nem deu tempo para se banquetear do café da manhã.
- Boa aula meninos! – desejou a senhora Anna para todos nós antes de irmos. E também me deu um lanhe natural para o meu desjejum. Acho que vou gostar dela como minha mãe inglesa. Lembrei que minha mãe fazia a mesma coisa quando estava atrasado pra aula.
Entramos no ônibus escolar, nunca havia entrado num antes, mas era bem comum na verdade. Disse um oi ao motorista, sem esperar uma resposta. Sentei-me ao lado de Summer. Todos no ônibus me olhavam com cara de “quem é esse ai?”, não liguei muito, mas me incomodava um pouco.
A viagem até a escola foi muito calorenta. Deduzi que: ou era o ônibus que estava abafado e realmente muito quente ou Summer tinha um sistema de liberação de calor muito espantoso; ele nem sequer suou ali dentro. Automaticamente me lembrei dos verões intensos do Brasil, e de como eu detestava passar calor, ou ir à praia. Nada a ver um assunto com o outros, mas foi o que veio em minha mente.
Chegando ao destino, escola, saímos do ônibus como de costume (Sempre que se entra num ônibus, obviamente uma hora você tem que sair). Foi uma correria só, alunos pra cima e para baixo em corredores que pareciam infinitos. Se eu estivesse sozinho ali, certeza que iria me perder no meio da multidão. Segui Summer até a sala de aula. Entrei juntamente com ele e me sentei ao seu lado. Assim que bateu o sinal, um homem entra na sala:
- Bom dia caros alunos! – disse o professor-sei-lá-o-nome. Ele tinha um porte atlético, esbanjava juventude; tinha o cabelo bem negro, dentes bem brancos. Percebi que algumas de minhas colegas de classe, olhavam pra ele derretidas de amor, acho que devia ser seus olhos verdes vibrantes ou seus lábios carnudos, dava até vontade de beijá-los, como seria o gosto de...
- Creio que temos um aluno novo nessa classe... – disse o professor olhndo para mim. Seu rosto espelhava duvida e curiosidade.
- Tem mesmo professor Eros... – disse Summer alto o suficiente para me tirar do esquisito transe quase sexual pelo professor, qual era o nome? Eros? O garoto me deu uma cotovelada de leve. – Levanta Luidge, apresente-se. – disse sussurrando.
Revirei os olhos, suspirei e criei coragem para me levantar e falar pelo menos meu nome.
- Meu nome é Luidge Cavallete Heatsun, aluno de intercâmbio. – nem doeu, pensei comigo mesmo. Geralmente eu não gosto de falar em publico, mas eu tinha que me introduzir no grupo. Pude ouvir uns murmurinhos sobre eu ser de outro lugar do planeta. Como se eu fosse uma espécie de extraterrestre ou algo assim.
- Muito prazer Luidge. Meu nome é Eros Sweetlovie e vou lecionar Literatura, não só pra você, mas para o resto da turma também. – assenti e me sentei. – Mais uma coisa senhor Luidge. De onde você é?
- Brasil... – Fiquei meio vermelho de vergonha, pensei que ele fosse perguntar algo sobre literatura; não que eu não gostasse de ler. Eu geralmente lia o que me interessava como livros de mitologia, ou livros escritos em primeira pessoa e, bom, eu tenho uma queda por Romeu e Julieta.
Pude ouvir uns comentários sobre samba e futebol, como se todo brasileiro gostasse de carnaval e soubesse driblar. O professor ficou animado e começou sua aula. O assunto? J.R.R. Tolkien, o autor do Senhor dos Anéis.
O professor começou a falar, falar e falar sobre assuntos que eu nem sabia sobre o que se tratavam.
- Ele é bonito né? – suspirou uma garota que sentava do meu lado.
- Eu quero pra mim amiga. – respondeu a outra.
Deu o sinal da aula dele e eu dei um grito mudo de alegria, não aguentava mais aquela aula e aquelas meninas com hormônios explodindo de um lado pro outro. Summer me pegou pelo braço e me arrastou até a próxima aula.
- A gente não tem uns minutinhos até a próxima aula? – perguntei.
- Tem, mas não agora, a próxima aula é longe dessa sala, temos que nos apressar.
Corremos sem parar, demos a volta por não sei aonde e por um milagre chegamos até o destino da grade horária. O bom é que Summer já sabia onde se encontrava os lugares, havia muito tempo que ele estudava aqui, não era de se estranhar.
Chegamos a tempo. Desta vez eu não sentei perto do menino ensolarado. Sentei-me perto de uma garota de cabelos castanhos, pois não havia outro lugar na sala. Acomodei-me, tirei o caderno da mala e ajeitei o estojo sobre a carteira.
- Oi... – Assustei com a voz de uma garota a me cumprimentar, com os olhos excitados, esperando que eu respondesse alguma coisa pra ela.
- Hum... Oi?!
- Me chamo Coraline...
- Aposto que não é só Coraline – interrompi bruscamente sua apresentação. Senti-me um ogro.
- Como você é grosso, eu ia chegar lá. – disse-me ela num tom mais alto.
- Perdão não queria parecer rude... – Já parecendo.
- É Coraline Krausterflies senhor Luidge-grosso.
- Já pedi desculpa... – fiz um beicinho que não gostaria de ter feito.
- Está perdoado seu bobo – afirmou ela – então... – continuou, sabia que ia ser sobre minha nacionalidade – você é mesmo do Brasil né?
- Sim... – viu, acertei na mosca.
- Hum... E como é lá?
- É um lugar bem bonito, você deveria conhecer – incentivei-a com minha “sabias” palavras.
- É, deveria... Você não está sendo o guia de viajem adequado.
- Depois eu sou grosso né?!
Ela me fez uma careta e voltou suas atenções para a aula de biologia que rolava.
Reparando melhor na minha colega de sala, além de ter um cabelo castanho como chocolate ao leite, possuía também incríveis olhos expressivos de uma coloração impar, violetas como o daquela atriz, Elizabeth Taylor. Sua pele é clara como a neve, lábios rubros e uma voz inimaginável, parecia passarinhos cantado na aurora do dia.
- Luidge?! – gritou o professor chamando minha atenção. Logo parei de olhá-la e voltei aparentemente minhas atenções ao mestre. Minha mente estava deixando-se levar pelo sentimento de paixão de meu coração. É isso o que acontece depois e uma aula de literatura com um professor que se chamava exatamente paixão, o senhor Eros. Deu o sinal.
Summer me chamou para irmos até a próxima aula. Quando estava para sair da sala, num passo acelerado, a garota me agarrou e cutucou o peito do ensolarado.
- Deixa que eu o levo Summer, vai dar tudo certo! – gritou Coraline para meu irmão substituto.
- Mas... – ele tremeu em suas palavras – meu pai pediu que...
- Calma, vai dar tudo certo, prometo. Ele vai chegar a tempo. – Coraline conseguiu acalmá-lo e ele saiu pela porta correndo – ele é sempre assim... – concluiu ela.
Enquanto caminhávamos até a próxima sala de aula, íamos conversando. Sobre assuntos diversos, por exemplo: se eu estava gostando da família Watson, o que eu gostava de fazer nas horas vagas, se eu tinha namorada ou algum tipo de romance, se eu já havia visitado Londres alguma vez na vida e por ai vai...
- Está gostando de Londres?
- Estamos em Londres? – perguntei surpreso, pois pensei que era uma cidadezinha chique de interior que eu não recordava o nome.
- Pois é meu amigo estamos. Bem vindo a capital.
- Obrigado. – parecia um burro perto dela, acho que meu rosto dizia que eu estava envergonhado com a minha estupidez.
- Mudando de assunto... – propôs Coraline com um ar de duvida. – Como é morar com Summer?
Era isso então, a menina mais bonita da escola, até agora, gostava de meu companheiro de quarto que cheirava como um dia de verão. Não sabia o que dizer a ela, eu mal o conhecia.
- Eu só estou lá há dois dias e meio – a garota baixou a cabeça meio decepcionada – mas pelo que vi, ele é muito ansioso, agitado, um pouco curioso, emana simpatia...
- É lindo, forte, inteligente, tem um cabelo loiro muito especial – continuou ela euforicamente completando minha lista com diversas outras coisas aleatórias. Olhei perplexo pra ela tentando entender seus motivos – Desculpa. É que eu gosto dele já faz muito tempo. Desde que tínhamos apenas 10 anos. Eu faço de tudo e ele não percebe.
- Hum...
- Sei que você é novo e tudo mais, mas... – ela fez uma carinha tão gentil que não pude recusar a qualquer pergunta que ela faria naquele momento.
- Tá eu ajudo com o que você quer. - disse descaradamente e bem espontâneo querendo ajudar, fazer algo de bom para Summer afinal de contas. – vamos fazer o seguinte – comecei o plano – Hoje depois da aula você deve falar com ele sobre o que você sente, está bem?
Coraline demorou a responder, parecia que estava pensando em como falar isso a ele ou, pensando algo como: “nem pensar que vou fazer isso!”.
- O.k. Hoje mesmo eu falo com ele. Obrigada por me encorajar.
- Não há de que.
Fomos até a próxima sala de aula. Chegamos um pouco atrasados, mas ainda no horário certo. Summer nos olhou com uma cara de quem dizia “eu te disse, essa menina é encrenca”, mas nada muito preocupante.
Após as aulas, Summer me pegou pelo braço e começou a me arrastar para fora da escola; foi quando Coraline Krausterflies apareceu diante de Summer. A garota cutucou seu peito novamente.
- Onde você pensa que vai com tanta pressa, Watson? – disse cruzando os baços.
- Pra casa, onde mais? – Retrucou meu novo irmão.
- Não vai mesmo. – Afirmou a menina de olhos violeta – temos que conversar.
- Não pode ser amanhã? – propôs, com um olhar que dizia claramente: não tenho tempo pra você agora.
- Não. Tem que ser hoje.
- É que eu estou com Luidge, e...
- Ele pode esperar um pouco, não é Luidge? – interrompeu Coraline. Eu assenti devagar como se eu estivesse assustado com tudo aquilo, já sabia o que ia acontecer, só não sabia o resultado.
- O.K. Então... – concordou Summer – mas tem que ser rápido Flies. – era como um apelido carinhoso.
- Não vai demorar nem um minuto.
Coraline agarrou o braço dele e saíram andando até um lugar onde eu não podia escutar, mas podia ver, e como eu era de certa forma, bom de dedução, não era problema assisti-los.
Bom, ela colocou Summer contra uma coluna perto dos armários escolares. E começou a falar algo como uma história de muito, muito tempo atrás, como uma dissertação antes da pergunta ou declaração final a respeito de seu “True Love”. Summer estava fazendo uma cara de senta-que-lá-vem-história que me deixou muito entediado também, não sabia ao certo sobre o que ela falava, mas pela cara dele não era um assunto muito bom.
Coraline, logo que acabou de falar sua longa história de vida, virou-se de costas para Summer, estendeu as suas mãos pra trás e perguntou alguma coisa como “eu gosto de você” ou algo bem próximo dessa realidade. Ela permaneceu de costas para ele. Summer pegou nas mãos dela, abaixou-se até posicionar sua boca próxima à orelha da garota de cabelos castanhos e, falou algumas verdades. Ele a deixou ali e veio em minha direção. Sua expressão não estava como de costume, alegre e ansioso como eu o vira sempre (Apenas dois dias e meio); estava sério, parecia bem mais velho que de costume.
Ele passou por mim secamente e disse:
- Vem. Vamos perder o ônibus.
Assenti devagar e o segui sem muito esforço de minha parte. Entrei no transporte escolar e sentei-me do lado dele. Desta vez o ambiente não estava tão quente e abafado como antes, estava fresquinho e confortável. Olhei pela janela e vi que já estava anoitecendo.
Chegamos a casa. Jacoh estava sentado na sala de jantar ouvindo musica e aparentemente fazendo seu dever de casa, e claro nem me notou chagar. Olly sorriu pra mim enquanto eu subia as escadas para guardar meu material escolar no quarto e trocar de roupa. Summer fez o mesmo.
Ele jogou seu material ao lado de sua cama, sentou-se na beirada e começou a desabotoar sua camisa branca lentamente, cabisbaixo e meio triste. O garoto loiro suspirou pesadamente e eu senti uma vontade louca de tentar confortá-lo.
- Você está bem Summer? – perguntei tentando não parecer tão preocupado e sim rotineiro. Quando se pergunta as coisas sem muito interesse e sim por educação. Ele acabou de desabotoar a camisa, tirou-a devagar e seus músculos surgiram como um soco no meu olho. Coraline tinha razão ele era fortinho, diferente de mim que era um magricela sem muitos músculos acumulados. Ele olhou pela janela escura num olhar bem vago e me disse:
- Eu disse não. – Parecia que o Sol havia sumido da face da Terra naquele instante.
- Disse não para...? – rotineiro novamente.
- Deixa de ser tonto! Flies me contou tudo. – Summer desabafou de forma fervorosa e tranqüila. Fiquei surpreso, pois pensei que ia ficar fora da declaração de amor da garota.
- Desculpa... - abaixei minha cabeça e olhei para meu uniforme que estava dobrando e colocando sobre a cama. – hum... Não deveria me intrometer.
- Não. Tudo bem...
Esperei um pouco até a poeira abaixar. Coloquei meu uniforme no armário, tirei as meias e coloquei minhas havaianas que brilham no escuro, presente de mamãe. Passei desodorante, ficar cheiroso em casa também é bom, e não custa nada. Sentei em minha cama.
- Porque você recusou? – arrisquei perguntar. Ele demorou um instante para me responder. Vacilando entre olhar para a janela e tirar a calça do complexo uniforme.
- Eu gosto dela desde a primeira vez que a vi – confessou – mas não posso fazer nada...
- Qual é o problema? – tentei me intrometer. Ele voltou-se para mim e seus olhos por um instante, em vez de azuis profundos, brilharam numa coloração alaranjada cheio de sentimentos tristes pela escolha feita naquela hora do dia, parecia que ele carregava um fardo sobre suas costas.
- Não posso te dizer também, é muito pessoal. – disse ele diretamente pra mim e voltou a olhar a escuridão da noite pela janela. Eu não queria forçá-lo a dizer nada a respeito de sua drástica escolha, mesmo porque eu também tinha algo a esconder, pelo menos eu achava que era preciso. Peguei meu caderno na mochila, tinha um monte de coisa pra estudar apesar de ser o meu primeiro dia de aula, tinha que tirar o atraso.
Ao sair do quarto encostei a porta e lá estava Ollivia a me olhar. Estava começando a me irritar. Toda hora essa menina ficava atrás de mim e me dava um grande susto.
- O que foi agora Olly? – perguntei um pouco rude.
- Nada não...
- Fala Ollivia, o que você quer? – perguntei de uma forma mais suave dessa vez.
- Hum... – ela pensou, enrolou uma mecha dourada de seu cabelo em seu dedo, olhou pra mim e disse – quer pintar comigo?
- Seu irmão Jacoh não pode brincar com você? – perguntei de cara sem muita enrrolação.
- Ele ta ocupado. Papai e mamãe também e Summer está triste... Só sobrou você.
Ela fez aquela carinha triste de criança, igual ao que meu irmãozinho fazia e não pude resistir. Acho que os estudos teriam que esperar mais alguns dias.
- Está bem.
Ollivia soltou uma risadinha de alegria, pegou minha mão, me levou até a sala de T.V. e começamos a desenhar e pintar. Enquanto pintava Olly cantarolava uma melodia muito infantil e ao mesmo tempo gostosa de ouvir. Alegrei-me pintando com ela, era como um anjo em minha vida; dava-me paz e me enchia de alegria. Por um momento senti que não havia problemas ou dificuldades em minha vida. De repente comecei a sentir uma dor de cabeça não muito forte, mas que me incomodava.
- O senhor está bem? - perguntou a menina num tom bem preocupada.
- Estou sim. – menti, mas não era totalmente uma mentira, realmente estava bem, nada muito preocupante. – o que você fez ai Olly?
- Um castelo nas nuvens. – novamente a menina de cabelos dourados como o Sol riu, me deixando em paz – E você Lu? – também ganhei um apelido.
- Eu estou fazendo um cavalo de fogo.
- Nossa que lindo! – exclamou a menina. Eu realmente era muito bom em desenho também – faz um pra mim depois?!
- Faço sim. Faço tudo o que você desejar mocinha. – fiz cócegas nela e ela soltou uma gargalhada tipicamente de princesa, muito inocente.
Dez minutos depois, a dor de cabeça dobrou. Eu larguei o lápis no chão e massageei as têmporas devagar. A dor foi aumentando gradativamente, me deixando com muita tontura e ânsia, eu estava prestes a vomitar.
Soltei um gemido aterrorizante. Olly saiu correndo chamando os pais. A dor de cabeça continuou a latejar e massacrar meu cérebro, como se uma bomba tivesse explodido dentro do meu crânio e a população dela gritasse por socorro imediato. Eu fechei os olhos com força tentando esquecer a dor, mas ela crescia cada vez mais e mais, não sabia se ia aguentar por muito tempo. Lembrei-me de meu sonho e entrei em desespero. Coloquei a cabeça entre os joelhos e comecei a gemer. O senhor Watson desceu as escadas correndo.
- O que foi Luidge? Fala comigo! – exclamava. Eu respondia com gemidos fortes. Enrolei minhas mãos na cabeça apertando com força para ver se a dor se continha.
- Luidge! Filho! – a senhora Anna também estava lá perto de mim tentando me chamar de volta, mas a dor que eu sentia era tamanha que pude ver os lápis de cor da Ollivia rodarem a minha volta literalmente. Estava muito tonto e cheio de dor que não liguei para o que meu cérebro me fizesse perceber para tentar lutar contra essa força que emanava dentro de mim. As luzes começaram a piscar. Os móveis da sala de T.V. começaram a se afastar ou simplesmente tremerem. A pressão interna aumentava exponencialmente; eu não sabia se iria resistir por muito tempo. Talvez eu morresse ali mesmo. Comecei a pensar na minha família que estava longe de mim, pensei na dor que estava lhes causando, como eles ficariam quando soubessem que eu havia fugido e morrido. A dor me nocauteava aos poucos, e a cada pontada que massacrava meus neurônios, eu lentamente ia perdendo a consciência do que realmente estava acontecendo.
O senhor Watson me sacudiu. Pude ouvir Summer gritando meu nome e os olhos verdes de Jacoh na escada. A pequena Ollivia chorava no canto da sala.
Eu apaguei.

