The Glass House- Enfermaria de Paul Hendrix

The Glass house

É parte da cura o desejo de ser curado.
- Sêneca  

A casa de vidro é uma das enfermarias do acampamento, é uma pequena casa térrea com as paredes e o teto feitos de vidro para que a luz do sol e da lua ajudem na recuperação dos enfermos, mas possui dois banheiros com paredes de madeira, é claro. Se o paciente desejar mais privacidade uma cortina pode cobrir o seu leito. Em um canto da casa há uma mesa com alguns equipamentos médicos necessários e também outros instrumentos para fazer as poções. Eu sou Paul Hendrix e sou o dono da enfermaria, vou tentar cobrar o justo lembrando que eu tenho que comprar alguns produtos nas feiras herbáceas. Espero que você seja bem atendido. Veja abaixo um panorama da enfermaria se quiser(na primeira pg.).

Escutando: The Cure.

Eu estava muito cansado esses dias, trabalhei demais nas feiras e perdi muita energia com a criação de flores e outros produtos mágicos. Eu também havia me machucado e a ferida não sarava nunca. O problema era que eu estava com preguiça de me tratar, então eu bati a porta da enfermaria ao lado da minha. O lugar era transparente, literalmente, pois as paredes eram de vidro. Não é atoa que o nome do lugar era "casa de vidro". O campista responsável era um filho de Macária. Nunca o vi, mas o cheiro de cravo de defunto era absurdamente sentido a medida que eu entrava no local. Acho que o nome dele é... Paul? Sean? Carl? Não me lembro agora. Em todo caso, além de querer ser tratado das minhas feridas e falta de energia, eu estava aqui para avaliar o trabalho desse jovem, já que eu sou o líder dos curandeiros.

Eu usava meu macacão surrado de sempre, sem nada por baixo, mostrando meu peito nu e uma das alças caídas pelo ombro esquerdo. Chinelos nos pés e um sorriso bobo no rosto. Bati palmas, pois não tenho lá muita pompa de príncipe e, aguardei. O lugar era bem bonito e a luz do Sol era suficiente para me deixar bem. Sabe, sou uma planta viva e luz solar me faz bem...

A Visita inesperada.

Acredito que, em última análise, a função do líder é espalhar esperança.- Bob Galvin

Estava eu arrumando as camas da casa de vidro, e analisando as plantas que tinha deixado ao lado de algumas camas, elas estavam crescendo, mas eu tive a impressão de que as plantas das outras enfermarias crescia mais rápido e eram mais bonitas, ou será que seria apenas aquela sensação de “A grama do vizinho é sempre mais verde”. Admirei a planta por um tempo quando ouvi palmas a frente da casa. Observei pela janela “Não pode ser, ele está aqui, será ele mesmo?”
Abri a porta e disse:
-Albafica Triantaphylos, meu mestre- Com muito cuidado para não errar o complexo nome, e fazendo uma leve mesura, a primeira impressão era sempre importante. E apertei sua mão.
-Sou Hendrix, Paul Hendrix. Ou Dutch, como me chamavam na escola, antes de eu descobrir quem eu sou. Por favor entre- Disse eu segurando a porta para ele, eu ainda estava admirado, o líder dos curandeiros estava me visitando, então um leve desespero percorreu meu corpo, e se eu tivesse feito algo errado? Ele estaria ali para me dar uma bronca? Para tirar minhas dúvidas perguntei com timidez:
-Senhor, por mais que sua visita me agrade, se me permite perguntar, porque você está aqui, senhor?

Escutando: The Cure

As aparências realmente enganam muito. Apesar de parecer um rebelde, Paul era bem atencioso. Apertei sua mão e e deslizei meus dedos até seu queixo, o segurando para que seus olhos não fugissem dos meus. Sim, eu adoro tocar nas pessoas. Não que eu queira beija-las e fazer coisinhas, mas é um vício que tenho desde criança. Ninguém gostava de mim na escola por causa disso e havia meninas que adoravam e sempre que elas se declaravam e me roubavam beijos, eu nunca as retribui.. logo, eu comecei a colecionar tapas na cara por desilusões dos outros. Enfim. Encostei minha testa na do garoto e sorri em silêncio por alguns segundos - Adorei o lugar e... - soltei o rosto do menino, cruzando os braços  - Eu gostaria de avaliar tuas técnicas de cura, me oferecendo para ser tua cobaia - comentei olhando as plantas judiadas pela insolação constante do lugar.

