Em busca das ervas mágicas - Albafica Triantaphylos [Eros]

Eu havia acabado de limpar a minha loja de ervas e presentes naturais, quando eu resolvi olhar pela janela. O céu estava escuro, meio nublado. Parecia que era noite, ou que o dia estava virando. Não sabia ao certo, pois eu fiquei a noite inteira aqui limpando. Tinha muitos galhos soltos e folhas apodrecendo pela recepção. O vento frio fez minha pele nua arrepiar e, de relance, ainda olhando pela janela, percebi campistas desnorteados. A floresta que cercava minha lojinha e as flores ali plantadas que adornavam o meu estabelecimento, diziam-me que era noite, mas que podia ser dia e que uns campistas estavam titubeando entre tomar café da manhã ou jantar. Olhei confuso para a relva e fechei minhas janelas. O frio que fazia podia me dar doença (Isso não era verdade, pois eu sou tipo imune a mudança de temperatura... muito tempo andando sem roupa na Grécia).

Arrumei minhas alças e sentei na cadeira do meu balcão. Abri meu caderninho e recapitulei as coisas que eu fiz para saber se era dia ou noite. Enquanto anotava, escutei um toc toc toc na porta da minha loja. Com um estalar de dedos abri a mesma, com meus poderes sobre a madeira, deixando que um menino surgisse ali. Ele tinha cheiro de dama-da-noite e provavelmente era filho de Nyx. Seus olhos da cor das estrelas era enigmático e seus cabelos negros tão bonitos quanto o negro das minhas orquídeas. Garoto bonito, um tanto baixinho. Pisquei com o rosto sério, deixando meu caderninho na bancada - hum.... - soltei a onomatopeia para que o garoto prosseguisse. O menino de aura noturna explicou-me o que acontecera e eu assenti em silêncio. Acho que seria uma missão perigosa, mas se era preciso um botânico pra isso, eis me aqui deuses. Fiz sinal para que o mensageiro fosse embora e parti para o meu chalé, depois de regar minhas flores brancas.

O céu estava escuro mesmo e a neblina era tão fria que minha pele arrepiou-se e meus pelos se erriçaram. Não haviam estrelas, apenas nuvens negras num céu anil. Campistas por toda parte que não sabiam ao certo o que fazer esbarravam em meu caminhar. Porem, finalmente cheguei no chalé 4. Meus pingente estava em meu pescoço e eu só precisaria arrumar uma mala para levar algumas coisas e trocar de roupa. Tirei meu macacão velho, ficando nu ali no meu quarto mesmo. Vesti uma cueca nova e por cima do meu corpo moreno e sarado (cof), meu macacão dourado com abotoaduras do signo de peixes. Na mala, meu quite de primeiro socorros, minhas rosas sangrentas, algumas dracmas e outras coisas que achei importante, tipo, meu canivete. Escrevi uma carta para Kye e Jojo para caso eu não volte dessa missão. Deixei tudo para trás, colocando a mochila nas costas e parti para a casa grande. O senhor D deve estar zangado com a demora.

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Na casa grande, o senhor D. estava sentado na sua mesinha e ele estava tão concentrado que nem errou o meu nome. Me chamou de Albafica com todas as letras. Ele discorria sobre algumas plantas para fazer uma espécie de cura. E olha, eu sou o melhor do acampamento no quesito ervas e o melhor na qualidade cura. Dionísio queria que eu fosse ao japão buscar duas ervas raras para fazer uma poção de cura. Aparentemente alguém precisa urgentemente desse remédio caseiro. E talvez eu seja o único para resolver essa questão de reconhecimento. As plantas pareciam ser inofensíveis, mas uma delas, a Narciso, era perigosa demais ao mínimo toque. Meu sangue é venenoso e eu posso me curar, por ser servo de Asklepios, mas acho que é melhor seguir as ordens do deus do vinho e procurar algo para pegar a planta devidamente. Peguei o pergaminho e saí da casa grande as pressas. Eu ainda precisava preparar Doton para viajar.