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The Twelve Ones Empty Re: The Twelve Ones

Mensagem  Albafica Triantaphylos Qua Jan 18, 2012 3:12 pm

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3. CONVERSA DE LOUCO

- Finalmente você acordou! – ouvi uma voz grossa, bem melodiosa e masculina, ecoar em meus ouvidos – Demorou, mas você conseguiu. – conclui que a voz parecia ser do Senhor Watson.
Abri meus olhos com um pouco de dificuldades, a claridade me incomodava um pouco. Notei que não era só ele que estava no recinto, mas também a senhora Anna, Summer, por incrível que pareça Jacoh, e Olly. Eu estava no quarto de casa mesmo. Eu nem sabia como eu havia parado ali, só lembro-me de estar pintando com minha pequenina na sala. O café da manhã estava ao meu lado: uma bandeja com torradas cheias de geleia de morango e manteiga derretida, um copo grande de suco de laranja, cereal com leite, e outras coisas, como bolo e frutas.
- Se sente bem querido? – disse minha nova mãe como se eu ainda estivesse prestes a sucumbir de dor de cabeça novamente. O peso preocupado de sua voz fez meu coração titubear com uma leve saudade de minha mãe biológica. Assenti suavemente, mas ao mesmo tempo confiante para lhe assegurar que eu realmente estava passando bem. Anna me vez uma caricia no rosto, um beijo no alto de minha testa e ficou admirando o mais profundo de meus olhos. Naquele momento eu me senti totalmente amado e acolhido. Da mesma forma que a galinha abrange seus pintinhos debaixo de suas asas, a senhora Watson fazia comigo e com certeza fazia com seus filhos originais.
- Vem querida, vamos deixá-lo descansar mais um pouco. Summer você vai ficar com ele hoje e o resto de vocês vai para escola, certo?
O senhor e a senhora Watson saíram do quarto chamando a pequena Ollivia junto. Ela, a menininha de cabelos dourados, me deu um tchauzinho simpático somado a um sorriso caloroso, que automaticamente fez meu dia brilhar, como sempre fazia apesar do pouco tempo de convívio, e foi-se com seus pais. Jacoh me olhou de canto, fez um sinal de positivo e também se foi. Ficou eu, meu magnífico café da manhã e meu amigo e irmão Summer, o caloroso.
Comecei a comer um pedaço de bolo mármore tipicamente inglês, estava uma delícia. Summer me olhava, com seus olhos intensamente azuis e analisava-me com um quê de “como-ele-sobreviveu”. Eu achei muito estranho. Mordisquei mais um pedaço de bolo. Mastiguei tranquilo e sossegado, tomando em seguida um gole de suco. Por fim acabei lhe perguntando cara de poucos amigos:
- O que foi?
- Hum... Nada não... – respondeu-me com um ar de quero muito lhe perguntar algo, mas não sei se realmente importa. Finalmente ele semicerrou os olhos, fitou-me profundamente, me deixando encabulado - Você não se lembra de nada? – perguntou o ensolarado.
Juntei os lábios com meia força, fiz um bico de lado com um combo de olhos expressando duvida e tentando meio que se lembrar de alguma coisa das ultimas horas ou dias – Não me lembro de nada não... – dei uma pausa breve – Hum... Fiquei dormindo por...?
- Ah! – interrompeu-me alegre, balançando as mãos– de ontem pra hoje. Não foi muito tempo...
Ele parecia que ia continuar, mas parou no processo. Também não iria adiantar nada me perguntar alguma coisa já que eu não se lembrava de nada mesmo. Olhei para o criado mudo que estava ali do lado da cama onde eu estava deitado, e lá se encontrava um pedaço de papel todo pintado. Peguei-o e vi que era um dos vários desenhos que Olly estava pintando. Nele havia um homenzinho no centro e umas coisas flutuando em volta, não sabia que a princesinha gostasse de desenhar coisas assim, geralmente meninas gostam de pintar casinhas e a família, coisas desse tipo.
- Me deixa ver? – perguntou Summer estendendo a mão para pegar o desenho de mim. Entreguei-o. Ele analisou limpando a garganta num tempo suficiente de eu dar um outro gole no suco de laranja. – Sabe Luidge... – continuou ele meio vago nas idéias deixando o desenho de lado – estive pensando comigo mesmo... – ele olhou para de baixo da cama como se evitasse me olhar diretamente, ele deu uma corada de leve e voltou a falar algo – Acho que seria bom se nós, hum... Como posso dizer... Aprofundássemos nossa relação. - Fiz uma careta um tanto indiscreta pra ele. A proposta dele soara um pouco estranha demais para meu gosto, foi quase um pedido de namoro. Creio que ele percebeu o sentido em que eu tinha entendido e tentou reformular a proposta. - Me deixa explicar direito... – começou – já que seremos irmãos durante sei lá quanto tempo. Creio que seria bom se nossa amizade ganhasse força. Só isso. O que me diz?
Peguei uma torrada embebida em geléia e manteiga e dei uma dentada. Assenti com a cabeça de leve. Já que ele queria ser meu amigo, e agora eu estava entendendo o que ele queria com aquela proposta indecente, pesquisei algo fácil de iniciar nossa intimidade, nossa irmandade:
- Eu gosto de verde. – afirmei. Summer entendeu o que eu fizera e um sorriso caloroso brotou de seus lábios. Senti-me como se amanhecesse, como se um clarão da alva me acertasse calorosamente.
- Eu prefiro laranja e não gosto muito de ler. – participou.
- Gosto muito de ler o que é de meu interessante. Principalmente se for temas relacionados à mitologia grega, ou contos de ficção científica... Ou até lendas urbanas...
- Eu gosto de mitos também– corrigiu-se – Principalmente sobre os poderosos Titãs.
- Também gosto deles – encorajei. Estávamos achando nossos interesses em comum, e isso era bom – Você sabe o nome de todos? – perguntei algo que eu sabia, pois havia estudado aparte por curiosidade.
- Só sei Cronos, Rheia, Oceano e Hyperion. – Summer fez uma carinha de decepcionado.
- Hum... São doze na verdade. Cada um extremamente poderoso, logo que os Titãs representam a força bruta da natureza.
O garoto olhou-me como se estivesse realmente prestando muita atenção; já o vira assim e posso afirmar que ele estava muito mais concentrado em minhas palavras sobre os Titãs do que na aula de História. Eu ri em pensamento, meus olhos se iluminaram. Revirei os olhos, dei de ombros e pesquisei outro assunto.
- E ai, me conta como é ser o filho mais velho?
- Não é lá grande coisa... – respondeu ele dando de ombros e desabando em sua cama – conta mais sobre os Titãs. Fiquei curioso.
Mitologia grega não era lá muito divertida de se falar, principalmente com Summer que era todo atlético e inteligente. Sempre achei que caras do tipo dele só se interessavam por esportes, festas, coisas idiotas e sexo.
- É sério mesmo? – perguntei boquiaberto, eu realmente estava espantado.
- É. Continua. – insistiu.
- O.k. – dei mais um gole no maravilhoso suco de laranja e peguei um bolo para me acompanhar na jornada de vida dos Titãs. Meu irmão sentou-se na cama, e fitou-me com bastante atenção. - É o seguinte: os Titãs são filhos do Céu com a Terra, ou seja, gigantes dotados de ilimitado poder. – Summer assentiu com a cabeça, me dizendo que estava me acompanhando. – Eles, os Titãs, lutaram contra seu pai Uranos para livra a mãe Terra, Gaia da escravidão sexual que ele havia estabelecido...
- Agora você pegou pesado não foi? – disse-me o garoto ensolarado perplexo com o que eu acabara de dizer.
- O que foi que eu disse?
- “Escravidão sexual” – ele fez uma imitação tosca de minha voz – Essa parte você inventou, confessa!
- O.k. eu gosto de ver as coisas de um angulo diferente só isso, mas não mudei o conto por causa disso. – defendi minha posição. Summer balançou a cabeça dizendo-me que continuasse. – Hum... Se você não me interromper.
- Está bem, eu não falo mais nada.
- Continuando. Cronos cortou o pênis de seu pai e o atirou pra bem longe e separou o céu da Terra. Neste momento Urano amaldiçoou Cronos dizendo que o filho dele iria destroná-lo. – respirei um pouco para pensar. Summer olhava para parede enquanto sua cabeça pousava em seus braços cruzados e seus pés balançavam. Continuei – Ai, Cronos casou-se com sua irmã Rheia. Porem ele ficou com tanto medo da profecia que comeu todos os filhos que teve com sua esposa menos um que foi Zeus, esse o destronou e tornou-se rei dos deuses e deu inicio a “titanomaquia” a guerra entre Titãs e deuses olimpianos. Fim.
Summer olhou pra mim com seus olhos azuis, e notei que eles eram tingidos de pigmentos alaranjados. Eles me olhavam profundamente querendo mais de minhas informações, desejando que eu lhes contasse algo realmente importante que eu não dissera ainda. Eu particularmente já havia dito tudo, ou melhor, eu falei tudo por cima, bem resumidamente. Tentei vasculhar minha mente para ver se havia realmente algo que faltava, mas nada achei. Summer levantou-se despreocupadamente, espreguiçou-se levantando os braços para o ar e repousando-os atrás de sua cabeça.
- Hum... Você não me disse os nomes deles ainda... - Era algo que eu havia esquecido! Como pude esquecer algo tão simples.
- Ixi! Esqueci! Desculpa! – disse numa careta.
- Tudo bem, ainda não acabou o dia, temos a manhã toda e a tarde, talvez noite.
- Pois é né... – suspirei – então, como prometi, o nome dos doze Titãs são... – tomei um gole de chá de menta com chocolate, uma delicia por sinal – Cronos, Hyperion, Iapetus, Koios, Crios, Oceano, Rheia, Theia, Mnemosyne, Phoibe, Themis e Tethys.
Summer me olhou com uma cara maravilhada com minha lista de nomes fantásticos dos Titãs e Titânides que ele não conhecia.
- E... – começou a comentar – Eles representam quais forças brutas da natureza? - Pensei que íamos falar sobre outra coisa agora. Já havia falado tudo o que realmente era importante, mas o ensolarado sempre queria mais e obviamente eu tinha em minhas mãos as respostas que ele queria, logo, eu respondi.
- Cronos o senhor do tempo, sua esposa Rheia a maternidade pura. Hyperion é aquele que tem o poder de determinar os dias, ele é o Sol primitivo, o crepúsculo, o horizonte e sua esposa Theia o vasto céu azul. – Summer boquiaberto pelas informações que eu lhe dava pedia por mais em suas intenções – Oceano representa às poderosas correntes marinhas dos oceanos e sua esposa irmã, Tethys, a cura e a fertilidade aquática. Koios é a pura inteligência, sabedoria e é o pilar do paraíso e sua mulher Phoibe representa brilhantes idéias além de ser o oráculo dos Titãs. Crios representa as forças da liderança e tem o poder de formar ou destruir constelações. O Titã estelar, Iapetus é a mortalidade, a destruição de toda raça humana. Mnemosyne tem o poder de armazenar memórias e recordações, tanto de pessoas como de civilizações inteiras e por ultimo, mas não menos importante Themis, a justiça plena e sem rococós.
Summer admirado soltou um suspiro que claramente dizia: Você é muito bom nesse negócio de mitologia. O Sol iluminava o quarto e o garoto a minha frente resplandecia como Apolo. Coraline tinha razão, não queria admitir, mas meu irmão é muito bonito mesmo. Tomei mais um gole de chá e saboreei mais uma torrada. O quarto estava muito claro. As janelas escancaradas deixavam uma corrente de ar ventilar o quarto, e a brisa estava muito boa, gélida e refrescante. Balançava meus pés com alegria debaixo do edredom que me cobria, só tomando cuidado para não derrubar a bandeja cheia de coisas do meu café da manhã digno da realeza.
