❀ White Alraune - Alba's Clinic ❀

Bom, recebi 145 D$, um preço bem abaixo do real, mas tudo bem... Não me importo com luxo e riqueza. Depois de uma porção de beijos (beijos certos e beijos que não poderiam ser dados), os dois meninos bonitos deixaram minha tenda. Um dia vou ter que resolver o assunto dos dois, mas... não vai ser hoje. Quem sabe quando eu tiver paciência pra isso. Kyle me toma muito tempo pra resolver seus problemas, até eu ter um tempo livre vai demorar muito. Dei de ombros e puxei uma cadeira ao lado da maca do garoto com cheiro de carvalho.

Meu paciente estava muito ruim. Não só fisicamente, mas emocionalmente também.  Eu podia sentir sua aura fraca, por isso concluí que seu psicológico estava abalado. Ele escondeu o ômega fumegante e eu sorri de nervoso. Eu não sabia ao certo o que aquilo significava, mas podia ter uma noção do que era. Toquei seu peito com uma mão e pousei a outra em sua coxa, próxima à sua virilha - Albafica - disse meu nome - Mas pode me chamar só de Alba... É muito mais fácil - disse me apresentando. Subi a mão que estava em sua coxa, dedilhando pela lateral de seu corpo, até que a mesma pousasse em seu rosto. A outra continuava apoiada em seu peito e meu corpo automaticamente ergueu-se inclinando-se sobre o corpo do garoto - Senti cheiro de carvalho em você... Então... deve ser filho de Zeus, correto? - perguntei gentil olhando em seus olhos azulados.

Enquanto o mantinha ocupado com minha voz, eu silenciosamente sondava seu corpo para avaliar os danos que ele sofrera. Notei vários hematomas, rompimento de vasos, baixa de adrenalina, o que deixava o garoto com uma aparência cansada e deprimida e acho que pude sentir traços de exaustão. Havia um ou outro ferimento aberto, mas nada que uma boa lavada não dê jeito - Gosta de vitamina? - perguntei livrando minhas mãos de seu corpo. Esse vício ainda vai me matar, tenho certeza. Baguncei os cabelos do garoto acarvalhado e sorri simpático.

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O garoto era falante pelo menos, isso me deixou aliviado. Ele dissera algumas coisas sobre selva de pedra e bla bla bla sobre sua vida sofrida. Não é que eu não esteja interessado, mas é que, eu estava preparando algo para ele beber, logo, eu estava viajando em meus próprios pensamentos. E, eu não queria entrar em detalhes sobre ele não ser mais filho de Zeus... Acho que seria desagradável.

Peguei um liquidificador e nele coloquei um copo de água mineralizada, frutas frescas de açaí, mel colhido na hora de umas flores de girassol (sim, eu posso fazer isso ^^), uma xícara de aveia, trigo, uma colher de sopa de guaraná natural e um pouco de flores de carvalho. Bati tudo por 1 minuto e acrescentei uma colher de melaço concentrado para dar um pouco mais de doçura, já que a mistura original tem gosto de terra. Despejei a mistura num copo grande e enfeitei com um canudinho colorido. Levei para o garoto - Bom, não é tão gostoso, mas vai fazer bem pra esse teu cansaço - Disse atencioso. O ajudai a sentar na maca, colocando alguns travesseiros em suas costas.

Puxei a cadeira novamente e sentei-me ao seu lado. Puxei também minha mesinha móvel com minhas coisas (álcool, algodão...) e rolei os olhos pelo corpo do garoto - É Henrique né? - perguntei seu nome educadamente enquanto arrumava as alças do meu macacão. Elas vivem caindo e como não uso nada por baixo, é um perigo eu ficar nu. Não que eu ligue... Nudez não é problema pra mim, mas pode ser pras outras pessoas - Bom, vou ter que passar a mão em você, tudo bem? - falei brincalhão erguendo as sobrancelhas. Estalei meus dedos e - Levanta um pouco o bumbum - disse divertido para tirar o que sobrara de sua calça e aproveitei e tirei sua cueca também - Prometo não olhar - disse pegando um paninho para colocar por cima de suas partes íntimas.

Agora que tinha uma visão melhor dos estragos, coloquei minhas luvas e passei uma linha na agulha, caso eu precisasse dar um ou outro ponto. Encharquei meus algodões no álcool e comecei a limpar os ferimentos de sua perna direita, tomando cuidado para não ficar apertando demais suas coxas. Confesso que não resisti e tive que morde-lo, mas foi puro instinto. Mudei de perna e achei um talho um pouquinho maior e mais profundo. Limpei o sangue parado e dei meio ponto na ferida, só para ajudar na cicatrização. Passei uma pasta de própolis concentrado e cobri com um bandaid de bichinho - Me conta sobre essa mão... - comentei distraído enquanto limpava os ferimentos de seu abdômen.