O alvo dos meus pés, nesse exato momento é o estábulo. Meu dragão costuma ficar no poço do meu estabelecimento, mas esses dias esteve chovendo e como ele adora barro, o deixei aos cuidados dos garotos que ficam no estábulo. Quando me aproximei do local, o céu enegreceu-se e eu desacelerei meus passos. Mesmo meu macacão de ouro tinha seu brilho absorvido pela massa de trevas. Meu coração temeu o pior e minha espinha se arrepiou da nuca ao cóccix. Uma voz travessa e mortal ecoou em meus ouvidos, mas não dei muita bola. Não é muita coisa que me amedronta. Devia ser um filho de Deimos ou Phobos querendo me pregar uma peça.  Quando o céu negro ficou menos escuro, eu pude ver o estábulo e os sons do meu dragão, porem meus pés tropeçaram em algo e eu caí na coisa mais linda do mundo. Quando meus olhos perceberam quem era, meu coração bateu mais forte e meu mundo ficou melhor. Até esqueci do que me falaram ou de estar em uma missão. Kyle tinha olhos lindos e seu corpo por baixo do meu me deixava cheio de pensamentos calorosos por ele. Até senti uma ou outra coisa se mover. Meu rosto coreou quando percebi que estava pensando besteira e levantei-me rapidamente, puxando o garoto pela mão - Desculpa Kye, não te vi ai - falei  amistoso. O estranho era que fazia tempo que ele estava ali - É... tenho que preparar Doton par a viajem e, o que faz por aqui? - comentei sem graça tirando a poeira do corpo, ajeitando minha mochila. Agarrei sua mão e o arrastei para dentro do estábulo, eu tinha que preparar Doton para o voo.

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Nós voaríamos até o aeroporto. O acampamento voltou a enegrecer e a voz estranha voltou a ecoar em minha cabeça. Dessa vez, acho que Kyle também pode ouvir. Nas trevas, eu peguei a mão dele e não a soltei até que eu pudesse ver novamente. Eu não aguentaria perde-lo novamente. Quando o susto passou, eu continuei preparando meu Doton, mesmo sabendo que Kyle detestaria voar nele - Ky não sai de perto de mim, nunca mais e pega aquela corda pra laçar Doton - disse lhe dando um beijo demorado no rosto.  Terminei de equipar meu dragão e subi nele. Aguardei meu querido se aprontar e lhe estendi a mão - Vem, me agarra aqui... - disse e o puxei pra perto de mim, no "assento" de trás. Adoro quando ele me agarra. Antes de sairmos, um cavalo escapou e um campista correu atrás dele. Sorri bobo e bati meus pés na lateral do meu dragão, puxei as rédeas e - Segura firme meu pequeno!! - alertei meu Kyle.

O acampamento logo ficou para trás, mas a cidade estava escura. Não sabia o que tinha acontecido. Talvez seja o mesmo evento que estava acontecendo no Campus. Uma brisa forte assolou-nos e meu dragão perdeu a estabilidade - Kyle, segura em mim!! - gritei manejando o equipamento do meu lagarto voador. A turbulência era tremenda e uma voz falou novamente. Dessa vez era uma mulher e tinha uma voz grossa e pesada. Quando percebi, nós estávamos no meio de um furacão. Temi pela vida do meu pequeno, mas meu corpo entrou em inercia e se deixou levar pelas ondas rodopiantes de ar. Minha mente se apagou. Quando eu acordei, e percebi que estava vivo, corri para ver se Kyle estava bem. Meu dragão parecia meio atordoado, mas parecia tranquilo com a queda. Nós estávamos sobre a areia e isso lhe fazia bem. Balancei meu querido, beijando seu rosto para acordá-lo. Um ponto negro se aproximava, fazendo barulho por sobre a areia do local. Entreguei o mapa para Kyle e me distanciei dele, afim de ser o primeiro na linha de guerra, antes que Kye se intrometesse e fizesse algo insano - Veja onde estamos! - disse ao menino.

O ponto preto se mostrou ser um escorpião. No ato, ativei minhas foices gêmeas, girando a dourada para distrair o monstro caso fosse preciso. Do outro lado um vento estranho nos alertou sobre a destruição do escorpião. O fato era: quem era ela? O vento disse que ela nos deixaria passar. Engoli em seco e afastei minhas pernas para o pior - Kyle, não faça besteira, isso é um escorpião! - foi a ultima coisa que disse antes do inevitável combate.