Summer se levantou de sua cama, e saltou para a beirada da cama onde eu estava. Ele sentou no chão e me observava de baixo pra cima. Achei muito estranho, mas não dei bola. O garoto coçou o alto de sua cabeleira loira e balbuciou:
- Deixa eu te perguntar... – disse ele especulando coisas. Olhei-o e aguardei ansioso – E, se os deuses realmente existissem?
- Isso foi uma pergunta? – não tinha cara de pergunta, parecia mais uma afirmação doida sobre o assunto fantástico mitológico, uma loucura só.
- É. Isso foi uma pergunta. – respondeu o ensolarado com os olhos semicerrados.
- Hum... Sei lá. Creio que ia ser muito legal. E você o que acha de tudo isso?
- Também acharia muito bom se realmente existissem.
- Mais alguma coisa? – Ele estava com uma carinha de que queria acrescentar mais alguma coisa naquele papo louco que estávamos tendo.
- E se... – começou – os deuses fossem... Tipo uma espécie de pessoas com poderes, como os X-man?
- Nossa que loucura. Você acha mesmo?!
- Não sei. Quero sua opinião.
Summer era muito doido mesmo, olha o que ele me perguntou. Cocei a cabeça, o queixo, pisquei desengonçadamente revirei os olhos e ele lá, esperando que eu o respondesse. Eu não era muito bom em responder perguntas espontaneamente em sentido algum. Eu sabia que talvez houvesse uma possibilidade remota, mas não valia apena entrar em detalhes daquilo que eu acho ou não. Porem, eu arisquei e falei para ele algo muito importante. Algo de minha intimidade e possível relação com a minha inesperada fuga de casa, ou melhor, com o adiantamento da minha viagem de intercambio.
- É o seguinte, não quero que você fale para ninguém o.k.?! - Summer assentiu e se aproximou de mim, se arrastando pra ficar bem de frente a mim, ali ao pé da cama– É o seguinte, aquela dor de cabeça que eu tive ontem; já tive antes, mas foi um pouco diferente. Da outra vez que fiquei assim, eu escutei vozes, como se todo o planeta estivesse conectado a mim. Ai eu entrei em coma por um mês. Meus pais ficaram abalados e temeram por minha segurança. Acho que eu sou um pouco diferente do considerável ser humano e, sim, eu acharia maravilhoso se os deuses fossem anomalias genéticas como os mutantes do X-man.
Meu irmão estava me olhando seriamente e por um minuto eu achei que ele acreditasse em mim. Ele colocou a mão na boca e explodiu em gargalhada. Fiquei furioso.
- Como você é sem graça né! Nunca mais te conto nada.
Vê se pode um retardado rindo de mim. Ele que começou com o papo de deuses e mutantes, como se houvesse uma ligação muito próxima. Eu me abro com ele sobre minhas experiências e ele cai em gargalhada. “Nunca mais!” pensei comigo finalizando meu glorioso e longo café da manhã.
- Perdão. Não aguentei. Só perguntei por perguntar! - desculpou-se e continuou a rir. Realmente ele era um retardado.
- Você poderia ter ido pra escola e me deixado em paz, seu cretino! – disse fazendo charminho e cara de ofendido.
- Como você é mal.
Ficamos sérios por um instante, mas não consegui permanecer bravo com Summer e começamos a rir novamente. Era muito fácil me divertir com ele apesar de tudo. Enquanto Olly parecia meu irmãozinho, Summer lembrava minha irmã mais velha. Apesar de ela ser muitos anos mais velha, sempre me faz rir de qualquer coisa, mesmo quando ela me deixa muito irritado, ela consegue extrair de mim uma risada sincera. Fiquei com saudades naquele momento, mas não me deixei abater.
Pedi pra ele levar minha bandeja pra baixo. Assim que ele saiu, me espreguicei, dei um longo bocejo. Aproveitei pra ir ao banheiro, realizar o rito das manhãs: Escovar os dentes, usar o vaso sanitário, eu precisava urgente urinar, mas enfim. Voltei ao quarto e meu novo irmão estava lá deitado em sua cama, todo folgado. Joguei um travesseiro nele e deitei-me novamente.
Nós falamos horas a fio sobre diversas coisas, como por exemplo: Garotas. Descobri que alem dele ter uma paixão por Flies, ele gostava de garotas de olhos exóticos e de preferência com cabelos da cor dos de sua mãe, achocolatados. Perguntei sobre seus olhos e ele me explicou que ele muda de azul para laranja na claridade ou quando estão cheios de água, achei muito legal. Ele pratica esportes só porque seu pai gosta. Perguntei também sobre Jacoh e ele me disse que desde pequeno ele é assim fechado e com cara de poucos amigos. Ele também acrescentou que quando eram mais novos, eles viviam viajando pelo país; só agora que sossegaram. Conversa vai, conversa vem sobre um aleatório de assuntos que pareciam infinitos.
Era quase meio dia e o Sol começou a ficar mais forte e o quarto bem mais quente, e o cheiro de praia e protetor solar voltaram a dominar o quarto. Nunca tinha ficado no quarto ao meio dia, e descobri que não ficaria mais, era insuportável. Sempre voltava da escola quando o Sol já estava indo embora, logo não tinha como saber que o quarto parecia o inferno na terra. Levantei-me e fui ao banheiro novamente. Estava muito apertado, depois de tanto suco de laranja e chá já era de se esperar que minha bexiga ficasse cheia pela segunda vez.
Fui até o banheiro, esvaziei-me da urina que meus rins criaram e o som dela ao chegar à água do vazo sanitário me fez relaxar um pouco. Aproveitei que estava no banheiro e resolvi tomar um banho para refrescar, o quarto estava muito quente. Tirei minha roupa e a coloquei de canto, junto com as roupas sujas. Abri o Box, alias o banheiro era muito grande comparado com o da minha casa. Abri o registro do chuveiro e deixei a água morna lavar-me. Enquanto era massageado pelas gordas e repetidas gotas de água, refletia sobre minha própria vida, e sobre o que Summer havia comentado, sobre deuses serem mutantes... Era duro de encarar, mas eu tinha de certa forma poderes especiais pelo menos é por isso que eu fugi de casa. Fugi para a proteção de minha família. Tinha certeza do que eu era: um esquisitão completo e não iria por minha amada família nesse jogo. Peguei o sabonete, levei-o ao meu nariz e senti o aroma de chocolate vindo dele, era muito gostoso. Ensaboei-me devagar, lavando cada parte de meu corpo. Passei xampu nos meus cabelos, enxagüei e, deixei com que a água continuasse a cair por meu corpo por uns bons dez minutos. Desliguei o chuveiro lentamente. Logo senti a fumaça me cobrir e o ar quente me envolver. Peguei minha toalha e sequei-me dentro do box. Olhei no espelho, penteei o cabelo úmido, enrolei-me na toalha e sai do banheiro. A fumaça morna escapou junto comigo. Fui depressa para o quarto, pois não queria que a menina me visse de tolha, seria embaraçante tanto para mim quanto para ela, mas lembrei de que ela havia ido para a escola, logo esse acidente não aconteceria. Ao chegar a meu quarto, senti uma onda forte de calor secar meu corpo. Minha toalha caiu e fiquei nu perante todo aquele mormaço que reinava. Percebi que Summer não estava em sua cama. Não dei muita atenção. Fui até a janela a fim de fechá-la, eu estava nu no quarto e não queria que algum vizinho bisbilhoteiro me visse dando sopa; o Sol estava muito quente. Vesti minha cueca preferida, uma vermelha, não sei se um cara pode ter uma cueca preferida, bom, eu tenho. Vesti um short preto, e uma camiseta branca, ótima para dissipar calor. Passei desodorante, daqueles aerossóis. Desci as escadas. Não achei meu irmão na sala e nem na cozinha. Minha nova mãe estava lá e Jacoh também. Ele tava tomando um suco, parecia uva, e Anna estava começando o almoço.
- já levantou? – disse mamãe – Ainda é cedo. Você já está melhor?
Balancei a cabeça positivamente.
- Hã...?! – me dirigindo à Jacoh - Você viu Summer?
Jacoh olhou pra mim com uma cara de não-fala-comigo, virou o suco goela abaixo e subiu para seu quarto.
- Eu pedi para ele ir ao mercado – disse-me Anna
- pensei que era pra ele ficar comigo – comecei – eu nem ia sair do quarto hoje, mas está muito quente, aqui em baixo é mais fresquinho.
Minha nova mãe balançou a cabeça positivamente enquanto cortava cenouras para uma salada.
- Daqui a pouco ele está de volta, não se preocupe querido.
- Tudo bem. Vou procura a Olly.
- Ela está na escola – ela olhou pra mim com uma cara de dó – vê um pouco de TV, aposto que lá no Brasil você assistia pra distração.
Assenti e aceitei o conselho. Fui pelo corredor até a sala de TV, onde havia sido o ocorrido. Era do que eu me lembrava; de uma dor de cabeça na sala de TV. Acomodei-me no sofá, ou seja, deitei-me e liguei o televisor. Coloquei num canal de cultura, exemplo: Discovery Channel e deixei-me guiar pela programação que passava. Acabei adormecendo.
Tive um sonho muito louco. Começou comigo no meio da cidade. Desta vez eu não estava sozinho havia um garoto ensolarado, não dava pra ver seu rosto, ele literalmente estava em chamas, e passava muito bem abrigado. Comecei a sentir novamente uma dor de cabeça, mas logo percebi que o Sol pairava mim e a futura dor que eu iria sentir em meu sonho repetido de certa forma se foi, pois eu estava tão distraído com o poder do Sol que me esqueci dela e das vozes de fundo. Olhei bem para aquele astro e percebi que o garoto de fogo estava no meio dele, e ele sorria. Estendeu-me a mão e eu acordei.
Summer estava me cutucando com suas mãos quentes quando despertei no sofá.
- Luidge! Vamos logo. O almoço está pronto! – dizia ele enquanto eu acordava. Dei um gemido, espreguicei e tentei falar alguma coisa que fazia sentido:
- Te procurei a manhã toda... Onde você estava?
Ele revirou os olhos e me respondeu - Eu tava no mercado comprando algumas coisas, agora levanta, você dormiu demais!- Levantei-me com ajuda de Summer.
Ao chegarmos à cozinha, admirei uma mesa farta de comida. Havia um frango suculento bem no centro da mesa, decorado com alfaces, rodelas de tomate e cerejas, e tudo estava regado com uma calda especial. Havia uma salada de uvas verdes com presunto e maionese, parecia muito apetitosa. As cenouras que pensei que virariam salada tornaram-se um gigantesco suflê laranja. Os pratos estavam dispostos ao redor da enorme mesa retangular. Ollivia, que havia chego da escola, estava sorrindo pra mim e apontando para a cadeira ao lado dela. Fui e sentei-me onde ela pediu. O cheiro estava delicioso. À minha frente estava Jacoh com seu olhar enigmático cheios de mistério e indiferença. Ele de repente estava olhando para mim. Senti um calafrio e desviei os olhos rapidamente. Summer sentou-se ao lado dele. A senhora Watson estava na ponta entre mim e Jacoh. O senhor Watson na outra ponta. Oramos e degustamos do banquete.

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Mensagem  Convidad Qua Fev 01, 2012 8:12 am

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Mensagem  Albafica Triantaphylos Sex Fev 03, 2012 12:49 am

The Twelve Ones Ambar-girly
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4. OLLIVIA WATSON

