❀ White Alraune - Alba's Clinic ❀

Bom, acho que a luta contra meu irmão estava acabada, pois eu acordei aqui na minha enfermaria. Não sei o que houve, geralmente sou tão cauteloso, mas acho que quando ele me feriu, perdi minha consciência calma e tranquila e fui dominado por um Albafica maligno e sem noção do que faz. De qualquer forma, Hallt foi gentil em me trazer pra cá. Acho que posso cura-lo pela metade do preço se ele quiser, sei lá. Levantei-me da maca com cuidado para não desmaiar novamente e peguei meu Kit médico. Sentei-me na minha escrivaninha e lentamente recolhi algumas plantas que me fizessem recuperar energia. Pó de guaraná misturado com algumas outras ervas dá um bom Up e não é tão ruim.

Peguei um pote e misturei um punhado de guaraná, aveia, gergelim e mel. Adicionei água para diluir, pois eu ainda não quero ter um surto energético. Geralmente comer é eficaz, mas esse mix de coisas, é bem mais balanceado. Espremi uma laranja que tirei dos bolsos (uma habilidade ótima e bem vinda, não preciso gastar energia alguma pra fazer isso) e agora é só tomar. Não é amargo, pois não usei açaí e nem tamarindo. O gosto é doce por causa do mel e um pouco crocante e ácido por causa dos grãos de Gergelim e Aveia. Tomei uns três copos desse "suco" energético. E olha, já me sinto bem melhor.

Minhas feridas, acho que uma água oxigenada, limpar com gaze e enfaixar bem forte, dá pro gasto. Nem foi um ferimento tão profundo mesmo. Se bem que se eu der uns pontinho, eu ficarei com uma cicatriz de batalha e, isso é bem excitante. Lavo minhas mãos com um sabão antibactericida e arrumo meu estabelecimento, antes de sair da enfermaria.

Eu estava lendo um pouco sobre "a medicina e as plantas" quando escuto passos pesados e acanhados adentrando os limites da minha tenda. Fecho com cuidado o livro, arrumo meu macacão e debruço sobre minha mesa, olhando diretamente nos olhos do meu paciente. Hallt não estava com uma aparência muito boa, mas acho que posso dar conta do recado sem complicações. Convidei-o para sentar-se na cadeira que dava de frente a minha mesa. O olhei por um tempo e ele desviou os olhos. Menino curioso, não sei por que ele não me olha, mas não estou aqui para desvendar esse mistério. No momento quero descobrir o quão grave são suas feridas e gasto energético, pois ele parece cansado.

Levanto-me de minha mesa, sem falar nada em resposta, e seguro o rosto dele com minhas mãos. Encosto minha fronte em sua testa, para sentir sua temperatura, se ele está suando, se a pele está ressecada, esse tipo de coisa. Lhe fiz um carinho pela bochecha, rolando os olhos pelo corpo do garoto, ainda dava pra ver feridas em seu corpo e a julgar pelo tipo de corte e machucados, creio que sejam de nosso combate. Apertei alguns lugares onde sua pele estava vermelha e ou arrochada - Aqui dói? - suspirei concentrado no meu trabalho. Eu precisava saber o quão profundo eram seus ferimentos e dores. Não importa o quanto eu cobre, o importante é que ele esteja bem.

Sentei-me de volta na mesa e o olhei de relance, voltando minhas atenções aos meus equipamentos. Lentamente recolhi algumas frutas e plantas que fizessem recuperar energia. Pó de guaraná misturado com algumas outras ervas dá um bom Up. O gosto não é tão ruim, e espero que Hallt goste. Peguei um pote e misturei um punhado de guaraná, aveia, gergelim e mel. Adicionei água para diluir, pois eu ainda não quero que meu irmão tenha um surto energético. Geralmente comer é eficaz, mas esse mix de coisas, é bem mais balanceado e tem um efeito instantâneo. Espremi uma laranja que tirei dos bolsos (uma habilidade ótima e bem vinda, não preciso gastar energia alguma pra fazer isso) e agora é só tomar. Estendi o copo do líquido para meu irmão - Toma, isso vai tirar o seu cansaço. Não é amargo, pois não usei açaí e nem tamarindo. O gosto é doce por causa do mel e um pouco crocante e ácido por causa dos grãos de Gergelim e Aveia - discursei sobre o suco.