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Tudo acontecera rápido demais. Quando percebi, Kyle estava soltando raios aleatórios, Doton estava acordando de seu impacto com a areia e o escorpião batendo em todo mundo, inclusive eu. Suas pinças me ergueram no ar e por pouco não me cortaram ao meio. Ele me arremessou pelo ar, me fazendo cair numa dunas de grânulos mais ásperos que o normal. Senti meu corpo todo ralado. Eu deveria ter ativado minha armadura primeiro, mas sou burro o suficiente para não pensar nisso. Meu garoto estava rolando em outro pedaço de deserto e meu dragão já fitava meus olhos, esperando meu comando. De repente um vento estranho dilacerou os olhos da criatura e falou conosco. Parecia que uma entidade estava do nosso lado nessa peleja, pois estava nos ajudando. A criatura estava cega e esse era nosso momento de triunfar.

Tomei a frente da batalha, antes que Kyle pudesse reagir. Não gosto de vê-lo em ação, pois tenho medo que algo lhe aconteça. Olhei fixo para Doton e ele respondeu-me com um bramido grave, como se ronronasse. Ele sabia exatamente o que eu queria. Afastei as pernas e senti os grãos de areia se movendo pelos meus pés. Meus dedos se mexiam tentando entender seus ligamentos. Meu poder sobre a terra  foi herdado de minha mãe e sei que posso mover essa massa de terra móvel para desestabilizar a criatura. O calor era alto, mas minha adaptação ignorava o fato e somado a minha extrema atenção, o escorpião não teria chances de escapar do meu combo. Minha ligação com o deserto ajudaria a dobrar minha atenção ao que estava fazendo, pois dessa forma eu saberia se mais alguma surpresa surgiria do nada. Estar ligado empaticamente com um ecossistema é meio estranho, mas eu curto sentir os grãos de areia se desfazendo e o vento cantando pra mim. Não havia plantas ou fonte de águas por perto, mas isso não me impediria de ser vitorioso nessa luta.

Doton estava focando inquieto e quando senti a terra se movendo - Doton, epíthesi tóra! - dei o comando em grego. Pois, eu sou grego e ele aprendeu na minha língua. Basicamente, pedi para que ele atacasse. Meu dragão abocanhou a areia e alçou voo. Quando seu corpo reptiliano resplandeceu contra o Sol, ele bafejou uma nuvem quente de poeira. Com o solo se movendo, somado ao ataque de "fogo"  do meu mascote, nosso oponente artrópode estaria acabado ou pelo menos com a carapaça destruída. Se tudo desse certo, claro! Olhei de canto e percebi Kyle desmaiando... Eu não podia sair da minha posição, pois caso eu o socorresse, esse monstro poderia me seguir e quem sabe fincar sua agulha no meu querido.

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Meu combo com Doton foi muito eficaz. O escorpião estava meio derretido por causa da poeira quente que meu dragão cuspira em sua carapaça e  Kyle estava se levantando. Na verdade ele estava vomitando ou sei lá. O cheiro estava forte, e acho que por causa da condição do meu pequeno príncipe, ele acabara enjoando e vomitando. Quis ajuda-lo, mas eu precisava derrubar esse monstro antes que ele causasse mais problemas.

Assoviei alto e meu mascote passara rente ao meu lado, circulando-me tão próximo que eu pude sussurrar para ele o meu plano seguinte. Basicamente eu pedi para que Doton distraísse o escorpião, voando rápido ao redor dele, zunindo se possível. Meu trabalho seria levantar uma nuvem de poeira usando meu controle sobre o vento. O fato seria parte do meu golpe fulminante seguinte. Com a nuvem de areia cobrindo minha aproximação, somado ao meu senso de localização de bioma e a distração do meu dragão, eu conseguiria (eu acho pelo menos) endurecer meu braço de tal forma que se tornasse tão rígido quanto madeira de lei. Eu correria até o mais próximo do monstro, assoviando para que meu dragão me pegasse e me jogasse em queda livre para um soco destruidor na cabeça ou nalgum lugar perto. Eu creio que seria o suficiente para terminar essa empreitada.

Se tudo desse certo e o monstro abatido, eu correria para socorrer Kye de suas próprias dores.