Uma semana se passou depois do ocorrido que causou pânico em meus novos familiares. Não era pra tanto, digamos que eu quase morri.
Logo pela manhã, fui direto ao banheiro me arrumar para as atividades escolares. Desci as escadas e meus irmãos já estavam tomando o café da manhã. Minha mãe estava sempre com um belo sorriso no rosto; mesmo fazendo ovos, ela era impecável em simpatia e alegria. Meu novo pai estava em sua poltrona preferida lendo seu jornal matinal, enquanto tomava uma xícara de chá. O cheiro era inconfundível, erva cidreira, o preferido dele. Jacoh já havia levado minha nova irmãzinha para a escola.
O ônibus chegou sem atraso, como sempre. Tivemos nossas aulas rotineiras como sempre. O professor Sweetlovie estava atraente como sempre, até mesmo os garotos da sala olhavam-no com olhos famintos e desejosos, dei graças ao bom Deus que eu não era o único. Flies, a namoradinha secreta de Summer, continuava triste pela bota que havia levado, mas não perdeu a esperança, foi o que ela me disse num dos intervalos de aula.
Assim que voltamos para casa, no final do dia, Ollivia quis que eu ficasse com ela depois do jantar, ou seja, até o horário dela ir para cama. Eu não resisti e cedi aos seus encantos de criança. A menininha arrastou-me até seu quarto, eu nunca havia entrado antes. As paredes eram de um tom rosado, tipicamente feminino, e todas as quatro paredes tinham texturas circulares. Ao longo da janela se estendia uma cortina rosa intenso, cheia de babadinho em branco. A cama dela dava duas da minha, era enorme, e o colchão incrivelmente fofo. Havia prateleiras cheias de ursinhos e bonecas. Um armário embutido no canto direito do quarto e uma mesa de chá no centro dele. O chão era coberto de um carpete creme, igual o sorvete.
- Vem Lu! Não fica parado. - disse a angelical menina. Avancei para explorar o resto das particularidades de seu majestoso quarto. No canto rente a porta, existia uma gigantesca caixa de brinquedos e montanhas de lápis de cor. As paredes desse canto eram totalmente decoradas com desenhos de Olly. Olhei-os atentamente e vi meu desenho entre os dela, sorri com os lábios. Olly agarrou minha mão e guiou-me até a mesa de chá, enquanto exclamava:
- Gostou do meu quarto?
- Gostei.
- Vamos desenhar de novo? – balanceia cabeça positivamente, meu passatempo preferido era passar a tarde toda desenhando. Olivia encheu-se de alegria e foi correndo pegar os lápis e os papéis.
A pequena menina, quando fazia cara de quem estava muito ocupada, parecia muito com seu pai: séria, concentrada em cada traço, fiscalizando-se para não errar. A luz do crepuscular do dia enchia o quarto de uma luz dourada, que refletia nos cabelos de Ollivia de um jeito tal que fazia a garota se transformar num anjo, totalmente iluminada pela luz. Enquanto desenhávamos, Olly espiava meu desenho, justamente para copiá-lo; eu não ligava muito para isso, o meu ia ficar muito melhor mesmo, mas eu ia mentir e dizer que o dela ficou mil vezes melhor, sempre o fiz com meu irmãozinho.
Ficamos em silencio durante uns vinte minutos. Felizmente eu quebrei o silencio e perguntei a garota:
- O que você está desenhando?
- Um cavalo correndo num campo de morango.
- Nossa! – exclamei, quanta imaginação ela tinha. O meu era só um cavalo trotando pela colina, mas o desenho dela era super de menininha, meigo e complexo, além de criativo. – Ta ficando muito bom Olly. Parabéns. – incentivei-a. a garota riu-se como sininhos ao vento e voltou suas atenções para sua obra de arte. Eu ainda não tinha acabado de conversar com ela.- Me conta Ollivia... Qual irmão você mais gosta? - Olly olhou para mim e respondeu sem enrrolação
- Você. – Dei uma gargalhada alta e disse que eu não contava como um dos irmãos, e não contava mesmo, eu era visita, um irmão temporário na vida dela.. Ela fez um beiçinho, e começou a pensar. Enquanto deliberava qual dos irmãos era seu preferido, a garotinha dos cabelos de ouro coloria seu desenho. Olly pintava os morangos com um lápis de cor vermelho. Sua mão segurava, ou melhor, envolvia o lápis colorido, de forma que ficasse seguro e firme para a pintura; com seus movimentos de vai e vem, rapidamente pintava as frutinhas de vermelho. A pintura não ficou lá grandes coisas, mas dava para ver que as crianças de sua idade não bateriam aquela pintura. - Jacoh. – disse a menina subitamente no meio de sua pintura. Ergui as sobrancelhas surpreso; pois esperava que ela dissesse Summer. Fiz uma cara muito de bobo e, lhe perguntei o porquê da escolha.
- Nossa! Pensei que você ia dizer Summer! – Ela me olhou de canto e voltou sua atenção ao papel. – Me conta o motivo dele ser seu preferido depois de mim? – dei um sorriso de convencido. Olly ainda desenhando respondeu com firmeza e determinação.
- Ele é legal.
- Esse é o motivo? Ele é legal? – insisti.
- É. Ele é legal.
- Deve ter algo mais do que só legal? – a menina dos cabelos dourados deixou de colorir seu lindo e precioso desenho e, me encarou com um olhar de criança querendo defender seus ideais ou algo assim. Naquele momento eu realmente senti um arrepio subir pela minha espinha. A tranqüilidade que outrora era passada por ela, sumira de repente e me vi diante de outra criança; uma Ollivia nunca vista antes.
- Olha senhor Luidge... – sua voz subiu um tom e meio e parecia um pouco exaltada. Ela voltou a me chamar de senhor Luidge; isso não era um bom sinal. – Meu irmão Jacoh é muito bom comigo. – Comigo ele não era nem um pouco, pensei comigo mesmo. Tentei responder, mas não consegui, e seria rude de minha parte. A pressão que sentia era tamanha que só pude continuar ouvindo. – Quando eu estou com ele, muitas coisas legais acontecem.
Depois de seu “longo” discurso sobre como ela se sentia com Jacoh, a força que me deixava arrepiado se foi e pude falar.
- Perdão Ollivia, não queria ser grosso com você. – disse de coração. Olly continuou olhando para mim com os olhos cheios de lagrimas e fez um beicinho tremulo. A menina angelical começou a chorar torrencialmente e eu, novamente, não sabia o motivo. – O que foi agora Olly? Foi alguma coisa que eu disse? – estava realmente desesperado. A menina começou a chorar do nada. Era realmente uma coisa inacreditável, apesar de ela ter lá seus oito anos. As grandes gotas de água salgada de seus olhos encharcavam seu lindo desenho. Tentei acalmá-la de outro jeito. Sentei-me ao lado dela. Abracei-a, como um pai ou um parente próximo. Creio que talvez como um irmão. Acariciei seu cabelo comprido e dourado como a luz do Sol e, massageei suas costas com tapinhas leves. Para finalizar cantarolei a canção de ninar tema do filme “O Labirinto do Fauno”. Sempre dava certo com meu irmão, não custava tentar com Olly.
Um minuto depois, Ollivia havia se acalmado, sua respiração e seu choro frenético tornou-se escasso. Ela me abraçou. Um abraço apertado e caloroso. Senti paz e uma extrema calma me encher por completo.
- Te amo Lu... – Olly realmente era muito boa com palavras, apesar de poucas. Dava para sentir exatamente o que ela sentia; como se nós fossemos uma pessoa só e, posso afirmar que o amor que ela expressava não era romântico; era fraternal, como se nós fossemos realmente ligados por sangue. Comecei a chorar juntamente com ela. Uma tortura, pois eu realmente gosto de guardar o que sinto para mim, mas guando a caixa de pandora era aberta, não havia ninguém que podia parar-me. Não era um choro desenfreado, era mais como... Meus olhos umedeceram.
Olly olhou para mim. Seu rosto estava vermelho de tanto chorar e seus olhos tornaram-se amarelos, pois suas lagrimas lavaram seus olhos avivando sua coloração natural.
- Não chora Lu... – instantaneamente Olly começou a cantarolar a canção de ninar que eu cantara agora a pouco. Realmente dava certo. Tranqüilizei-me e dei um abraço apertado em minha irmãzinha.
- Ai, ai... – suspirei – Você aprende rápido mesmo né?! Estou muito surpreso. – Olly riu e eu a enchi de cócegas. Sua risada era mágica, muito contagiante. Recompomos-nos e voltamos a desenhar. Infelizmente o desenho da angelical estava todo molhado. Porem eu, como bom irmão, dei o meu para ela. Dessa vez ela continuou meu desenho e tentou me desenhar encima do cavalo. Não ficou bom, mas admito que minha caricatura ficara muito divertida.
Eu ainda estava querendo saber por que ela havia chorado daquele jeito e atrevi-me a lhe perguntar, mesmo sendo loucura.
- Então amor – só mais um novo apelido – porque você entrou em prantos? - Ollivia me olhou com uma carinha de dúvida.
- O que é prantos? – havia esquecido que ela só tinha oito anos, não era letrada.
- Prantos é a mesma coisa que chorar muito – finalmente ela entendeu, mas não me respondeu de imediato. Ficamos um bom tempo em silencio. Nesse tempo, dava para escutar o som do grafite colorido lixar a folha de papel, para tornar o desenho em cores. A brisa da noite entrava pelo seu quarto. Estava ficando gelado. Levantei-me e fui fechar as janelas, antes que a menina ficasse doente.
Voltei devagar até a mesinha onde estávamos desenhando, só para garantir que ela terminasse de pensar para me responder. Sentei-me do seu lado novamente, pegando outra folha de papel branco e recomecei meu desenho. Peguei um lápis 2B e comecei a rascunhar.
Meu lápis dançava sobre a folha branca, tornando os brutos traços em forma humana; um corpo suave e cheio de curvas, um corpo feminino. Adorava desenhar animais e mulheres, coisas que eu gosto. Ollivia deu uma suspirada profunda.
- Você está com fome? – já fazia um bom tempo que estávamos ali, não custava perguntar.
- Um pouquinho...
- Hum... Quer que eu busque uns cookies com leite? – a menina que cheirava flores teve seu rosto reluzido e rapidamente assentiu – já volto! Vou buscar um montão! – Olly riu-se.
Saí correndo do quarto, desci como nunca as escadas e cheguei ofegante à cozinha. Jacoh estava lá. Entrei quieto para não o assustar, mas não teve outro jeito. O garoto semi-gótico fez a mesma expressão de sempre, como se eu o enojasse, e foi embora. Eu realmente não sabia como uma menina, ou melhor, como uma família tão simpática e cheia de amor poderia ter um filho igual ao Jacoh, era realmente impressionante. Eu me mordia de raiva para não falar alguma coisa que não devia. Ele realmente era insuportável e merecia um choque de realidade.
Bom, fora o encontro desastroso com o menino que não gostava de mim, deu tudo certo: peguei os cookies e um copo de leite grande. Subi as escadas da mesma forma que desci.
Ollivia estava linda desenhando, em japonês existe uma gíria para coisas fofinhas ou sexy tradicional como no caso de empregadas, princesas, coisas com orelhinha, entre outros assuntos. Ollivia era fofinha logo, moe, a tal gíria. Eu sabia disso porque eu tinha um quarto irmão, quase da minha idade e que gosta muito de coisas vindas do Japão.
A garotinha sentiu o cheiro das gotas de chocolate, do leite e voltou-se direto para mim, ou, para a bandeja. Coloquei do lado dela e diretamente sua mãozinha pegou dois ou três cookies; fiquei admirado de ver como ela realmente gostava daqueles biscoitinhos. Enquanto os devorava alegremente, ousei em lhe perguntar, ou relembrar a pergunta.
- Então Ollivia, por que você chorou? - Minha irmãzinha fungou.
- É que... – interrompeu-se – O coração dele é bom e gosto da sombra dele.
- Como?! – como assim o coração dele é bom? E essa história e sombra?
- Eu já disse! – Ollivia estava carrancuda novamente, era o sinal para parar e curtir o resto da noite.
Bom, mais duvidas surgiram. Duvida numero um: Jacoh me odiava e eu não sabia o motivo; duvida numero dois: Ollivia, por incrível que pareça, era uma doida em achar cegamente seu irmão gótico bom e essa de sombra?; duvida numero três: Summer não pode namorar sua amiga, por motivos que eu não sei. As únicas certezas eram: Meus pais adotivos eram legais e cheios de amor.
Ollivia já bocejava e coçava os olhos quando paramos de desenhar. Coloquei-a na cama e cantei-lhe a canção de ninar do filme. Meu anjo rapidamente dormiu. Fiz um carinho rápido e lhe dei um beijo na bochecha; sua pele era quentinha e cheirosa. Antes de sair, ascendi à luz do abajur.
Ao sair do quarto rosado de Ollivia, acabei trombando com alguém que carregava um liquido quente.
- RETARDADO! – praguejava Jacoh – Olha por onde anda!
- Desculpa...
- NÃO HÁ PERDÃO! Por que você não volta pra sua terrinha?! – ele parecia muito exaltado, mas não podia responder a altura.
- Eu não posso agora, tenho que aprimorar meu inglês... – foi o que consegui retrucar
- IDIOTA! Agora vou ter que fazer outro chá!
- Eu te ajudo. - me ofereci
- Eu sei fazer sozinho, não preciso da ajuda de suas mãos sujas. – era a primeira vez que vira Jacoh falar tanto e com muita fúria em cada palavra. Nesse momento Summer abriu a aporta do quarto.
- Jacoh para com isso! – advertiu Summer
- EU NÃO VOU PARAR!
- Está tudo bem Summer – eu disse
Enquanto eles continuavam a trocar insultos, um em minha defesa e outro contra mim em todos os sentidos. Ouvi passos subindo as escadas. Subitamente o senhor Watson surgiu.
- Chega! – disse calmamente
- É culpa dele! – Jacoh apontou pra mim
- Eu não quero mais saber. Se vocês não pararem com isso. Vou colocá-lo no seu quarto. – Jacoh pareceu horrorizado e logo se aquietou. Olhou pra mim furiosamente com seus olhos verdes e desceu as escadas para preparar outra xícara de chá.
- Quero que você ajude seu irmão a limpar essa bagunça. – Summer assentiu e foi lá em baixo pegar um pano. Meu novo pai desceu também.
Eu e meu irmão com cheiro de praia limpamos o corredor e fomos para o quarto. Contei para Summer o quanto Jacoh era dramático e contei só um pouquinho de como me sentia, era péssimo para falar de mim mesmo. O quarto estava um pouco abafado e pedi para que meu irmão de olhos mistos abrisse a janela. O efeito foi instantâneo. A brisa levou embora todo o ar quente do quarto e me senti muito melhor. Troquei de roupa, por uma mais confortável para dormir. Summer se deitava de cueca, sempre. Odiava ficar de roupa em casa, mas apesar disso ele era bem educadinho e ficava só com roupa de baixo para dormir o resto do dia ele seguia as regras da humanidade, usava roupas. Ele logo dormiu.
Naquela noite tive novamente um sonho louco.
Eu estava na mesma cidade. Não estava sozinho, o garoto feito de raios de Sol, pairava nas alturas, fazendo com que eu me distraísse e não ligasse para as vozes. Ao meu lado havia uma garota com enormes asas brancas com pontas rosadas. Ela estendeu a mão e tocou meu peito. Senti uma enorme paz e tranqüilidade. A garota estava com venda nos olhos, mas seus cabelos eram dourados, quase como fios de puro ouro. Ela baixou minha cabeça e me beijou nos lábios. Na mesma hora ela tirava de minha boca outros lábios que não os meus. Ela havia beijado minha sombra. Agora ela estava na minha frente e, as suas mãos tinham boca e estas sorriam malignamente. A garota estendeu as asas entre mim e a mancha viva, feita de escuridão.
O garoto de trevas transformou-se em outra silhueta, bem maior e com asas de pássaro. Em suas mãos se encontrava uma foice, não aquelas de colheita, mas uma foice feita de três lâminas diferentes, não sabia se era realmente isso ou outra coisa. O Sol se escureceu e o anjo não estava mais ali. Senti medo, A sombra investiu. Acordei.

