Escolta - Christian - Corrida Maluca

Era uma noite como qualquer outra. Christian estava assistindo um pouco de TV para clarear a mente e havia um hotpocket no microondas. A porta de sua casa abre-se as pressas e o pai do garoto surge com o rosto corado de álcool. Alegre e um tanto melancólico, o homem desaba coisas sem sentindo pra cima do filho - Monstros estão vindo de todos os cantos pra te buscar, tenho que te levar logo para o acampamento, sua mãe me aconselhou já faz muito tempo... - ele soluçou e caiu no chão, pois acabou perdendo o equilíbrio. Christian calmamente pegou seu lanche e encostou na parede vendo a decadência de seu pai - sua mãe é uma deusa muito sábia Chis... - soluçou novamente e arrastou-se para pegar as chaves do carro. O pai do garoto o pegou pelo braço e começou a arrasta-lo pra fora de casa.

O pai do garoto deu partida no carro, engatou a ré com um pouco de dificuldade e tirou o carro da garagem sem muitas dificuldades. Ele apenas derrubou um balde de tinta e alguns cacarecos velhos do lugar. O carro deu um salto quando passou as rodas pela calçada, fazendo Christian bater a cabeça no alto. Por sorte o cinto de segurança o segurou, ou ele teria saltado para o banco de trás do veículo. O homem buzinou por três vezes longas e começou a balbuciar coisas sem sentido de física. O garoto, apesar de inteligente, mal conseguia acompanhar os raciocínios do pai e acabou se irritando mais ainda. O primeiro farol estava fechado e o veículo passou reto, sem dar satisfação para quem passava. O pai do jovem quase acabara de matar duas velhinhas e bater o carro numa motocicleta - Tenho que te levar lá em segurança - repetia o homem incessantemente. Quase como um mantra.  O pai do menino olhou pelo retrovisor e percebeu algo estranho. Christian olhou pelo espelhinho do seu lado e notou um carro elegantemente branco segundo o carro do pai. Quem era? Quem sabe um desses monstros que seu pai tanto falava. 

Dois faróis seguintes, um cruzamento e uma virada brusca na contramão fizeram o garoto se agarrar no banco onde estava. O carro branco não parava de os seguir, era como uma sombra impossível de se livrar. O pai de Chris não era um piloto de fuga, mas nesse estado bêbado em que se encontrava, o homem realmente tinha alguns reflexos rápidos e inesperados para um homem alterado alcoolicamente. Chambers olhou para fora um instante e notou um garoto de cabelos brancos, pele doentiamente alva e olhos azuis pálidos. O garoto saltava no meio da multidão. O pai de Christian virou a primeira direita e saiu da cidade, rumando por uma estrada sem muitos veículos. o carro chegava a 100, 110, 120, 130, 140 km/h e subindo. O perseguidor estava ficando para trás, mas ainda insistia em seguir - Mostro, deuses, acampamento, monstro, deuses, acampamento.... - o pai do garoto repetia a mesma coisa por diversas vezes. 

O carro em que Chris estava, corria a marca dos 190 km/h. O veículo já se desmantelava e a poucos quilômetros de distância era obrigatório fazer uma curva fechada em ziguezague. O carro branco já desacelerava, mas o pai do garoto permanecia louco e bêbado, sem que seu mantra "Monstro, deuses, Acampamento" se interrompesse. A curva se aproximava e em poucos segundos toda aquela angustia terminaria. O pai de Christian virou o volante de uma vez e tudo de repente parou. O homem físico virou o pescoço para seu filho e o admirou por instantes que pareciam eternos. Esboçou um sorriso e tentou alcançar o rosto de seu garoto, seu filho, seu único bem.  Tudo chacoalhou e o pior realmente aconteceu.......... CRASH!

O acidente completou-se quando o carro parou de funcionar. O veículo estava de cabeça para baixo e o pai do garoto se esmagava pelo volante. Os ossos das pernas do pai do garoto estavam quebradas e com os ossos expostos. A camiseta do homem ensaguentada e cheia de vidros fincados em sua pele. Chambers estava pendurado e apesar da capotagem, o menino escutou um outro carro parando perto dali. Chris desejava que fosse ajuda, mas temia que fosse o carro branco estacionando por ali. O garoto ouviu passos vindo em sua direção plac plac plac... como se fosse uma mulher de salto. O importante agora era o menino sair do carro o mais rápido possível.