Assim que ele me responder sobre por onde dói, poderei tomar alguma providencia sobre o corpo de meu irmão.

Fiz um não com a cabeça. Lhe dei um croque no alto da cabeça e lhe puxei a orelha d eleve. Não disse nada e lhe arranquei a camiseta, tomando cuidado para que ele não derramasse o suco energético. Meu rosto ficou sério, pois havia um ferimento um tanto necrosado e super vermelho. Vesti as luvas do kit médico e fui até a pia pegar um pouco de água, uma esponja leve, uma cadeira e minha mesinha. Sentei-me atrás de Hallt, e com cuidado limpei as costas dele com água, esfregando de leve a esponja, para não machucar ainda mais a área. Depois de limpo, sem a camada de pele morta, pude ver um rasgo não tão profundo, mas dava pra ver carne rosinha e algumas veias estouradas formando pequenos pontos vermelhinhos. Passei um algodão molhado em água oxigenada, para esterilizar a área. Peguei uma agulha fininha do kit, uma linha cirúrgica e com cuidado para não causar mais dor ao meu paciente, dei pontos ao longo do corte. Depois de uns bons 12 minutos, passei uma pasta de própolis, que é um ótimo cicatrizante. Podia arder um pouquinho, mas era preciso e é muito eficaz, além de ser natural e bom pra pele. Cobri com gaze e passei uma faixa ao longo do peitoral de Hallt. Para os outros cortes, apenas um curativo bastava. As marcas violáceas de seu corpo, curaria com uma pasta suave de rosas brancas diluída em leite de cabra com um pouco de mel, só para aliviar um pouco, já que não era preciso fazer nada a respeito. - Prontinho - disse calmo. Lhe fiz um carinho em seus cabelos cor de trigo e voltei a sentar-me na minha mesa de médico. Anotei algumas coisas sobre o diagnóstico de Hallt e o olhei, batucando a mesa com os dedos.

Sementes e 30 dracmas, acho que posso viver com isso. É pouco para o serviço que fiz, mas não me importei muito com o fato. Se é o que ee pode pagar, quem sou eu para impedi-lo de pagar. A saúde dele era o mais importante. Meu irmão parecia aflito, mas antes que eu pudesse dizer algo, se é que fosse preciso, ele já havia ido as pressas. Eu podia derruba-lo com minhas gramas, mas ai ele teria que ter outra consulta comigo. Não o culpo de ter perdido o controle, alias, todos nós perdemos o controle da fera que há em nossos interiores uma hora ou outra. A minha por exemplo, é libertada no mesmo momento em que posso ver meu sangue carmesim rolando escapando de minha pele esculpida. Meu sangue pode ser um pouco perigoso no momento, e sei lá, vai que cause alguma complicação à alguém... acho justo que não tenham contato com ele. Enfim, isso é um conto para um outro momento. Com meu irmão curado e foragido, acho que posso limpar essa bagunça. Levantei-me e limpei minhas coisas antes que outro paciente surgisse ali.

Eu estava distraído com algumas plantas medicinais quando um garoto tagarela invade meu "consultório". Não era preciso muito pra saber quem era. Joey, meu meninão estava ali comentando aos quatro ventos o que ele sentia. Dor ali, dor aqui e um monte de outras coisas que não entendi muito bem. Ele mesmo deitou-se na maca da enfermaria e aguardou os meus cuidados. Peguei meu Kit de primeiro socorros e caminhei com tranquilidade até meu amor. Passei a mão em seus cabelos dourados e lhe olhei com ternura e devoção. Ele estava um bagaço, mas não sei o quão sérias as feridas de Joe estavam - Vou apertar alguns lugares e você me diz se dói, tudo bem? - falei tranquilo, tirando a camiseta do meu namorado. Havia umas marcas, mas era preciso tocar o local pra ver havia alguma fratura mais séria ou era apenas exagero de Joe.

Apertei seu ombro com cautela, seguindo por suas costelas, dedilhei pelo seu peito e desci minhas mãos por seu abdômen. Cerquei suas costas com pequenos soquinhos, para ver se havia alguma coisa oca ou se ele reclamava de dor. Apertei cada pedacinho de suas pernas e aguardei alguma opinião do meu amado namorado. Senti sua pulsação e respiração com meu estetoscópio e - Algum ponto específico? - espero que ele colabore com a consulta, dessa forma poderei cura-lo com mais precisão. Beijei o alto de sua cabeça e aguardei.