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The Twelve Ones Empty Re: The Twelve Ones

Mensagem  Albafica Triantaphylos Qua Fev 08, 2012 1:41 pm

The Twelve Ones Pyromaniac_by_smallvillian
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5. 37°C

Duas semanas se passaram. Estávamos quase no fim de maio. Logo seria verão aqui no hemisfério norte, ou seja, as férias estariam logo ai marcando presença aqui nos países ricos e desenvolvidos.
Como de costume era dia de ir à escola. Tomei meu banho, sempre demorado e com muito capricho, esfregando bem o sabão pela minha pele e passando o xampu umas duas ou três vezes. Arrumei-me como sempre fazia, vestindo aquela roupa horrorosa da escola, um terno. Bom, apesar desse item desagradável, desci para tomar um café da manhã digno da realeza. Dona Anna era muito boa na cozinha: havia sobre a mesa, três tipos de bolo, dois tipos de pães, toda sorte de biscoitos e frios, panquecas gostosas (lembrei-me do seriado da Disney, Os Feiticeiros de Waverly Place) e um monte de outras coisas também.
O ônibus escolar passou e fomos embora. A única curiosidade naquela manhã foi que, bom, Summer não estava lá para apressar todo mundo. Foi estranho seguir viagem sem o garoto praiano. Pensando bem, eu nunca tinha ido ao colégio sozinho, sem o meu “Guardião”, essa seria a primeira vez. Ainda bem que, para salvar o dia, Coraline estava lá.
- E ai brasileirinho?! – era como ela me chamava. Não era um apelido muito criativo, mas... – Cadê seu irmão Summer?! – revirei os olhos.
- Eu não o vi essa manhã. – dei de ombros e voltei minhas atenções para a janela. Eu gosto d viajar olhando a paisagem.
- Que pena – Respondeu-me a garota olhando para o chão do ônibus. Ela realmente sentia algo por ele. Deu uma pontada no coração quando ela disse “que pena” com tanto peso.
- Amanhã ele vem – afirmei – para sua felicidade. – dei um sorriso tentando imitar Summer. Não pareceu convencer. Flies me deu uma cotovelada e caiu na gargalhada. Ri para não perder a amizade.
Fomos para nossa aula de matemática. A aula não era muito boa, acho que o senhor Math Numberous, um velhinho calvo e pançudo, deveria ser demitido para uma renovação, mas se a escola gosta tanto dele; vivas de alegria! Bora pra frente!
- Ai que aula chata... – reclamou um garoto atrás de mim, na minha diagonal esquerda.
- É mesmo. Não me estou aguentando na cadeira. – concordou uma garota que estava ao seu lado.
Número vem e, contas vão e finalmente o sinal da primeira aula toca. A próxima aula é de biologia, adoro qualquer coisa relacionada à biologia. Creio que seguirei essa carreira quando for para faculdade.
Sentei bem na frente dessa vez. Coraline sentou-se atrás de mim. A professora não apresentava ter mais de vinte e cinco anos. Ruiva, alta, com olhos magníficos de um tom verde vítreo, realmente me despertava calores só de olhá-la.
A professora estava falando sobre como os cromossomos são organizados, o DNA, as heranças, enfim, coisas sobre genética.
- Heatsun. – tremi na base. A professora Blazeness me dirigiu a palavra. – Supúnhamos que uma família seja formada por quatro pessoas, sendo que os pais possuem olho azul. – assenti - A pergunta é: - estava muito ansioso para responde-la – os filhos do casal possuem qual cor de olho?
Realmente era uma pergunta muito fácil. Uns garotos da minha diagonal sussurravam a resposta, obviamente errada.
- Obrigatoriamente azul. – Senhorita Dia, fez uma cara de: nossa que inteligente esse brasileiro. Como se todo brasileiro fosse totalmente tapado e analfabeto e eu a única exceção.
- Me explica o motivo.
- É o seguinte... – comecei – se ambos os pais te olho azul, ou seja, recessivos. Os filhos só poderão nascer com olhos claros. Se algum deles tiver um olho castanho, por exemplo, ele é adotado, pois os pais não possuem um gene que combinados entre si de um olho castanho. – ufa! Estava super tremendo de nervosismo quando acabei. A sala ficou em silencio.
- Muito bem classe; aprendam com seu colega de intercambio.
Senti-me o máximo. Ri interiormente. Enquanto a aula se desenrolava, Flies me cutucava. Eu estava perdendo a paciência. Apesar de ela ser uma garota, homens e mulheres têm direitos iguais nesse mundo. Se ela me cutucasse mais uma vez, eu quebraria sua cara.
- Cara! – exclamou Flies. Virei-me para escutá-la - Você realmente é impressionante.
- Eu só respondi a pergunta. Se você estudasse mais, também saberia a resposta.
- Aff! – zombou dando umas risadinhas.
Depois da gostosa aula de biologia, seguimos o dia com as outras aulas do horário. Era quase meio dia e eu ainda não sabia onde estava Summer. Bom, pelo menos Coraline ficou comigo o tempo todo. Junior Também. Bom, Junior era só um apelido, o nome dele de verdade é Tanaka Nagazawa, o chamamos de Junior por que ele é pequenino, só por isso. Ele acaba de se mudar do Japão pra cá. Seu pai veio a trabalho. Ele é bem divertido. Tem os olhos negros e rasgados como todo japonês; e seu cabelo é bem denso com um corte moicano simples. Junior era o único que conseguia deixar o uniforme da escola descolado. Ele usava todo tipo de acessório e ele mesmo customizou o uniforme. Deixava a gola da camisa para cima, fora da calça, e deixava desabotoados os dois primeiros botões da camisa. Sempre ia de All Star, sempre um diferente do outro, e usava um cinto muito louco.
- O que vocês vão fazer agora? – perguntou Junior
- Almoçar né?! – disse Flies “carinhosamente”
- Nossa que grossa Coraline, vê se me erra.
- Calma, Junior, vem almoçar com a gente. Prometo que ela vai se comportar. Né?! – dei uma cutucada em Flies.
-Ai! – Coraline me olhou feio, como se quisesse me matar ali mesmo no corredor da escola,mas como ela é uma boa amiga, apesar do pouco tempo juntos, atendeu meu pedido. Cora, um apelido que ela detestava, fez um “X” no ombro esquerdo. – Prometo tampinha... – olhei feio e Flies bufou – Prometo Tanaka. – corrigiu-se.
Bom, resumindo: almoçamos no refeitório do colégio. Estava muito gostoso apesar do que todo mundo diz, eu adorava a comida do colégio. Tivemos um momento juntos, onde conversamos sobre nada literalmente. Voltamos às aulas e fui-me para casa.
Dei boa tarde a todos assim que eu cheguei; somente o isolado (Jacoh) não me respondeu. Subi para trocar de roupa, e guardar as minhas coisas. Enquanto tirava a camisa do uniforme percebi que não vira Summer em momento algum do dia. Onde será que ele se meteu? Pensava comigo mesmo; aposto que o senhor e senhora Watson iriam pirar se soubessem que meu querido e radiante irmão desaparecera.
Apesar desse pequeno problema, tudo estava corriqueiramente dentro dos planos diários; e quais seriam eles? Simples e fácil de guardar: levantar de manhã, ir à escola, voltar para casa, passar um tempo com a família e dormir para um novo raiar de dia. Eu disse que era fácil.
Desci as escadas vestindo um shortinho básico azul, uma camisa velha com a bandeira de meu país, e minhas Havaianas. O jantar estava na mesa. O cardápio de hoje era purê de batatas com salsinha, pelo menos eu achava que era isso, podia ser tanta coisa, por exemplo, cebolinha ou manjericão e, salmão grelhado ao molho de maracujá, muito exótico para meu gosto, mas estava tudo uma delicia. Enquanto jantávamos, percebi que ninguém aparentemente sentiu falta de Summer, a alegria da casa.
- É... – bati no copo com uma colher para chamar atenção – Cadê o Sammy? – alem do apelidinho carinhoso, ousei em pergunta, já que ninguém ficou surpreso por ele não dar as caras o dia todo. Jacoh revirou os olhos, bufou e pediu licença; ele simplesmente se retirou, como se minha pergunta fosse obvia demais para ele. Olly me olhava fixamente com seu sorrisinho básico. Anna olhou para seu marido como se entre linhas dissesse: agora conta, não tem outro jeito.
- Bom... – começou Charles – ele tem certo problema com o Sol, um tipo de alergia...
- Nossa! Que horror!- não me contive, realmente era algo inesperado.
- Bom, é só um defeitinho de fabricação. – A senhora Watson riu-se.
- Mas, por exemplo, onde ele esta?
- Então, quando a temperatura sobe; digamos uns 37ºC mais ou menos, ele fica aqui em baixo no porão. – Assenti, abocanhando o ultimo pedaço do peixe em meu prato. Como um garoto pode se trancafiar no porão por causa de uma alergia? Me diz, Como faz? - Já procuramos médicos, mas nenhum sabe como curar. – Anna levantou-se, recolheu os pratos e trouxe a sobremesa.
- E eu posso vê-lo?
- Ele se tranca no porão. Ele prefere ficar sozinho nos dias de pico. Desculpa filho... – disse cabisbaixo o senhor Watson.
Dei de ombros e comecei a degustar de minha sobremesa, um mouse de chocolate. Em cada colherada que dava no meu delicioso chocolate, pensava nessa tal alergia doentia de Summer. Como é que ele podia ter um negócio desses, ele era tão vitalício, enérgico; ele é muito parecido com o Super-Homem, ou seja, um bosta (desculpe a minha falta de cordialidade) literalmente. Basta a temperatura aumentar e o senhor “Adoro-o-Sol”, se esconde no porão.
- E como é essa tal alergia?
Ollivia se lambuzava de chocolate, e dona Anna, como uma boa mãe, limpava-a com carinho. Charles, meu pai, pensava como me responder à pergunta que eu acabara de fazer. Eu creio que estou começando a não querer saber a resposta de tal pergunta. Será que é uma alergia monstruosa que deixa o coitadinho cheio de feridas? Ou ele fica inchado?
- Então, eu só vi uma vez... – o senhor Watson deu uma olhada rápida pra dona Anna – você sabe que ele tem umas manchas alaranjadas no olho né? – fiz que sim com a cabeça – então quando a temperatura sobe demais e os raios UV se tornam intensos, o olho dele fica todo laranja e lacrimeja muito e se mistura com uma secreção amarelada... – fiz uma cara de nojo momentânea e balanceia cabeça para ele prosseguir. – A pele dele fica rachada, tem umas erupções de sangue repentinas, um horror.
- Eca papai! – interveio Ollivia com sua opinião.
-Hum... – suspirei eu. Realmente ele tinha razão de ficar sozinho lá no porão. Se eu visse um troço desses andando por ai, morria do coração. Coitado de Summer. Depois de saber de sua alergia, tive muita pena dele. Imagina se ele estivesse namorando a Flies, e de repente a temperatura subisse e ele tivesse que se esconder no porão... Não aguentei, tive que rir, era uma situação tão engraçada.
- Então você está rindo da desgraça alheia né senhor Heatsun? – disse a senhora Anna. – vem me ajudar a lavara louça mocinho.
Muito chato lavar louça, mas só tinha eu na cozinha para ajudá-la. Olly foi brincar com Jacoh lá no quarto dele e o senhor Watson é o chefe da casa, logo não lava louça; só trabalha para sustento de sua família.
Durou uma meia hora a limpeza da cozinha, eu lavando a louça e minha nova mãe guardando as sobras na geladeira e passando pano na cozinha.
- É... Luidge? – perguntou Anna repentinamente.
- Sim
- Você quer tanto falar com Summer, então eu pensei se... você poderia levar o jantar para ele.
- Claro! – disse super alegre, não esperava a hora de vê-lo.
- Que bom. – minha mãe sorriu e me entregou uma bandeja pesada; Sammy comia demais. – você sabe onde fica?
Eu estava lá já fazia um tempo, mas ainda não sabia onde ficava o bendito porão. Fiz que não com a cabeça.
- Depois da escada, logo tem uma porta, é só abri e desce. Lá embaixo tem outra porta...
- O porão. – completei. A mulher cheia de maternidade nos olhos disse sim com a cabeça e fui ao encontro do monstro Summer. Continua muito engraçado, apesar de ser triste.
Abri a primeira porta e comecei a descer. À medida que eu descia os degraus, pude sentir a temperatura subir. Estava tão quente, que comecei a gotejar e o ar me faltava. Logo deduzi que era o aquecedor da casa. Aproximei-me da porta onde estava confinado Summer e pude ver por debaixo dela uma luz alaranjada ou tremeluzindo em tons amarelados.
Bati na porta uma vez e, ninguém respondeu. Bati uma segunda vez; ouvi uns passos.
- É você mãe? – disse Summer com cautela.
- Não...
- O que você faz aqui em baixo Luidge! – primeiro ponto: ele reconhece minha voz; segundo ponto: ele não gostou que eu fora até lá, só pelo tom de sua voz pude perceber.
- A mãe disse que eu podia vir...
- Eu avisei pra ela que não queria que você descesse aqui!
- Desculpa. Vou embora então! – subi o tom da minha voz. - Deixei a bandeja ao lado da porta e comecei a subir as escadas, me sentindo péssimo por querer fazer companhia ao garoto que estava passando por dificuldades. O calor que me assolava estava diminuindo quando eu ouço um ranger de porta se abrindo.
- Luidge... - Minha mão já ia virar a maçaneta quando Summer chamara. – hum... Será que você pode me fazer companhia?
Mantive o silencio e não virei para olhá-lo, esperei até que ele se desculpasse e implorasse, pela minha presença. Ok, eu sou exagerado mesmo, e daí?! Ele recusou a minha presença, eu estava um tanto quanto irritado com ele.
- Desculpa por ter te expulsado... – Começou - É que só minha mãe vem aqui em baixo quando essa droga aparece e, quando ouvi sua voz fiquei aterrorizado, não sabia o que fazer e...
- Cala a boca Summer! – Disse eu num tom muito seco. Não virei para olhá-lo. Abri a porta rapidamente e bati-a atrás de mim. Summer foi um grosso mal educado. Como é que ele pode fazer uma desfeita com alguém que o quer ajudar, que se importa com ele. Senti-me um pouco como Coraline, que gosta tanto dele, mas é sempre repelida. Não que esse seja o caso; eu gosto dele e, não o amo de paixão como a fulaninha.
Eu geralmente não explodo com facilidade, mas ser tratado como qualquer um não dava pra mim. Eu simplesmente me enfureci. Jacoh estava passando por mim e nem me olhou. Fez aquela cara de nojo e subiu as escadas. Subi logo atrás.
Tomei banho e fui dormir, já era tarde e amanhã tinha aula. Não tive nenhum sonho aquela noite.
O relógio tocou o suficiente para acordar-me e, o resto da casa também. Fui ao banheiro e pude ver um olhar de fúria verde fechando a porta do banheiro. Jacoh havia acordado de mau humor, mas isso não era novidade alguma, quando é que ele sorri? Eu nunca vi. Assim que ele livrou o banheiro, tomei uma ducha e me aprontei para o colégio. Desci para um super café da manhã, mas não deu tempo para me deliciar com tudo o que foi oferecido pela dona Anna. Entrei no ônibus e sentei-me ao lado de Coraline (o ônibus passava antes na casa dela).
Tivemos as aulas de sempre, matemática, historia Inglês... Escutei poucas e boas de Flies sobre Summer, Tanaka falava sobre tecnologia, musica e sei lá mais o que. Ainda bem que deu a hora do almoço e logo em seguida, depois da eternidade que durou a aula dupla do professor Eros (sabe o gostosão que desperta calores nos alunos e leciona literatura? Então ele mesmo), fui embora para casa.
Fiz o de costume, troquei de roupa (coloquei um Short e uma regata), desci para jantar e passei um tempo com Olly. O diferente foi que Jacoh ficou conosco na sala, porem não desfez a cara de ódio. Quando passei perto da escada, o ambiente estava morno e, quanto toquei o corrimão, de ferro, estava quente. Acabei de subir as escadas e deitei-me.
Em minha cama pensei: meu dia foi muito chato, acho que é por causa de Summer. Ele faz o meu dia mais feliz (Ops!), digo, não como Flies, uma perdida apaixonada por ele, mas como um amigo, um companheiro... Sei lá. Acabei adormecendo.
No dia seguinte, como de costume dos vivos, levantei de minha cama e coloquei meu “lindo” uniforme. Saí correndo, pois eu estava de certa forma um pouquinho atrasado, acordei dez minutos depois do horário previsto pelo meu despertador.
Entrei no ônibus escolar e percebi que o dia não estava tão quente como há dois dias. Estava agradável, tipo uns... Sei lá, num chute, creio que uns 26ºC.
Cheguei à escola e assisti a uma incrível aula de biologia. A professora Blazeness estava linda. Ela discutia um assunto complementar a aula de genética, muito boa por sinal. Depois do intervalo, tivemos aula de História, e o mais incrível foi que Summer estava presente. Fiquei pasmo com a presença dele (ou seria furioso?).
- Oi... – disse Summer baixinho. Tentei ignorá-lo, mas... Só acenei com a cabeça. Sentei-me ao seu lado.
O Alérgico a temperatura entrelaçava uma caneta entre os dedos durante a aula e prestava atenção nas palavras do professor. Flies fazia a mesma coisa, mas prestava atenção em cada detalhe de Summer, nunca vi uma pessoa tão redondamente apaixonada que nem ela. Menina estranha. Olhei para meu irmão por um instante e pude notar que seus olhos ainda estavam alaranjados e sua pele ainda tinha resquício da escamação. Tive pena de Summer.
- Presta atenção Luidge! – disse Tanaka ao pé da minha orelha. Fiz sinal de positivo.
Finalmente a aula acabou. Juntei minhas coisas o mais rápido possível, não queria encarar Summer tão cedo. Enquanto saia, senti uma mão quente e robusta me segurando.
- Espera Luidge, precisamos conversar... – O ensolarado havia me agarrado.
- Eu não tenho nada para falar com você.
- AH, tem sim!
- Não, não tenho!
- Vem logo!
Enquanto me arrastava pelo corredor, pude ver olhos curiosos prestando atenção na ceninha que estava ocorrendo. Flies tentou fazer algo, para me acudir, mas... Summer o ser mais educado do planeta a afastou bruscamente com suas palavras. Foi algo do tipo... “Agora não Coraline!”. Eu fiquei estupefato e a garota com os olhos arregalados. Ele me pressionou sobre os armários do corredor, perto do banheiro e dos bebedouros. Pude sentir sua respiração angustiada e ansiosa. Quem olhava de fora deveria pensar que estávamos tendo uma discussão de relacionamento, mas enfim, eu nunca dei bola pra população, não é agora que me importaria com a opinião alheia.
- Desculpa... – disse quase num sussurro.
- O que?
- Me desculpa Luidge... – Disse mais alto.
- Pelo o que? Você não fez nada de errado... – disse ironicamente.
- Não se faça de desentendido.
- Aff. – bufei - Te desculpo. Posso ir?
- Ainda não acabou. – eu pensei que seria só isso, mas parecia que havia mais da parte dele para ser falado.
- O que mais você quer me dizer? – joguei verde, bem na cara; sabe? De modo a instigá-lo.
- É sobre a minha alergia, sobre as suas dores de cabeça... – Sobre o que Summer estava falando? O que minhas enxaquecas tinham haver com a alergia dele? O que estavam me escondendo? Queria saber mais e esse seria o momento.
- O que tem?
- É... Eu não deveria falar nada, mas... – Summer só enrolava, nunca era direto nos assuntos.
- Fala logo! – perdi a paciência.
Nisso, Jacoh apareceu. Nunca tinha o visto ali nos corredores do colégio. Summer deixou de ser turbulento e se foi. É ele foi embora e me deixou falando sozinho. O garoto emo olhou em meus olhos por uns instantes, jogou a franja gigantesca dele e também se foi como sempre fazia. Bom, fiquei sem saber de nada, mas não parecia ser o fim do mundo.
Bateu o sinal da última aula. Fomos pra casa. Jantamos, tomei um banho e fui pra cama. Tentei falar com Summer sobre o ocorrido, mas nem dei tanta importância. Eu sempre acabo perdoando todo mundo mesmo.
Nessa noite sonhei com Jacoh. Mas ele estava diferente do normal dele. Estava sorrindo, mas não era um sorriso de alegria em me ver, era um sorriso de psicopata. Sua franja caia sobre um dos olhos e, o olho que dava pra ver, não tinha a coloração verde de sempre. Era avermelhado, como uma poça de sangue.
Jacoh avançava em minha direção, dando passos contidos. Tentava fugir, mas não conseguia. O garoto psicótico colocou a mão gélida em meu rosto e aproximou-se. Pude sentir seu hálito em minha boca. Era quente. Muito quente. Acordei. Summer havia me tocado. Era hora de levantar para ir à aula. A semana fluiu bem, sem muitas expectativas.
Summer foi viajar nesse fim de semana, junto com Anna e Ollivia. Eu não quis ir, pois havia uns trabalhos para fazer. Curiosamente Jacoh também.
Minha sorte foi saber que o senhor Watson iria ficar conosco. Ai se algo acontecesse havia alguém para me salvar.