 O garoto parecia incomodado, mas eu não me importei pelo fato dele ser banido. Eu também tenho uma história meio que parecida. Não chegou a ser abandono... Apenas uma partilha de bens entre meu pai Zeek e minha mãe Deméter. Mamãe teve a mim e a meu irmão gêmeo Ater. Só que minha mãe amava tanto meu pai que, decidiu levar um de nós para morar no olimpo. Ater foi levado e eu fiquei por aqui mesmo. Recentemente eu descobri que ele existia e agora ele mora aqui comigo. Eu gosto tanto dele que não consigo pensar nada ruim dele.

Peguei uma caixa que havia guardado a tempos e trouxe pra perto do garoto. Limpei um ferimento que havia em sua testa e coloquei outro bandaid colorido, bem acima da sua sobrancelha. Agarrei o pulso dele com cuidado, sem que ele ficasse arredio - Deixa eu dar uma olhadinha - disse mordendo os lábios e olhando curioso para Henrique. Eu preciso mostrar pra ele que sou confiável e não um fofoqueiro e causador de intriguinhas. Geralmente filhos de Deméter são tipo cachorros fiéis.

Tirei os trapos que escondiam sua mão e admirei o estrago: um grande omega que corroera a carne do garoto, deixando sua marca para todo o sempre - Hum... isso tá horrível, mas acho que posso dar um jeitinho - olhei para o menino bonito com o meu melhor sorriso. Sabe aqueles que podem derreter a neve do inverno e trazer as flores da primavera em instantes? Então... este sorriso - Confia em mim e vai dar tudo certo - completei tranquilo esperando que ele deixasse eu fazer meu trabalho.

 Era estranho ter os cabelos bagunçados, mas senti que um elo de confiança foi estabelecido entre mim e o meu primo. É, primo. Minha mãe é uma Crônida também, mas ninguém aparentemente liga pra isso. Mordi meus lábios e sorri caloroso, iniciando meu trabalho.

O ferimento era bem parecido com uma queimadura bruta, nada que um creme de Aloé e Babosa não resolva. Mas antes, peguei um cântaro de água isotônica para lavar bem sua mão marcada. Retirei o sangue coagulado com um pano gelado banhado em álcool e, eu sabia que ia doer, mas eu tinha que fazer o que tinha que ser feito. O ômega em sua mão era até que bonito, mas representava algo péssimo para Henrique. Então, eu passei o óleo para queimaduras bem devagar e abri a caixinha que havia trazido.

A um tempo atrás, desenvolvi uma espécie de seda vegetal que se ajusta ao corpo perfeitamente, funcionando como uma segunda pele. Porem, como nunca as usei antes, elas estavam branquinhas e puras - Você não precisa mais se preocupar em mostrar sua mão pra ninguém... - disse enfaixando sua mão com as tiras brancas. Amarrei em cada dedo, criando um padrão trançado, descendo as faixas pela palma e dorso da mão, até que sua marca fosse coberta. Segui enfaixando sua mão, até que seu pulso estivesse amarradinho. Dei um ponto cego e com a agulha, dei uns pontos no tecido, prendendo o mesmo na pele do garoto. No mesmo instante a mão dele ficou igual a outra, sem marca alguma, como se fosse novinha em folha - Ninguém vai ficar te encarando agora e se o fizerem, me chama que eu mesmo resolvo a parada - falei beijando sua mãozinha.

A mão dele já estava certinha e agora só faltaria dar um pontinho num corte que achei meio perigoso e dar alguma coisa que o fizesse parar de sentir dor por causa dessa marca. Fiz o que pude e lhe dei uma injeção boba com uma mistura anti-inflamatória - Acho que, você vai ficar bem e... - comentei me levantando. Peguei uma cueca reserva que eu tinha na tenda e um macacão novo que Kyle me obrigou a comprar no mercado negro dos filhos de Hermes - Veste isso antes de sair. Juro que a cueca tá limpinha, usei uma vez só - disse coçando a nuca.

 O garoto foi simpático ao me entregar tudo o que ele tinha, mas não achei justo cobrar de um campista que teve quase tudo o que tinha rejeitado pelos deuses. Não os culpo e também não coloco a culpa no meu primo. Tudo tem um propósito abaixo dos céus. Um dia Zeus o reconheça como filho, talvez não... Sei lá... Esse mundo é muito complicado pra mim. Preferia ter ficado na Grécia com meu pai, mas cá estou ajudando campistas. Fechei as mãos de Henrique com as minhas, deixando suas dracmas ali em sua palma - Pode ficar... - falei sorrindo calorosamente e afável como um irmão. Fiz sinal para que ele fosse se divertir lá fora com os outros.