Assenti a tudo quanto meu romancinho dizia. Dor no peito, abdômen e alguma coisa pelas costelas. Afastei os cabelos da testa de Joey e lhe beijei a testa com carinho e devoção, como se eu quisesse dizer "vou cuidar de você". Ignorei o lance do preço, já que primeiro eu tenho que cura-lo, para depois saber das despesas que terei. Afastei-me um pouquinho para preparar algumas pastas e um drink de energia especial para meu amor. Num liquidificador misturei açaí natural, guaraná, aveia e linhaça. Um ovo para dar liga, leite para dar volume e uma colher de mel para adoçar. Bati por um minutinho e levei até meu garotão numa bandejinha - Bebe isso, sem fazer careta. Vai recuperar sua energia, tirar o cansaço e qualquer indisposição - falei com um sorriso.

Enquanto ele bebia, eu espero que ele esteja bebendo, peguei um algodão e limpei a área dolorida com álcool gel. O importante é limpar os germes antes de tratar com alguma coisa mais séria. Peguei no meu kit de primeiros-socorros uma pomada anti-inflamatória que havia reparado algum tempo antes e, passei-a nos locais onde doía. Massageei bem o local, espalhando bem as substâncias - Não é nada muito sério Joey, vai ficar curado rapidinho - Digo e logo enfaixei seu corpo com três rolos de faixa. Colei alguns esparadrapos, puxando bem o fim da faixa para deixar bem apertado na região das costelas. Creio que isso resolverá o incomodo que ele esteja tendo. Joguei as coisas usadas fora e olhei Joey nos olhos. Aproximei-me dele com carinho e beijei seus lábios com cuidado, passando minhas mãos de doutor em seu rostinho perfeito - Como você é bonito... - comentei aleatório.

Ele não tem jeito. Mesmo numa situação como essa, Joey continua extravagante e impulsivo. coloquei os dedos na base de seu pescoço e o empurrei para que se afastasse de meus lábios. Eu ainda não havia totalmente acabado. Peguei uma seringa da minha maleta e de um potinho de vidro, extraí um líquido branquinho ou amarelado, dependendo do angulo da luz. Segurei o braço de Joe e num piscar de olhos, injetei o liquido dentro da artéria do filho de Afrodite. Era uma injeção simples que aceleraria qualquer espécie de cura interna. Caso a costela de Joey esteja trincada ou se houvesse um rompimento mais grave, a vacina atuaria como um componente extra na reconstrução da fratura. Massageei a área com um algodãozinho e coloquei um adesivo da hello-Kit - Agora eu terminei... - falei dando um beijo no rosto de Joe e me afastando para pegar uma receita e uma ficha de deposito.

Afobado como sempre e sem paciência alguma. Será que ele não percebeu que eu queria ele aqui perto de mim por mais alguns minutos? Acho que não. Sorri, baguncei os cabelos do meu moleque e lhe dei uma receita contendo o passo-a-passo para uma boa recuperação. Lhe dei um beijo em sua bochecha e cruzei os braços - Te amo muito, mas vou querer ser recompensado com alguns dracmas. O valor que você achar válido pelo tratamento - comentei fechando meus olhos, aguardando a resposta do meu menino prodígio. Algumas borboletas amarelas voavam ao redor de mim. Dizem que borboletas estão sempre perto daqueles que curam, mas isso são só boatos.

Essas foram as 20 dracmas mais bem pagas em toda a minha vida trabalhando pelo acampamento. Vou guarda-las com muito cuidado para não as perder. Custava um tanto mais, porem ele ainda é o meu bem querer e não posso cobrar absurdos pelos meus serviços. Ele me agarrou num abraço e me deu um beijo diferente dos outros. Não era voraz, afoito nem mesmo com toda aquela pressa de tirar minha roupa. Foi simples e que fez meu fôlego se perder e meu coração palpitar falho. Foi um momento inefável e, enquanto ia embora da minha enfermaria, fiquei imóvel e encantado. Minhas bochechas coraram num tom belo de vermelho. Nem consegui dizer um "adeus" ou um "te vejo mais tarde?", apenas fiquei bobo com a atitude toda especial do meu garotinho. Fiz um não bobo com a cabeça, enquanto Joey desaparecia diante dos meus olhos - Cada dia esse menino me enche de surpresas... - comentei para as borboletinhas que voavam em mim.