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The Twelve Ones Empty Re: The Twelve Ones

Mensagem  Albafica Triantaphylos Qua Fev 08, 2012 1:43 pm

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6. HORMÔNIOS

Era sábado. O Sol estava lindo no céu nublado, posso parecer louco, mas céus nublados são extremamente lindos. A luz passando por entre as nuvens negras, é de tirar meu folego, creio que os pintores deveriam pitar mais o céu, principalmente antes da chuva, mas enfim, eu não nasci Picasso.
O senhor Watson havia acordado mais cedo para fazer o café da manhã, já que Anna havia viajado. A mesa não estava farta como de costume, mas ele cozinhava igual ou até melhor que minha nova mãe. Havia torradas crocantes lambuzadas de manteiga, compota de frutas, um bolo de laranja, pão sovado e ovos estrelados.
Jacoh sentou-se na minha frente, mas como sempre, nem olhou para mim, minto, Charles o fez forçar um sorriso; dei umas risadinhas simpáticas, mas o garoto com expressões de enterro pareceu, ou melhor, parece não ligar para minha existência. Ele nem sequer comentou sobre o que eu gostaria de fazer no dia de hoje. Fico irritado quando ignorado, mas ele é mais novo que eu, então eu deveria me mostrar superior a toda aquela infantilidade do menino.
Após o café da manhã, fui estudar um pouco em meu quarto, tinha muita coisa atrasada ainda e, precisava adiantá-las, pois as provas logo chegam. Enquanto fazia uns exercícios do senhor Numberous, o professor de matemática, pensei em alguns motivos para Jacoh me detestar tanto. Talvez eu passasse muito tempo com Olly e isso estivesse afetando ele de alguma forma, ou talvez eu esteja tirando dele o que lhe sobrava de atenção, ou, creio que Summer ser mais meu amigo do que dele, bom, não sei ao certo, são só ideias, pode não ser nada disso.
Continue fazendo sem pressa os exercícios de logaritmo, eram muito complicados, mas nada muito especial, eu já havia tido essa matéria no Brasil mesmo.
Passaram-se quase duas horas de estudos. Bateu-me uma fome repentina, estudar sem parar me deixava exausto. Desci para beber água e comer algo. Quando subi, passei em frente ao quarto de Jacoh e percebi que ele não estava no quarto, lembrei que nunca havia entrado no quarto dele. Olhei em volta e não vi sinal dele por perto e, decidi aventurar-me pelo reino encantado do assustador garoto gótico, não entrei, apenas inclinei meu corpo de forma que dava para dar uma boa conferida do ambiente. O quarto era bem iluminado, nada de muito diferente de um quarto adolescente normal. Pensei que ia ser bem diferente, tipo um quarto escuro com teias de aranha, uma cama em forma de caixão, sei lá. Quando matei minha curiosidade, Jacoh aparece bem atrás de mim.
-Ai que susto! – gritei
- O que você faz aqui? - me espantei com a calmaria dele. Sempre quando falava comigo, ou era em tom de deboche ou gritando, uma total loucura.
- Nada, só queria ver.
- Gostou do que viu? – mais uma pergunta estranha. Só balancei a cabeça positivamente. Ele estava me assustando.
Nesse momento eu me senti estranho, com frio na barriga. Jacoh avançou, e empurrou meu peito com seu dedo indicador. Eu recuei quarto adentro, tentando fugir, mas o garoto continuou avançando serenamente. Seus olhos intensamente verdes me hipnotizavam. Tropecei em sua mochila e fiquei caído junto a uma quina de parede. Comecei a suar frio. O menino estranhamente lambia os lábios e sorria maliciosamente enquanto se ajoelhava ao meu lado. O mais estranho foi que eu não conseguia se mexer, eu queria sair dali, mas algo em mim gritava: NÃO SE MEXA! Jacoh sentou-se em meu abdômen de pernas abertas. Achei muito estranho, mas meu corpo não conseguiu reagir. Algo estava me controlando e eu não sabia o que era.
Engoli em seco, eu não estava gostando nada daquilo. Comecei a salivar continuamente, como se eu estivesse com sede, ou querendo beber algo extremamente gelado. Meu fôlego não acompanhava meu respirar tranqüilo, agora ele seguia ritmos mais rápidos e meu coração batia forte. Jacoh continuou em silencio, com seu rosto coberto de mistério e terror. Queria lhe dar um tapa em sua cara psicótica, mas meus músculos se recusaram a me obedecer. Ele inesperadamente deitou sua testa na minha. Pude sentir sua pele fria em minha fronte.
O menino emo passava a língua vagarosamente nos lábios. Isso estranhamente me deixava excitado, não era para eu estar assim. Uma força estranha em minha cabeça dizia para que eu o beijasse, mas não pude me mexer, e nem queria. Jacoh avançava. Agora seu nariz tocava o meu, senti um arreio percorrer meu corpo. Pude sentir sua respiração, quente, isso me deixava com mais excitação e meu corpo suava. Queria que essa situação logo acabasse, mas algo queria muito mais, e quando digo mais, realmente quero dizer mais.
Que loucura! Mas no que é que eu estou pensando?! Pare de pensar nisso Luidge, recobre o controle de seu corpo homem. Puxa como ele é sexy, olha esses olhos. Aff de novo, pois é meu amigo, eu não consigo mesmo me controlar, a única coisa que consegui fazer foi fechar meus olhos e deixar rolar.
Minha respiração estava ofegante e meu coração havia acelerado ainda mais, estava muito ansioso pelo o que iria acontecer, eu nunca havia beijado um garoto antes, acho que deve ser a mesma coisa, ou melhor, só um pouco mais estranho. Boca é tudo igual mesmo, umas com mais carne e outras com menos. Reabri os olhos e sua mão direita estava dedilhando meus lábios, enquanto sua mão esquerda puxava minha nuca para frente.
Até então Jacoh não havia me olhado diretamente nos olhos. Foi só eu pensar nisso que logo ele me deu uma fitada e pude ver que suas pupilas estavam brancas e seus olhos incrivelmente vermelhos. Assustei-me, ali seria ao meu fim.
- JACOH! PARE JÁ COM ISSO! – ordenou uma voz forte. Não reconheci na hora, pois alguma coisa também estava afetando meus sentidos. Sério todos eles. Vista embaçada, a pele formigando, a língua dormente, não estava conseguindo distinguir sons e, acho que meu faro estava normal, sei lá, tanto faz, fazia tempo que não sinto cheiro de muita coisa.
Jacoh rapidamente se levantou e se afastou de mim. Seus olhos lentamente voltaram a ficar verdes como duas pedras de esmeralda. Por um momento pude ver de quem era a Voz. Charles, meu pai temporário aqui na Inglaterra, estava ali para me socorrer.
Lembrei de relance do meu ultimo sonho. Jacoh estava sorrindo de forma maligna e seus olhos avermelhados me fitaram. Temi o pior. Meu coração começou a disparar, como um motor em aceleração, e uma onda de pressão bombardeou minha cabeça com dores fortes. Meu corpo se contorceu, senti todos os ossos do meu corpo doerem ao mesmo tempo. Senti tudo embaçar, mas pude perceber que meu corpo estava mais leve. Parecia não estar mais no chão, meio que flutuando. As dores continuavam me afligindo e dobravam em intensidade, como se eu estivesse todo cortado e fosse lançado num lago de álcool. Percebi, olhando de canto, ainda com a visão embaçada, que a mobilha de Jacoh também estava suspensa junto comigo. Eu parecia estar gritando de dor, exclamando algo como “PARE” ou “ME AJUDE”, sei lá. A voz do senhor Watson parecia não surtir efeito, mas pude ouvir algo como “tente Pará-lo Jacoh”, mas o menino, ou pelo menos sua silhueta, estava paralisado diante de mim.
Quando pensei que estava parando, comecei a ouvir vozes e canções que iam muito além do meu conhecimento. Eram sons que não estavam ali, e sim num outro lugar bem mais distante. Ouvia tipo:
“Aff! De novo esse episodio!?”
“... não acredito que você beijou o Felix!”
“... lembra daquele dia em que nós fomos lá ao lago e... Huhuhu...”
“Odeio esse filmes estrangeiro eles só me...”
“... o que foi que eu fiz...”
“Eu deveria ter te matado!”
Outra onda de choque percorreu pelo meu sistema nervoso, eu caí no carpete do quarto de Jacoh como uma pedra. Ralei meus joelhos. Notei que os tacos do chão ao meu redor estavam se elevando, e as paredes do cômodo estavam rachando, e nem havia sinal de terremoto. As canetas do estojo de Jacoh, também estavam levitando. Forcei as mãos em minhas têmporas e reprimi um grito ensurdecedor, mas não consegui fazer o mesmo com um segundo grito. Todas as canetas estavam eretas e giravam ao meu redor. Ergui meu tronco, ainda ajoelhado e urrei o mais alto que pude. Quando dei por mim, os projéteis se fincaram na parede ao redor de Jacoh, e ele estava com o rosto mais pálido que o normal e suas pernas tremiam.
Eu só podia estar louco, não era possível que estivesse voando por um momento, ouvindo vozes e fazendo as coisas racharem. Logo após, vi Jacoh sendo prensado na parede, ele gritava de dor, pedindo para que eu parasse, mas não pude, pois algo dentro de mim queria destroçá-lo. Ele continuava a gritar e em minha mente uma voz dizia: “ACABA COM ELE”.
- ME AJUDA PAI! – clamava e fazia uma cara de quem não aguentaria por muito tempo. – FAZ ELE PARAR!– agora eu tinha certeza que estava o matando, a voz dele soava como um lamento. Consegui abrir meus olhos por um momento, e espantei-me, o nariz do garoto estava sangrando, e havia marcas roxas ao longo de seu corpo.
Charles se aproximou de mim, quando o olhei de relance, ele já não estava mais ali, uma onda de choque atingiu meu cérebro e o senhor Watson estava fora do quarto, estendido no corredor. O vi levantar um braço, como se quisesse me advertir, algo como: “Não mate meu filho”. A porta se fechou. Estava somente eu e Jacoh no quarto.
Eu não estava mais suportando a dor em minha cabeça e não aguentaria viver com uma família em que eu havia matado seu filho de uma maneira bruta. O garoto estava quase do avesso. A parede ao seu redor já estava sem a pintura e já havia buracos que davam para o outro cômodo.
O pai de Jacoh batia insistentemente na porta pedindo para que eu parasse. Nisso, olhei mais uma vez para o rosto aterrorizado do garoto e observei que não era só seu nariz sangrava, mas também escorria sangue de sua boca, ouvidos e das feridas que se abriam ao longo do corpo do jovem. Desesperei-me.
- EU NÃO CONSIGO! - Finalmente eu juntei força e gritei rapidamente.
- Tente não pensar demais! – retrucou Charles, de forma firme e clara.
- NÃO ACHO QUE VAI DAR CERTO!
- SOCORRO! – gritava o garoto
- Você já está falando comigo é um bom sinal.
Tentei me concentrar em matemática, mas Jacoh continuava berrando de dor. Mas de forma mística adormeci. Simplesmente apaguei. Minha mente escureceu.