Quando ele saiu, me senti bem. As vezes me sinto um pai atencioso cuidando dessas crianças. As vezes tudo o que eles precisam é de um pouco de atenção e estímulo. Não que eu seja tudo isso, mas faço o meu melhor. Um amigo meu disse pra eu sorrir mais e, é isso que eu faço... Sorrio. As vezes tudo o que uma pessoa precisa é de um sorriso ou um piscar de olhos ternos para que seu dia melhore.

Anotei tudo o que fiz na ficha do meu mais novo paciente e guardei meus arquivos. Varri os resíduos das coisas que usei, desinfetei meus equipamentos e lavei a louça que usara para fazer a vitamina. Enxuguei minha testa com o antebraço e sequei meu peito com uma toalha. Suspirei e sentei numa cadeira para descansar um pouco. Debrucei sobre a mesa e caí no sono. Eu estava exausto.

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 Eu estava com o macacão dobrado pela cintura, ou seja, meu peito estava nu, assim como os gominhos do meu abdômen. Estava calor pra mim aqui dentro e como não tinha ninguém, até o momento, achei propício desnudar-me um tanto. Alias, eu detesto andar de roupa, seria uma boa se liberassem o nudismo um dia desses no acampamento ou sei lá... Quando tiro a roupa, eu me sinto conectado com minha mãe, é só por isso que detesto coisas grudando em meu corpo. Mas enfim, alguém estava me pedindo ajuda e eu preciso ajudar.

O garoto disse que se chamava Aragom, e eu senti uma energia que não combinava com a minha vindo dele. Era meio agressiva, então supus que ele era ceifador e, pelo cheiro de Fraxinus ornus, mais conhecido como freixo, a flor característica de Ares, concluí que ele era filho da guerra. Então, já sabendo essas características, já sabia como lidar com os ferimentos do garoto, sem que ele me diga mais detalhes sobre o assunto - Deita ali... - falei sem olha-lo, apontando uma maca vazia. Levantei-me de minha mesa e fui até meu jardim particular para criar um pouco de flores de freixo para um medicamento eficaz e um pouco de papoula, já que Thanatos e Hipnos dividem a mesma flor simbolo do sono e da morte. As colhi e trouxe pra dentro da enfermaria para fazer uma pasta com própolis e um pouco de aloé vera para a cicatrização. Deixei de lado a pasta e fui bater uma vitamina de mel, açaí, trigo, papoula e freixo, com um ovo e leite de ovelha, pois além dos ferimentos, eu notei que ele apresentava um pouco de cansaço e essa minha vitamina cheia de energia, iria dar um UP na aparência dele e ajuda-lo a se sentir mais forte.

Quando tudo estava pronto, levei o suco grosso para que Aragom pudesse beber - Olha, bebe isso aqui. Vi que você tava meio abatido e isso vai te dar animo e tal... - disse lhe entregando o copo grande de 500ml. Ele tinha uns cortes no rosto, como ele dissera e aparentemente era só isso - Só no rosto, ou tem mais algum ferimento que não quer me contar? - disse sério aproximando um banquinho pra perto da cama dele, assim como minhas coisas do kit médico que eu tinha. Na mesinha de equipamentos havia a pasta feita especialmente para o garoto, assim como linha e agulha para a sutura, algodão e etc etc... Eu precisava saber de tudo antes de começar a cura-lo por completo.

Help

 Ele bebeu tudo e enquanto falava sobre só ter o ferimento no rosto, senti o cheiro dele para ver se não havia outra complicação, mas não encontrei nada. Molhei meu algodão no álcool e levantei, me inserindo entre as coxas do rapaz. Espero que ele não estranhe, é que eu tenho um pequeno defeito de aproximação repentina. Enfim, encostei minha testa na dele, antes de fazer qualquer outro procedimento, olhando fixo em seus olhos, enquanto passava a mão por baixo de sua camiseta, para sentir a temperatura de seu peito... Fiquei ali um instante e, como repentino foi, repentino se foi - É, não está com febre - falei sorrindo, ignorando o arrepio que eu sentia. Estar com um ceifador me fazia... digamos... um mal que eu devia ignorar - Olha, Aragom, é isso né? - me referi ao nome dele, olhando-o de canto enquanto limpava seus cortes com o algodão encharcado - Me chamo Albafica a propósito e, vou ter que suturar só um dos cortes, os outros são superficiais e uma bandagem simples dará conta do recado - avisei.