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Eu juro que pensei que ia morrer ferroado ou cortado ao meio pelas pinças do aracnídeo gigante, mas os deuses pareciam estar comigo e quando percebi, o monstro havia sido acertado em cheio pela minha marreta de madeira. Meu braço nem doeu, pois como era a primeira vez que tinha usado meu braço para fazer tal grandiosidade, pensei que ia deslocar meu braço ou qualquer coisa assim, mas para minha surpresa, deixar meu braço duro como um cipreste só intensifica minha força natural.

Respirei fundo para descansar do combate. A brisa seca do deserto era ótima apesar de tudo. Meu senso de bioma dizia-me que algo se aproximava, mas ainda estavam um tanto longe para me preocupar no momento. Meu dragão parecia estar com Kyle, ajudando-o ou sei lá o que. Não estava prestando muita atenção. Eu ainda estava conferindo meu braço e recuperando-me para o que poderia surgir do nada ali. Minha total atenção me deixava alerta para o que acontecesse, por isso me deixei deleitar uns minutinhos para refletir num riacho. Sim, eu estava me imaginando num riacho, eu só de sunga curtindo um momento de paz. Quando dei por mim, meu preciso garoto arteiro estava ao meu lado com o mapa e por incrível que pareça, Doton estava pronto para retomarmos nossa viagem. Acho que fiquei tempo demasiado pensando em nada. Fiquei bobo olhando Kyle e Doton com aquela cara de "ué".

O fato era que estávamos no Deserto do Saara e teríamos que ir ao Japão, por causa da missão que foi incumbida a mim fazer. Outro fato, era que eu precisava restaurar minhas energias vitais, mas não havia planta nesse deserto estúpido. Porem, ainda havia outro fato: eu deveria curar Kyle de suas feridas antes que algo aconteça de grave - Sabe Ky... Acho que Doton precisa descansar um pouco.... - disse respirando atento pela imensidão do deserto - O que você acha de ficar aqui e descobrir o que são essas coisas que avançam pelo mapa? - comentei coçando a nuca e olhando para Kyle com carinha de dúvida.

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Tudo aconteceu muito rápido. Do nada os ventos mudaram e tudo de repente apagou. Não sei o que aconteceu direito, mas antes que tudo torna-se negro, eu olhei nos olhos de Kyle, desejando que ele ficasse seguro, mas não pude fazer nada antes que minha mente escapasse de meu controle. Meus olhos se fecharam e tudo o que era certo, tornou-se duvidoso no mundo dos sonhos. Se bem que no meu estado de coma induzido, não tive tempo para sonhar.

Quando consegui abrir meus olhos, já não estava num deserto escaldante. Parecia mais um quarto ou qualquer coisa parecida. Uma voz ecoou em meus ouvidos e pude captar um homem moreno, quase no tom da minha pele, com olhos rasgados. Deduzi que era um japonês,, chinês, coreano ou tailandês. Não sei bem diferencia-los, pois na minha terra natal não havia esse tipo de gente e no acampamento mal via orientais. Mas enfim, pelo que ele dissera, parecia que eu havia dormido por um tempo consideravelmente em demasia. Meu estômago roncou e mulheres e mulheres entravam no quarto com bandejas e bandejas de toda sorte de comidas. Tinha porcarias que Kyle tanto gostava, mas também tinha saladas de todos os tipos, cozidos com legumes, consomes leves com croutons, quiche de cebola, jarras de suco de uva branco, algumas pitangas, saladas de frutas, farofas de inverno com passas e damascos, sopa de aspargos com cordeiro e pão de centeio com manteiga de cabra. Havia tanta coisa que me dera água na boca. Até mesmo as massas pareciam saborosas.

O homem saiu do local, junto com todas as outras criadas, sobrando apenas duas ajudantes: Uma garota morena e outra loira. Se eu não namorasse o Kyle e o Joe, eu certamente pediria para sair com a loira, pois ela parece muito com os meus diabinhos. Mas como não sinto atração por qualquer pessoa ou coisa ou animal ou mineral, eu logo deixei a ideia de lado, olhando cauteloso para meu príncipe disfarçado de menino. Não queria comer aquilo... Vai que é veneno ou algo parecido. Mas, ao olhar em volta, percebi que nossas coisas estavam lá: Armas, dragão, roupas, mapa.... calma, roupas? O que meu macacão faz fora do meu corpo? Fiquei meio corado ao perceber que não estava mais com a pele do peito arrepiada por estar com metade do corpo nu e que alguém desconhecido havia visto meu pênis enquanto me trocava em total desmaio. Só Kye e Joey podem me ver totalmente nu. Mais ninguém tem esse direito. Eu sei que cometi um erro beijando outra boca que não fosse a dos meus amados, mas meu corpo é só deles de mais ninguém.