Quando acordei, Jacoh estava ao meu lado sentado num banquinho. Percorri seu corpo com meus olhos e, bom, ele não estava nada bem. Havia faixas e curativos por todo seu corpo, e o culpado era eu. Ergui-me devagar, ele me ajudou. Seu semblante ainda era de um gatinho assustado, não era de se espantar, eu quase o matei.
- Oi... – disse o garoto timidamente, com a voz fraca e bem baixinha, quase um sussurro.
- Oi – respondi meio confuso, eu ainda não sabia quanto tempo eu estava apagado, ou se eu havia tido um sonho. – É... – comecei – Bom... – não sabia o que falar para ele, alias Jacoh não gostava muito de mim, e eu ainda não tinha certeza de muita coisa. – Você...
- Desculpa! – Jacoh me interrompeu bruscamente. Fiquei espantado e rapidamente ergui minhas sobrancelhas e arregalei os olhos. Pisquei algumas vezes. Não era sempre que se ouvia a pessoa de Jacoh pedir desculpas. Pensei um pouco e resolvi balançar a cabeça positivamente, mas antes disso eu me atrevi a perguntar algo que estava me matando.
-Desculpar pelo o que? O que exatamente aconteceu? – Jacoh revirou os olhos, baixando-os, deixando-os longe dos meus e tocando seus ferimentos.
- Eu sem querer... – iniciou – Ativei algo sem querer... Desculpa. - Hã?! Pensei comigo mesmo. O que ele havia ativado? Estava totalmente perdido.
- O que foi ativado?
- É... Você não sabe ainda né? – se eu soubesse não estaria perguntando, pensei, só pensei. Balancei a cabeça negativamente. – Eu não sei direito o que você é, mas... – agora eu sou alguma coisa, que interessante – algo que eu fiz, fez algo dentro de você acordar... – fitei o garoto descrente de tudo.
- E, o que você fez comigo naquela hora? – um assunto muito delicado, já que nós quase... deixa pra lá.
- Bom, eu, é, você sabe, eu...
- Calma Jacoh. Explica devagar. – ele parecia muito nervoso e, eu convenientemente quis ajudá-lo.
- Eu queria lhe dar uma lição, mas eu não consegui.
- Ai você...? – instiguei.
- Eu estimulei seus hormônios a meu favor. – Como?
- Como? - Pensei alto, fazendo a pior cara possível de duvida e inconformado com o que o garoto acabara de dizer..
- É difícil de explicar. Meu pai lhe explica depois.
Beleza. Ele havia estimulado meus hormônios a seu favor. Realmente muito místico. Fez um silencio, mas em minha mente eu continuava a pensar na estimulação de hormônios. O que levou ele a me estimular a seu favor. Será que deveria perguntar? Não sei. Agora depois do ocorrido, Jacoh Watson parecia um adolescente “normal”, não queria estragar esse momento.
Fitei-o por um instante e vi que seus olhos estavam inchados de tanto lacrimejar e, que sua Iris estava mais clara, pois suas lagrimas haviam lavado seus olhos durante a tortura que lhe causei. Sua franja negra cobria parte de seu rosto como sempre. Agora que o olhei melhor, Jacoh é bem bonito. Os três têm o mesmo tanto de beleza, não era pra menos, seus pais eram deuses gregos esculpidos em carne.
- Desculpa. – disse ao menino assustado com um sorriso simpático no rosto. Ele virou-se para mim, balançou a cabeça de forma positiva e abriu um sorriso estonteante, igual ao de Ollivia. Fiquei surpreso, pensei que ele não possuía a capacidade de sorrir. O silencio voltou novamente, mas me atrevi a quebrá-lo. - Doeu? – Jacoh fitou o nada por um instante. Não demorou muito tempo. Ele balançou a cabeça devagar e piscou algumas vezes. – Eu não consegui parar, eu...
- Tudo bem... – disse o garoto olhando em meus olhos – Eu também fiz você sentir coisas contar sua vontade, então estamos quites.
- Beleza. Eu só tenho mais uma pergunta.
- Pode falar...
- Por que você me odeia tanto? – graças ao bom Deus eu perguntei isso. Estava formando um nó na minha cabaça ter que guardar essa duvida cruel. Finalmente vou saber a resposta.
- Hum... – Jacoh começou a pensar. Parecia uma eternidade. O que será que ele estava pensando? O garoto começou a mudar sua expressão. Ele bufou e tentou fugir. Eu rapidamente ergui meu braço e agarrei seu braço.
– Calma. Eu não estou brigando com você. É uma pergunta amigável. Se não quiser me contar tudo bem. - Jacoh sentou-se novamente e respirou profundamente. Ficamos em silencio por um bom tempo.
- É por causa da Ollivia. – a voz do menino rompeu o constrangedor silencio.
- O que tem ela? – ousei perguntar.
- Sabe os anjos da guarda? – meu irmão emo estava à beira do delírio, agora eu tinha certeza de que ele é louco.
- Sei. – afirmei cético.
- Ollivia é o meu anjo. – morri. Jacoh é louco.
Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa a mais a Jacoh. O senhor Watson entrou em meu quarto e disse que queria falar comigo e, pediu para que seu filho fosse comer alguma coisa, para nos deixar sozinhos.
Antes de ele sair do quarto, atrevi-me a perguntá-lo algo que estava preso em minha garganta, depois de passar um bom tempo com ele:
- Jacoh! – chamei. O garoto parou do lado de fora da porta, e me olhou pelos ombros. – Amigos?
O menino emo virou o rosto para a saída, acenou com o polegar de forma positiva e fechou a porta.

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The Twelve Ones Empty Re: The Twelve Ones

Mensagem  Albafica Triantaphylos Qua Ago 01, 2012 2:09 pm

The Twelve Ones Dicionario
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7. EXPLICAÇÕES

Parecia ser domingo cedo quando eu acordara depois de um momento, digo horas de tensão com o Jacoh, de extrema fatalidade e momentos intensos.
Ele, o garoto que tentei matar, havia acabado de sair e me deixado com o senhor Watson. Não sabia sobre o que ele iria discorrer, mas... Sei lá, certa ansiedade percorreu-me, parecia natal ou o primeiro dia de algo especial.
Charles olhou para seu livro por um instante. Olhei de relance e creio que o nome do livro seja algo em torno de: Economia Moderna. Tirou seus óculos e os colocou no criado mudo, bem ao meu lado. Deu um longo bocejo, espreguiçou-se, esticando seu pescoço de um lado para outro e fitou-me com olhos de esperança. Logo soube que eu podia confiar em suas palavras, seja lá o que for. Foi nesse momento que vi o quão serio o senhor Watson era.
- Bom... – começou – você já deve desconfiar de algo. – arrepiei-me, mas continuei calado. Meu pai arrumou suas madeixas acinzentadas e coçou o alto de seu belo nariz angulado. - Tem algo que tenho de lhe explicar... – continuou – ou você tem coisas a me explicar? - Engoli em seco. Está bem, eu dei um show de levitações anteriormente, mas eu mesmo não sabia o que isso significava, ou o quão grave isso era, já que eu nunca fiz essas coisas antes, ou melhor, nunca tive um momento assim tão fora do comum. Eu realmente tinha algo escondido de verdade, mas nada que eu... - Me fala o motivo... – meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Charles -... De você ter vindo para cá num intercambio. – meu coração acelerou. Como ele podia saber que eu fugi?
- Bom, na verdade eu... Meio que fugi legalmente de casa. – O senhor Watson balançou a cabeça me forçando a continuar falando. Não resisti. – Então, um ano antes de vir pra cá, eu havia tido um colapso mental, se é que isso existe.
Pronto disse tudo, ou achava que havia dito tudo, ou parcialmente tudo, sem muitos detalhes. Charles forçou as sobrancelhas, coçou o canto do olho e deu uma boa olhada em meu rosto. Forcei um biquinho de canto enquanto coçava meu queixo.
- Eu creio que você tem algo a mais para me falar, não é? – instigou. Semicerrei os olhos, bufei e...:
- Tá bom, tem mais. – afirmei – Nesse colapso que eu tive, eu pude escutar de relance pensamentos, mas não eram todos na minha língua.
- Você não tem nem idéia do que você é né? – interrompeu-me Charles. E era verdade, eu não sabia. Assenti. – Eu já suspeitava que você fosse diferente.
- Diferente como? – estou realmente muito curioso, não aguento mais ficar tentando descobrir qual é o meu problema, ou se eu tinha algum defeito de fabricação.
- Bom... – começou – você já ouviu falar que existe por ai super-humanos, né?- O senhor Watson deve estar gozando da minha cara, mas assenti mesmo assim.
- Tipo aquelas pessoas que controlam água, tem poderes psíquicos e tal? – (ha há) não me aguentei, eu ri mentalmente.
- Não. – disse seriamente meu pai inglês. Fiz uma careta e dei uns risinhos. Charles limpou o nariz com seu lenço e voltou-se em minha direção. – Super-humanos, são aquelas pessoa que tem habilidades que requerem um esforço a mais do limite necessário. - Pensei sobre o assunto um instante.
- Então é tipo uma pessoa que sabe demais?
- É “tipo” algo assim, mas... Não vou te contar tudo agora, só o básico, pode ser?
- Claro! – animei-me, finalmente eu ia saber sobre algo alem da minha capacidade. Qualquer coisa bastava, pois saber nada de nada continua sendo nada, logo se eu souber alguma coisa já está valendo. Aconcheguei-me no colchão.
- Vou pegar algo pra você comer e chamar Jacoh para participar como nosso exemplo. Tudo bem?
Afirmei com o balanço positivo de minha cabeça. Ele saiu e comecei a pensar no assunto. Parecia muita loucura, mas pensando melhor, Jacoh quase me matou usando um truque... Um truque de... Como era? Hormônio? E eu quase o matei também. E não seria morte natural, tipo, facada ou tiro... Seria esmagado na parede sem o esforço algum de um objeto, só pelo poder esmagador do meu cérebro.
Depois de uns 10 minutos, o senhor Watson voltou com meu lanchinho, que parecia muito gostoso: Uns pãezinhos de leite recheados de presunto e queijo, cookies de baunilha com gotas de chocolate e dois copo grande de achocolatado gelado. Ele trouxe junto o recém-traumatizado, Jacoh. O garoto sentou-se ao meu lado, no chão. Charles deixou a bandeja de pãezinhos recheados no centro da cama.
Enquanto eu e Jacoh nos deliciávamos, Charles começou a suas explicações sobre o assunto que tanto me deixava curioso em saber mais e mais.
- Como eu havia dito, eu vou explicar por cima, sem muitos detalhes. - Assenti.
- Ai pai! Conta tudo logo, nem é muita coisa. – reclamou Jacoh. Surpreendi-me, não é sempre que se ouvia o menino-gótico falar pelos cotovelos.
- Quem disse que eu te contei tudo sabidinho?! - Jacoh deu uma bufada e abocanhou seu lanche. Fiz o mesmo, mordisquei um dos pães e esperei que o Senhor Watson continuasse.
- Bom... – começou – Ninguém nessa casa é “normal” Luidge. – isso era obvio.
- Como assim? – perguntei.
- Todos nós, exceto minha esposa, temos algum grau de mutação. - ah tá, agora sim, entendi tudo. Se eu proferisse essa frase, ela sairia como um deboche.
- Quando você diz mutação... O senhor quer dizer o que?
-Quer dizer que de alguma forma em nossa formação, sofremos alguma alteração gênica que nos deu ao acaso ou não um dom especial. - Eu boiei, quem mais não entendeu nada levanta a mão!? Isso não tem como ser de todo o falso, mas também não tem tanta credibilidade assim, ou tem?
- Nossa! Que cara de idiota Luidge! –disse Jacoh, e, pois é devia estar mesmo.
- E, como isso pode acontecer?
- É o seguinte Luidge... – disse Charles – vou dar um exemplo: conhece a Síndrome de Down né? – assenti – Então, essa síndrome é causada por um erro genético, infelizmente nesse caso do Down, esse erro não foi benéfico.
- Ah! – interrompi- Então no nosso caso esse erro foi benéfico?
- De certa forma foi sim.
- Mas, eu ainda não sei qual é a “nossa” síndrome.
- No nosso meio, é chamada de Síndrome de Theós.
- E... É sempre igual pra todo mundo?
- Não. O grau de mutação é variável e segue uma linhagem genética familiar. – assenti com a cabeça dizendo para que continuasse.
Peguei mais um pão e tomei um gole grande de leite... Pensei sobre o louco assunto, que agora fazia um pouco mais de sentido, porem ainda continuava muito distante da realidade, apesar dos incidentes. Jacoh brincava distraído com o carpete creme do quarto.
Eu ainda não havia entendido esse lance de graus de mutação, será que era tipo: leve, médio, grave e muito grave? Ou apenas alguma espécie de classificação tipo animal: Jovem, adulto, matriz... Acho que vou perguntar.
- E, quais são esses níveis?
- Boa pergunta. – Jacoh revirou os olhos. Creio que ele já saiba – Os humanos que não tem esse “defeito” nos classificaram em categorias.
- Aff – reclamou Jacoh, jogando sua grande franja negra. – isso que dá não ter nada pra fazer!
- Bom, continua, por favor. – disse tocando o ombro de Charles, o mesmo pigarreou, arrumou os óculos e pegou um lanche.
- É o seguinte, Luidge, Jacoh, seu irmão “querido” – morri de rir. O garoto emo olhou-me e deu um sorriso de leve – é classificado como Humano, porem da Subcategoria chamada de Suporte, ou seja, um humano-suporte.
- E... O senhor pode me explicar o motivo? – tive que perguntar, não sabia o que era, continuava tudo muito confuso e obsoleto.
- Você pode demonstrar Jacoh? – pediu Charles
- Com prazer papai... – respondeu o garoto, com um sorriso maligno nos lábios.
O menino olhou-me fundo nos olhos, vi que sua pupila tornou-se branca e sua íris vermelha, igualzinho como daquela vez. Porem agora eu não senti atração e desejo de beija-lo loucamente, e sim uma ansiedade tremenda. Comecei a suar frio e parecia que eu havia engolido uma caixa de borboletas.
- BASTA JACOH! – gritou Charles a tempo de qualquer coisa.
- Eu já ia parar pai, calma! – disse carrancudo o menino.
- Entendeu a classificação de HS, ou humano-suporte? - Na verdade não, mas assenti positivamente, não queria que o senhor Watson achasse que eu fosse burro.
- Aposto que você não entendeu. – afirmou Jacoh
- Tá! Eu não entendi! – afirmei.
- Deixa que eu explico pra ele pai. Eu sou considerado humano, como você pode ver, pois eu não tenho um poder espetacular, como... - O garoto deu uma pausa, para pensar. – Lançar fogo, por exemplo. E sou Suporte, pois eu uso minhas habilidades indiretamente para conseguir o que quero, sem que me notem, ou cause alarde. Gente da minha categoria é bem discreta.
- Hum... Entendi agora. É a mesma coisa que o Professor de Literatura faz. - Meu pai e Jacoh me olharam de forma estranha querendo achar lógica no que eu acabara de dizer. - Só pensei alto... – afastei os olhos curiosos tomando um gole de achocolatado.
- Continuando – disse Charles – Ollivia, é associada aos anjos– Hum... Sei pensei comigo mesmo – No mundo antigo e moderno, havia pessoas que podiam se conectar com outras através das emoções, cheias de luz, e algumas nasciam com asas, às vezes mais de um par delas. E quando alguém nasce com algumas dessas habilidades, se classifica como anjo, arcanjo e por ai vai. - Assenti a explicação de Charles, agora só faltava entender, o porquê Jacoh a chamou de “meu anjo”, ou algo parecido. Porem pensando bem em Olly, ela era exatamente como a descrição: Iluminada como o brilho da manhã e sempre me resgatava quando eu estava sentindo saudades ou abalado emocionalmente. Até que aquilo tudo fazia sentido. – Ah! – exclamou Charles – Antes que eu me esqueça. Olly também é um anjo da guarda.
- E o que isso significa? – disse curioso.
- Anjos da guarda nascem para proteger outras pessoas, na literatura e no conhecimento popular, mas cá pra nós, eles não fazem nada disso.
- E o que eles fazem? – O homem cheio de sabedoria tocou Jacoh com os pés.
- Eles despertam uma habilidade oculta no seu protegido... – disse ele olhando para o carpete. - Foi ai que caiu a ficha. Jacoh estava bravo comigo durante todo - esse tempo, pois parece que a Olly é o anjo da guarda dele.
- Então Olly é o seu anjo da guarda? - O garoto emo olhou-me com cara de desdém com um sorriso torto, aceitei como um sim. - E o que ela desperta em você?
- Quando ela chegar eu mostro...
- Promete? - Jacoh assentiu. Virei para Charles e perguntei sobre Summer.