Espero que não tenha ardido tanto a limpeza, pois agora vou passar a pasta de própolis, aloé e freixo em cada ferimento e, vai arder um pouquinho - Se doer avisa.... - comentei distraído com o meu trabalho. Própolis é um ótimo cicatrizador, assim como aloé vera. O freixo iria potencializar o resultado já que é a flor divina de Ares. Assim que acabei dos mais superficiais, coloquei uma gaze e prendi com esparadrapo, mas em menos de dois dias o ferimento já estaria curado. Para o outro que sobrara, estiquei uma linha biodegradável e dei dois pontinhos bem apertados ao longo do corte. Passei a mesma pomada e cobri com gaze também. Baguncei os cabelos do ceifador e dei dois tapinhas de leve em sua bochecha - Hum... Acho que fiz um trabalho muito bom - fiquei olhando para o rostinho dele e assenti - É... ficou bom... - concluí.

S.O.S

 Fui limpando o lugar enquanto ele me perguntava o quanto seria o pagamento. Na verdade eu não fiz muita coisa nele e, como é a primeira vez que ele vem, não vou cobrar tão caro assim. Até mesmo porque, como eu já disse, ele nem precisava tanto da minha ajuda e tal - hum... tem 50 dracmas ai? - disse dando de ombros, ajudando o garoto a descer da maca.

S.O.S

 Recebi o saquinho do garoto e sorri agradecido. Ele se foi e a energia que me fazia mal se fora junto com ele. Não que eu não curtisse o garoto, mas é que estar lado a lado com um, me deixa irregular. A mesma coisa aconteceu quando eu tive que combater Andrew na floresta. Enfim, deixei esses pensamentos de lado e fui fazer o que eu tinha que fazer: Uma ficha médica de Aragom, assim como organiza-lo entre os restantes das outras fichas que eu tinha ali...

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Fazia um tempinho que ninguém comparecia aqui. Entretanto, a pessoa que menos esperava pisar em minha tenda novamente, havia entrado pelas portas da minha enfermaria. A voz dele me dava alegria e o cheiro de pinheiro que ele tinha, somado às células de ions que emanavam dele, me deixavam com uma faísca de felicidade. Quando olhei para trás, vi meu primo todo machucado e mesmo assim eu o abracei forte e enchi seu rosto de beijinhos bobos e estalei seus ossos da coluna - Nossa quanto tempo, em que posso ajudar Primo? - falei animado e meio sem graça. Eu sei que as coisas entre nós terminaram ruins, mas eu ainda amo meu priminho... Ele é família e tal. Apontei a maca e sugeri que ele deitasse ali para que eu pudesse examina-lo e conferir os danos para que eu restaure suas feridas.

O garoto se deitou e me mostrou seus dedos roxos da mão e seu pé com um dedinho torto. Sorri e arregalei os olhos. Puxei uma cadeira até seus pés e lhe dei um beijinho no machucado. Estava quente, mas tudo daria certo no final, era só eu puxar e - Pronto, nem doeu - falei depois de destroncar o dedo dele e puxar rapidamente e com força até que seu dedo estalasse e voltasse pro lugar que estava antes. Eu acho que não deve ter doído, mas de qualquer forma eu vou enfaixar direitinho para que ele não mexa muito o pé. Peguei a faixa no meu kit e pouco a pouco fui prendendo os dedos dele no lugar, até que seus ossos ficassem no lugar que deveriam estar.

Logo em seguida, rolei a cadeira até o lado da maca onde estava sua mão quebrada e sorri - Então... me diz o que houve aqui... - perguntei tocando seu machucado com leveza.

Ele me explicou o que havia acontecido e no mesmo instante apliquei uma injeção anti-inflamatória para que não houvesse mais problemas ali. Beijei o dorso da mão do garoto e subi minha cabeça até que eu mordesse seu ombro - Olha Henrico... não tá tão grave assim, mas.. não soque coisas mais duras que seus ossos... - sorri e baguncei seus cabelos acobreados. Ele é tão bonito que as vezes me dá vontade de morde-lo. Sua pele branquinha, olhos azuis como os céus... Pisquei algumas vezes e passei a mão pelo seu peito e voltei a sentar-me na minha cadeira. Enfaixei sua mão bem forte para que seus ossos se conjuntassem novamente e usei um pouco dos meus poderes de cura para restabelecer o ferimento do meu querido Henrique. Uns floquinhos de luz brilharam no ar e eu acho que ele devia ter sentido paz.