Uma mulher elegante. coxas torneadas escondidas por um pano de saia branco, bustos avolumados contidos por uma camisa preta e cobertos por um blazer branco como a saia. Óculos escuros cobriam olhos enigmáticos sobre a pele branca. Salto alto negro do tipo agulha e cabelos tão castanhos como um rio de chocolate. Lisos como fios de seda. Sua franja estava de lado, presa por uma presilha vermelha de morceguinho. Sua boca era bem vermelha e chamativa. Christian a olhava e sentia-se meio que atraído pela beldade. Ela era linda. A mulher mais linda que Chambers já havia visto. Ela deu mais três passos e parou numa pose de modelo desabotoando os botões do blazer - Finalmente pararam... detesto andar de carro - comentou a moça ajeitando a saia - Christian né? - disse a mulher balançando os cabelos. O garoto não sabia quem a moça era, tampouco entendia o que ela queria. Os olhos do garoto percorreram o lugar e fitaram que a porta do banco de trás do carro branco estava aberta, portanto deveria ter mais alguém ali dentro. Talvez o chofer dessa mulher - Posso chamar de Chris? -disse a moça colocando os óculos escuros por cima dos cabelos achocolatados e sorrindo estonteantemente.  Seus olhos se abriram e mostraram ao garoto um olho vibrantemente violáceo e outro vermelho como o sangue de seu pai que manchava o asfalto. 

A moça cruzou os braços e soltou um risinho bobo. Seus cabelos perfeitos não se despenteavam no vento e seu espírito parecia não se abater por nada. A mulher deu mais alguns passos em direção do garoto e abriu um sorriso estonteante - Seu pai estava atrapalhando os negócios, foi bom ele ter morrido e - a moça chegou até perto do menino e lhe tocou o peito com ternura e sensualidade - Vem... vou te levar para o acampamento... - disse ela sussurrante e melosa. Chambers achava aquilo muito falso, mas a voz dela era tão irresistível que o garoto até deixou-se levar por parte da afirmação da beldade. Ela não se apresentou, não mostrou credenciais e tampouco mostrou respeito para o homem brutalmente morto ali dentro do carro. Christian não tinha nada para se proteger, mas seus olhos, de relance, ao fundo, bem distante por detrás de uma árvore, aqueles mesmos olhos que fitara na cidade. Azuis pálidos. Quem seria aquele garoto? O que fazer com esse convite? Quem é essa mulher? eram tantas dúvidas que o garoto teria que pensar rápido e tentar contornar a situação antes de ceder aos caprichos de uma mulher linda e entrar num carro desconhecido.

O garoto iniciou sua corrida, mas a mulher velozmente catou seu pulso e o impediu de correr. Apesar da aparência frágil, a beldade era bem mais forte do que aparentava ser. Seus dedos cravavam-se ao redor da pele do garoto e o mesmo podia sentir seu metatarso sendo esmagado aos pouquinhos - Teimoso - disse a moça com uma voz diferente da anterior. Não era mais aveludada e convidativa, era uma melodia um tanto mais pavorosa e aterrorizante. No mesmo instante, o desconhecido de olhos pálidos desaparece de seu esconderijo. Christian arregala os olhos e crê que aquele seja seu fim. O talho em sua testa recomeça a vazar, deixando parte de sua visão comprometida. O garoto lentamente era arrastado pra dentro do veículo branco contra a sua vontade. Um brilho dourado cruzou o céu noturno e o menino que estava sendo sequestrado, de relance estende a mão e consegue alcançar um objeto - uma adaga de bronze - como ele teve reflexo pra isso? nem ele sabia. E quem jogou o item? tampouco. 