- Bom... Summer é de uma Classe diferente, ele é considerado um humano dependente.
- Que seria? – perguntei
- Quer dizer que ele é dependente de algum estímulo para poder usar seus, digamos, poderes ocultos. Têm estudiosos que os classificam como semideuses, mas ainda é uma classificação nova, ainda estudada. - Meu mundo caiu (cantei em minha mente)
- Putz! Que tudo! Sério! - Jacoh revirou os olhos e voltou a comer.
- Ele não gosta muito, queria ter nascido normal.
- Já sei o motivo. – disse, pois logo pensei na Flies – E, o que ele faz de tão extraordinário?
- Como eu já disse ele precisa de um estimulo...
- No caso dele... – estava muito ansioso e acabei interrompendo o pensamento do senhor Watson.
- A temperatura. Quanto mais quente for mais seu corpo inflama.
- A tal alergia?
- Isso, ele pega fogo.
- Nossa deve ser difícil pra ele...
- Pois é. – disse Jacoh baixinho, quase um sussurro.
- E o senhor? Onde se encaixa?
Ele calou-se, como se estivesse pensando muito longe, lembrando-se de histórias e momentos de seu passado que o condenava, ou ainda querendo se lembrar de sua própria classificação. A janela do quarto estava aberta, e fazia com que o ar penetrasse pelas janelas e limpasse o ar do cômodo. A luz adentrava o ambiente, iluminando e aquecendo. Senti-me bem, mas ainda queria saber a resposta sobre a classificação de Charles. Ele passou a mão pesadamente pelos seus cabelos e pousou a mesma em sua nuca, fazendo uma expressão dolorosa e um pouco angustiada, mas por fim falou algo:
- Sabe Luidge... É um tanto complicado, mas vou te explicar – O senhor Watson, começou seu discurso, me explicando que desde que era criança, seus pais o chamavam de menino gênio, pois ele mal sabia ler e escrever e já sabia falar e entender quase que fluente sua própria língua; depois aprendeu com êxito a tocar piano, e quando criança, tipo uns 12 anos, já estava no primeiro colegial. Porem não foi só seus pais que ficaram espantados, a escola e a comunidade em que morava também estavam curiosos em relação a Charles. Ele contou mais, dizendo que quando fez 15 anos, um grupo de pessoas, vindas da Alemanha, bateram em sua porta certa. Ele disse que era um homem alto de cabelos negros, vindo junto com sua esposa e um garoto aproximadamente de sua idade, na época. – Eles me explicaram tudo e mais um pouco do que eu te disse até agora – exclamou ele, até que num tom divertido, ainda olhando para a janela. Os alemães que o visitaram na época vieram avisa-lo que havia uma espécie de vaga, numa espécie de clube mundial. Ainda falaram que Charles tem uma grande capacidade de acumular informações e moldar conhecimento.
-Então você só é inteligente? – interrompi sua autobiografia.
-Não só isso, eu posso moldar ideias, e inseri-las num contexto aleatória, fazendo grandes massas seguirem minhas opiniões. – fiquei admirado. – As pessoas comuns chamam isso de Sofiacinese, mas deixa-me continuar.
Havia muito mais coisas a serem ditassem seu contexto de vida, e como eu adoro escutar coisas curiosas, aguardei ansioso a continuação. A visita inesperada trouxe ao meu pai inglês algumas revelações que nem ele sabia como escolher.. Seus pais ficaram admirados, mas ele nem tanto, pois ele tinha tanto poder nas mãos que podia falar o que bem quisesse e toda uma massa faria o que ele ordenasse, pelo simples opinar de seus lábios. Os alemães fizeram uma proposta irrecusável, um período de estágio, para aprimoramento – E claro que eu não pude recusar – comentou o senhor Watson. Ele fez suas malas e partiu junto com aquela família. Lá, ele aprendeu rapidamente a língua, a cultura e como usar de seu dom para benefício próprio e dos outros, além de usar suas habilidades para o desconforto alheio. Charles também fez amizade com o filho do casal, que também era diferente. Depois de alguns anos, quando se tornou um homem, ele e seu amigo, que não lembro o nome, foram introduzidos no contexto politico de manejo, busca e gerenciamento de pessoas talentosas. O amigo dele virou primeiro ministro na Alemanha e presidente da organização secreta chamada de Olimpo. Quatorze pessoas faziam parte dessa equipe, além de subordinados, Charles era uma dessas pessoas. – Eles me chamavam de Athena.
- Mas por que Athena? – fiquei curioso.
- Oras, eu tenho uma sabedoria sem limites, e ela era conhecida como a deusa da sabedoria, então nada mais justo. – ele disse também que esses grupos de pessoas se autodenominavam deuses na terra, e cada um tinha o nome, que eles chamam de título ou patete, de um dos doze deuses olimpianos mais dois honorários, que seria Hades e Hestia. Ele me explicou também, que esse grupo era reposto, quando alguém com mais talento nascia ou era encontrado, e muitos de seus colegas foram substituídos ou mortos em desafios, ou por interesse. O grupo também tinha ideais humanitários de controle mundial, e eles conseguiram. Charles contou que a maioria dessas pessoas tornaram-se lideres mundiais, e quase sempre estão na mídia, um exemplo é o tal primeiro ministro da Alemanha.
- E você não faz mais parte desse grupo? – perguntei.
- É muito complicado, mas vou tentar te explicar... – ele se espreguiçou e começou a falar sobre as complicações que ocorreram. Seus olhos voltaram a ficar melancólicos, acho que devia ser difícil dele contar tudo aquilo, mas ele continuou dizendo que o poder subiu a cabeça de seu amigo. Zeus, como ele era chamado, soube da existência de habilidades mentais que seguem um fluxo genético único e extremamente raro. Essas pessoas, num total de doze, tem a capacidade mental tão elevada que só com a força do pensamento conseguem fazer calamidades. O grupo capturou alguns, e pediram para que ele, Charles influenciassem essas pessoas a servirem ao Olimpo. O que não deu muito certo.
- Mas e ai, o que aconteceu? – Meus olhos estavam brilhando, eu queria saber mais e mais sobre o assunto. Jacoh também estava admirado, não tanto quanto eu, pois creio que ele já sabia dessas coisas.
- O obvio, eu saí do grupo, por motivos pessoais, mas já encontraram alguém para me substituir – meu pai inteligente sorriu. Fiquei em silencio por um instante.
- E você consegue mudar minha opinião? – ousei desafia-lo. Ele assentiu. – Então faz pra eu ver?
- disse animado.
- Não filho... É muito sério mudar a opinião e a forma de pensar de um indivíduo, os danos podem ser irreversíveis.
- Mas me dê um exemplo então. – insisti
- É como se eu falasse pra você que a bola é quadrada, mesmo você sabendo que é mentira, ei consigo fazê-lo crer fielmente que a bola é quadrada. – Arregalei os olhos, o senhor Watson, tem um poder muito bom, ou perigoso eu acho.
- E esse se amigo pai? – perguntou Jacoh um tanto distraído.
- Eu o vi algumas vezes, mas ele sempre quis que eu voltasse e eu sempre recuso.
- Ok – disse eu, mudando de assunto – E em qual categoria o senhor está? – Charles comeu um pedaço de pão e pediu um minuto para acabar de mastigar.
- Eu estou na categoria que a sociedade antiga chamava de deus.
- Sério?! – disse espantado. Meu “pai” era tão importante assim? Ele assentiu.
- Mais precisamente me classificam como olimpiano, pois tenho uma cinese em níveis elevados.
- O que é cinese? – eu tinha uma noção, mas queria informações de quem sabe do assunto.
- Cinese é a habilidade de controlar algo, no meu caso, o conhecimento, os saberes... Esse tipo de coisa.
- Então todo mundo que tem cinese, é um deus?
- Não necessariamente. Jacoh tem ormonicinese, e nem por isso é classificado como deus.
O garoto mencionado na discussão revirou os olhos e fingiu desinteresse. Também não dei muita bola
- Então como se entra nessa categoria?
- Você precisa dominar a sua habilidade, primeiramente. Depois o seu grau de cinese deve ser elevado, bem elevado. – Charles disse que conheceu outras pessoas com Sofiacinese, mas nenhuma era tão extrema e bem moldada quanto a de meu pai adotivo. E isso era determinante para ser considerado um deus. – Se minha habilidade fosse comum, ou melhor, se eu não tivesse total controle do saber, ou fosse uma habilidade de nível muito inferior, eu me encaixaria na mesma categoria de Jacoh. – Assenti positivamente e o garoto continuou bufando, como se a gente estivesse falando mal dele pelas costas.
- E... No caso de Summer?
- Ele tem certo grau de termocinece, mas não tem o controle sobre seus poderes, por isso ele não se enquadra na mesma classificação que eu. - agora estava tudo um pouco mais claro. Eu nem ia perguntar sobre Ollivia.
- E sua esposa, como foi a reação dela, o que ela fazia antes de....
- Eu a conheci na faculdade, eu era seu professor... Ela foi um dos motivos de eu ter saído do grupo, mas enfim, vamos mudar de assunto - Estou adorando saber de tudo isso, é muita informação, muita coisa, muito poder, muita classificação e subclasses, tenho muito que aprender ainda. Só faltava saber onde eu me encaixava, a que grupo eu pertencia. - Falta falarmos de você Luidge. - Senti um vento frio na barriga, uma ansiedade tremenda por saber a resposta daquilo que tanto me atormentava. Olhei para meu novo pai com brilho nos olhos. - Sem mais delongas – começou Charles – no mundo humano, você é considerado uma Caixa de Pandora– a voz de Charles falhou, mas continuou firme.
Jacoh olhou assustado para seu pai. Fiz o mesmo. O que seria caixa de pandora? Eu conhecia o mito, mas não entendi o significado dessa classificação. E também não sabia o porque seria tão assustador assim.
- E... O que quer dizer? – perguntei hesitante.
- É uma fase de transição, até que você se torne um...
- Um o que? – exclamei. Charles mirou Jacoh e automaticamente o rosto do garoto ficou mais branco do que era.
- Sério que temos um em transição aqui em casa?! – disse Jacoh com tom de desespero. - Charles afirmou com o balançar da cabeça.
- Só uma coisa eu estou em transição do que para o que?
Fez-se silencio.

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