Bom eu estava com preguiça de me auto avaliar também e Paul daria um bom curandeiro, posso perceber só de olha-lo. Caminhei até um dos vasinhos perto dos leitos e o revivi com a minha presença. Plantas são tão amiguinhas. Balancei a cabeça na tentativa de me recompor e fitei o garoto de baixo a cima com um sorriso estatelado. A outra alça do meu macacão caiu, deixando meu peito moreno e grande descoberto até metade do tronco - Tem tudo o que precisa, ou quer uma mãozinha?

A VISITA INESPERADA.

ACREDITO QUE, EM ÚLTIMA ANÁLISE, A FUNÇÃO DO LÍDER É ESPALHAR ESPERANÇA.- BOB GALVIN

Observei Albafica reviver a planta e então me disse:
-Adorei o lugar e... Eu gostaria de avaliar tuas técnicas de cura, me oferecendo para ser tua cobaia.  Tem tudo o que precisa, ou quer uma mãozinha?
-Puxa, eu te curar? E se eu falhar? E se eu fizer algo errado? OK, calma, vamos com calma- Disse eu respirando fundo – Eu aceito a sua missão mas eu tenho um problema, faz pouco tempo que eu cheguei ao acampamento, não sei exatamente os preços das ervas, meu plano para gerir a enfermaria era o seguinte: Primeiro eu analiso a pessoa e o que ela precisaria, então iria a enfermaria e perguntaria o preço da erva, então voltaria para a enfermaria e perguntaria se o preço estava bom para a pessoa, se estivesse eu compraria a erva e curaria ela, iria ser um longo processo, mas sem risco de calote entendeu? Você acha que deveria mudar o processo?
Observei Albifica enquanto esperava uma resposta então meio que por instinto avaliei sua situação:
- Você está mais cansado do que ferido, uma planta energética faria bem a você, vou ali na feira comprar... – Foi então que eu entendi que eu iria comprar as plantas DELE, então perguntei a ele:
-Você poderia me vender algo energético, mas que curasse um pouco também?

Escutando: The Cure

Enquanto o garoto tagarelava como administrava sua enfermaria, eu caminhei pelo local e me sentei num dos leitos. Ele parecia um tanto confuso à como lidar com seus pacientes e comprar as ervas. Eu não tenho esse problema, pois posso criar o que preciso no meu consultório mesmo. Olhei Paul com atenção, pois ele tinha acabado de me avaliar. E olha, ele acertou em cheio: eu estava cansado demais. Trabalhei muito na minha loja recentemente criando uma raiz mágica para um dos campistas. Abri um sorriso largo e chamei o garoto com um balançar de cabeça - Sabe doutor Dutch, seria bom você ter um estoque de ervas e produtos. Assim você não precisaria deixar seus pacientes esperando. Porem, você é filho de Macária e pelo que eu sei pode criar flores... - já tinha visto um amigo fazer brotar flores, por isso eu sabia. Além do mais, Macária é minha sobrinha divina, posso sentir essas coisas - É só achar flores que tenham algum benefício de restauração. Por exemplo, para meus pacientes cansados, eu faço um suco de açaí, aveia, mel e mais alguns ingredientes secretos para restauração total do cansaço. Mas no teu caso, o vaso está ai perto... e com um pouco de terra, você pode criar flor de açaí e sei que tem água aqui para você criar um suco parecido - dei a dica.

Me espreguicei, arrumando as alças do meu macacão, mas não adiantou muito. A alça esquerda insistia em cair dos ombros. Peguei a mão do garoto de forma amistosa e distraída e tombei a cabeça para a direita num sorriso - Bom, como eu estou aqui, como seu paciente, eu lhe dou o material que precisar... basta pedir, será de graça - falei tranquilo e soltei a mão do garoto. Eu estava ansioso para ser atendido por ele. Fazia tempo que não ia ao médico. Ri mentalmente com a situação.

Dutch parecia empenhado na arte de cura. Isso me deixou feliz e até abri um sorriso largo. O garoto me pediu conselhos para que suas plantas não morressem ou secassem, e o problema estava bem claro nesse lugar de vidro - Pra suas plantas crescerem bem, e durarem bastante é só colocar um pouco de sombra - apontei o teto de vidro. A luz solar radiante converge pela transparência desses vidros e aquece essa enfermaria muito rápido por um período muito, muito longo. E um pouco de sombra o livraria de ressecamento das plantas em seus vasinhos.

