Campos de Morangos

Não fazia muito tempo que chegara ao acampamento, mas sabia que a partir de agora esta seria a minha casa e eu teria que aprender a sobreviver por aqui. Sendo assim, após recolher algumas informações com o Half, resolvi começar meu novo estilo de vida pelos campos de morangos. E por que não? Colher morangos não parecia ser difícil. Na verdade, soava como algo bem legal e ter umas economias guardadas nunca era demais.

Por isso, ás sete da manhã, eu já estava de pé. Tinha posto um short jeans simples, a blusa laranja do acampamento, uma sandália de dedo e prendido meu cabelo em um rabo de cavalo alto, para evitar que caísse no rosto. Antes de sair do chalé de Atena, cacei um boné na minha bolsa para me proteger do sol e parti para os Campos, aproveitando a leve brisa da manhã no caminho. Era, no mínimo, reconfortante e, distraída com essas sensações, não demorei a chegar.

Parei por um tempo, observando o ambiente a minha frente, tentando achar alguém com que pudesse buscar os materias necessários para começar minha atividade. Por sorte, não muito longe, encontrei o que procurava. Imediatamente corri na direção do sátiro que estava tomando conta da plantação e, com um sorriso bobo devido meu estado de animação, perguntei. - Então... É o senhor que está tomando conta daqui, não é? E para colher os morangos, a gente tem que falar com o senhor, certo? E e... Hum... Eu poderia colher morangos também? - Acrescentei, meio receosa.

O sátiro só riu e balançou afirmativamente a cabeça, me entregando algumas cestas e duas luvas brancas. Com mais um sorriso lhe agradeci e me dirige as longas e belas fileiras de morangos, admirando-as por um tempo antes de colocar as luvas e iniciar o trabalho.

Como deduzi antes, não era algo difícil de realizar, nem de longe. Só era abaixar e pegar os frutos que estavam no pé. Mas existia um problema: Eram muuuuitos pés! Com o passar de uma hora, comecei a cansar e nem estava na metade! Gotas de suor já estavam começando a surgir no meu rosto e meus braços já pesavam com os movimentos repetitivos. Minhas sandálias, pobres sandálias, foram largadas no meio do caminho. Andar descalço na terra era muito melhor e, por esta estar fria, dava uma gostosa impressão de refrescância.

Outro fato positivo era comer os morangos! Ok ok, podia não ser a coisa mais certa a se fazer, uma vez que lhe pagam para colhê-los e não comê-los, mas eles eram tremendamente gostosos! Eram vermelhos, eram grandes e parecia que tinham um imã neles que lhe atraia. Sem contar que eu esqueci de tomar café da manhã, meu estômago estava se retorcendo na barriga, eu simplesmente não resisti.

E assim eu consegui levar por mais umas duas horas. Ajoelhava-me no chão, apanhava todos daquela área, comia um ou dois, ficava uns dois minutos descansando e seguia para outro pedaço de terra. Era a tática perfeita! E me possibilitou completar todas as minhas quatro cestas! Tudo bem que no fim meu rabo de cavalo já estava meio frouxo e meu rosto sujo de terra, assim como meus joelhos, minha bermuda e minha blusa. A luva que o sátiro me emprestou, de branca virou marrom. Entretanto, eu obtive sucesso na minha pequena missão, era válido!

Estiquei-me, para fazer os meus movimentos voltarem ao normal e, com um sorriso ainda maior do que quando cheguei, percorri todo o caminho de volta, só parando para pegar minhas sandálias. Entreguei as cestas e as luvas para o moço com as pernas de bode e me despedi, desejando-lhe um bom dia e agradecendo por ter me deixado ajudar. Depois segui em direção ao meu chalé, satisfeita comigo mesma, apesar das dores e da aparência deplorável. "Nada que um banho e um pequeno descanso não resolvam!", pensei, me sentindo muito bem. A minha primeira atividade tinha sido um sucesso! Para mim, era só isso que importava no momento.