Eu estava pensando mil e uma coisas e todas essas coisas me faziam corar. Quando dei por mim, eu estava comendo purê de cenouras com medalhão de frango ao moho de mostarda e mel. Estava uma delicia e saborosamente delicioso. Olhei desconcertado para Ky e continuei a comer. Se Doton stava comendo, eu também podia. Depois de algumas mordidas aqui e ali, e goles profundos de suco de água de rosa, limpei a boca, tossi para limpar a garganta e - É... Moça... - chamei a que loira, pois ela estava perto de mim, me servindo mais uma porção de salada de maça verde com gengibre - Por um acaso, você poderia me dizer onde estamos? - tentei ser discreto.

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Japão. Foi tudo o que eu escutei antes que a moça de cabelos dourados sentasse em meu colo e rasgasse meus lábios com os seus. Ainda bem que Kyle havia ido ao banheiro, pois ele ficaria furioso comigo, mesmo sem perceber que meus lábios não se moviam. É, eu só devolvo o beijo se meu coração pede. Mas minhas mãos estavam segurando a moça, pois minha vontade de tocar outro ser humano é muito maior do que o meu controle pessoal. Ela tinha uma pele linda e tagarelava num idioma que não conseguia entender. Não era grego antigo e nem moderno, pois não pude entender. É, diferente dos outros semideuses, eu falo grego atual, pois nasci na Grécia. Sou filho da Deméter original e não da americanizada, toda tosca, mas enfim, isso não vem ao caso.

Minha mente não me pertencia e eu não sabia muito bem o que fazer. Minha boca não respondia aos meus instintos e a muça só me levava mais e mais além da realidade, me dragando para um mundo de fantasia e sedução. O cheiro de comida ainda me era enebriante e até mesmo Doton não resistiu e adormeceu. Meu coração falhou assim que Kyle chegou abobado. Eu queria acordar do meu transe, mas não sei se sou forte o suficiente para isso. Meus olhos estavam vidrados numa sensação boa e todos os meus sentimentos pareciam engaiolados livres de voar. Não sei o que essa loira me deu pra beber, mas eu sei que assim que me livrar desse transe, eu vou fazer essa mulher sofrer. "KYLE, KYLE, KYLEEE!!!!" - gritava mentalmente, mas sabia que ele não podia me ouvir. Espero que ele tenha força o suficiente para sair do transe e libertar nós dois. Talvez fosse possível dar uma ajuda, mostrando a ele que vai dar tudo certo. Por ser curandeiro, minha presença dá segurança e se Kye se sentir seguro apesar da situação, tenho certeza que ele nos salvará....

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Kyle havia desaparecido e a moça morena aparentemente foi derrotadas por algo que não sei o que era. Mas tinha uma voz familiar dentro de um vento forte. O homem que nos alimentou a principio não havia voltado, mas a moça loira que sobrara estava irritado com algo que eu não havia feito. Porem, quando eu percebi, meu corpo já estava em posse do meu controle. Meus músculos reagiam ao meu comendo e veias saltavam dos meus bíceps.

Rapidamente puxei o pingente do meu pescoço, liberando minhas foices gêmeas. Pressionei as abotoaduras do meu macacão e o mesmo tornou-se dourado, emoldurando meu corpo numa armadura dourada e brilhante como o Sol (provavelmente a moça de garras ficaria incomodada com a iluminação da minha armadura). Eu estava equipado como um cavaleiro de ouro e em minha boca uma rosa vermelha carmesim embelezava meus lábios. A mulher vinha e eu girava minhas foices. Meu objetivo era faze-la se descuidar de seu ataque, usando minhas foices, para encontrar uma brecha para lançar minha rosa envenenada com meu próprio sangue. Minha iluminação natural, somada ao poder brilhante da minha couraça de ouro iria ajudar nessa distração. Minha rosa tinha um único objetivo, ser cuspida diretamente no peito da monstrenga. Para deixar ainda mais interessante, multipliquei meu corpo em três partes, tentando confundir a loira ainda mais com meus clones de luz.

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