Ele pedira bananas e um punhado de aveia. Fiz que sim com a cabeça, tirando duas bananas do bolso, já que mamãe nos dera a habilidade de cornucópia, ou seja, posso tirar a fruta que quiser dos bolsos, contanto que dê pra fruta sair do mesmo. Dedilhei pelo vaso que estava ao meu lado e fiz crescer a aveia que ele pedira. Colhi e amarrei o feixe de trigo com uma de suas palhas. Não sabia bem ao certo o que ele pretendia fazer, mas havia chocolate na receita e, olha, me parecia muito boa sua mistura. Abri outro sorriso e, aproveitei a deixa para lhe mostrar uma planta do mundo mágico. Peguei um punhado de terra e juntei as mãos. Um brilho arroxeado, seguido de uma gargalhada maligna ecoou do centro doas minhas mãos. Aos pouquinhos a abri e mostrei ao garoto uma planta carnívora com pétalas delicadas avermelhadas com tons de laranja, além de uma folha bem próxima a raiz em formato cardíaco - Essa é a for demônio, dizem que ela recupera todas as forças vitais, porem pode causar uma ilusão e atormentadora - disse essa ultima parte como se fosse um mistério - pode ficam com ela de presente - disse lhe entregando a flor demoníaca.

O garoto tinha uma cicatriz tensa, mas não me dei ao luxo de pergunta-lo sobre ela. Eu também tinha uma cicatriz por baixo do bandaid que cobre meu nariz, mas ela não parecia ser tão importante quanto ao de Paul. Dei de ombros e desviei os olhos pelo restante do corpo do garoto. Ele tinha um físico bem legal, e um rosto marcante. Meus pensamentos iam longe, mas fui trago de volta com um pedido do meu aprendiz: Contar minha história - Claro, porque não? Temos tempo né?! - respondi no ato - Bom, eu sou 100% grego e vivi numa fazenda no interior da Grécia com meu pai. Eu tenho um pequeno defeito, que é não reconhecer o limite da intimidade e, ou aproximação... - Lembrei-em dos tapas que recebi e dos beijos que não correspondi - Hm.... Enfim, eu nunca havia visto um monstro ou sofrido algum ataque até vir para os EUA com 17 anos. Agora tenho 19 e tô ficando velho.... - suspirei coçando a nuca - Eu vim pra cá para fazer intercambio, mas meu pai sabia pra onde me estava enfiando e acho que foi o melhor pra mim. Fui em algumas missões, mas não concluí nenhuma delas. Sou um dos 4 vencedores dos primeiros jogos Olímpicos que houveram por aqui, tenho um dragão chamado Doton e tenho dois namorados.... - falei essa ultima parte com certa vergonha. Não é comum amar duas pessoas ao mesmo tempo e ama-las de forma especial - Resumindo, essa é minha história de vida... e cuidado com meu sangue, pode ser toxico demais para alguns.... - comentei fazendo uma careta - E você... me conta algo.

A história de Dutch era muito mais interessante que a minha. Fiquei até bobo com o que ele dissera. Pois não tem como ele ser filho de Apolo, a não ser que o próprio deus o tivesse gerado. Assim como Zeus gerou Dionísio. Isso significaria que o pai do garoto havia tido um caso de amor com outro homem, mas ainda bem que isso não era verdade. O pai de Paul parece ser meio machão para ter um caso com outro cara, mas era gentil o suficiente para chamar atenção da deusa Makaria, a boa morte.

Bebi o suco grosso e na mesma hora senti minhas forças serem restauradas. O chocolate em combinação com o açaí e o restante dos ingredientes me dava a energia necessária para ficar elétrico o restante do dia. E olha, o gosto era maravilhoso. Até Kyle, meu namorado número 1, ia adorar tomar essa vitamina - Delicioso - comentei virando o restante do líquido. Lambi os lábios e agarrei a cabeça do garoto, fazendo minha testa encostar na dele. Meus olhos acastanhados o fitavam, buscando respostas às perguntas que não fizera. Meu nariz quase encostava no dele, mas eu podia claramente sentir sua respiração. Pessoas são maravilhosas de se estar próximas. Rolei a mão pelo seu peito, deslizando até seu bolso da calça, enfiando 50 dracmas dourados ali - Fica com o troco... - sussurrei em seu ouvido, assim que desviei meu rosto de seus olhos, encostando minha bochecha na dele.

Afastei-me calmo, até a porta de vidro do local, parando um tanto para para olhar o garoto por sobre os ombros - Obrigado Psul, você vai ser um ótimo curandeiro - falei num tom festivo e saí da enfermaria de vidro.