No susto o garoto conseguiu arrancar a mão da moça que lhe segurava. O menino olhou para trás e arrepiou-se com o grito que a mulher dera. Era tão estridente que o interior do garoto estremeceu-se e em sua mente o acidente de seu pai fora revivido por centenas de vezes. O senhor Chambers não era a pessoa mais indicada para ser chamado de pai, mas era a unica família que Christian conhecia, e por mais que o jovem seja uma pessoa centrada, aquilo lhe doía. Porem, o pior não foi reviver os últimos momentos de vida de seu pai e sim, notar que o cotoco da beldade se reconstruía de forma magnificamente inexplicável. Em questão de segundos uma nova mão, tão bonita quanto a anterior estava ali plantada - Linda né? - exibiu-se a morena de olhos coloridos - Não sou igual a esses monstros que vos persegue, meio-sangue - afirmou jogando os cabelos ao vento - Eu sou uma Vrykolaka, uma vampira grega - colocou as mãos na cintura e a alma do jovem pareceu ser drenada novamente. Chambers não sabia se a mulher estava brincando, mas tinha plena certeza que aquela moça era perigosa. 

Não se sabe onde o garoto se fazia crer que poderia acertar um vampiro grego com tanta perícia. A vrykolaka cria uma ilusão tão perfeita que o garoto crê que conseguiu derrotar a vampira. Christian abre um sorriso, mas logo se desfaz do mesmo ao sentir uma dor enorme em seu coração. Uma dor aguda e profunda que a cada segundo o destruía por dentro - Nos prometeram a alma de um meio-sangue - ecoava a voz da beldade na mente do garoto. Chambers não a via em lugar nenhum e por mais que a procurasse, ele não era capaz de encontra-la. De repente tudo voltou a ficar em câmera lenta e o garoto sentiu a lateral do corpo receber um chute forte. Tão forte que seu corpo foi lançado de volta ao carro onde seu pai havia sido esmagado pelo acidente. Quem lhe chutara? provavelmente a vampira grega. Christian abriu os olhos com dificuldade e viu a beldade de olhos coloridos sentada no ombro de um vulto embaçado. Porem a julgar pela aparência, devia ser o guarda costas da vrykolaka - Semideuses são fracos assim? - disse a mulher gargalhando alto no meio da noite. 

A moça de cabelos castanhos salta do ombro do grandalhão e joga os cabelos para trás. Abre um sorriso encantador, mostrando seus caninos afiados como agulhas. Seus olhos coloridos eram enigmáticos e toda vez que Chambers olhava diretamente para eles, sentia seu espirito se abater, como se sua energia viva se esvaísse de si. Não era doloroso, apenas cansativo - Você não sabe o que é um semideus, mesmo sendo um? - a mulher bufa e coloca as mãos na cintura - Nos deram o pior deles Karloi - comentou chateada se referindo ao homem cheio de músculos. O grandalhão apenas emitiu um suspiro e não tirou os olhos do rapaz. 

Christian, agora com a visão não tão embaçada e sentindo um pouco menos de dor, pode reparar melhor em Karloi: Ele parecia ter 1, 90 ou 2,10 metros, ou algo em torno disso. Seus músculos era enormes como melões e bem definidos como se Chambers estivesse assistindo um filme em alta definição. Assim como a mulher, Karloi se vestia como um modelo de ponta e, olha, mesmo não sendo homossexual, ficou pasmo com tanta beleza que o vampiro ostentava. Cabelos negros como a noite, bem cortados e jogados pro lado. Seus olhos eram tão azuis quanto uma estrela brilhante, nariz avantajado e marcante como os italianos e lábios perfeitamente inseridos. O rosto sério banhado pelo luar o deixava mais atrativo ainda. A vampira agarrou o braço do monte de músculos e abriu outro sorriso radiante - Me chamo Veronika, eu e Karloi somos Vrykolakas, vampiros gregos - a moça piscou e molhou os lábios - Não tomamos sangue como os vampiros comuns, nem de orgasmos como os Inccubos e succubos, mas... sua alma é tentadora e o seu coração pulsante é um ótimo estimulante - completou. 

Christian arrepiou-se todo, mas não arredou o pé. A adaga de bronze estava bem ao seu lado - De qualquer maneira, nós nunca atacamos semideuses, tampouco achamos vocês atrativos como os monstros gregos... mas desde sempre quis provar uma alma parte divina, não é Karloi?! - disse a mulher efusivamente. O grandalhão estalou os dedos e se preparou para agarrar Chris. A questão era: será que o menino deus será capaz de fazer alguma coisa? Enquanto ele pensava várias formas de estratégia, Karloi disparava. 

Tudo aconteceu muito rápido depois do período lento em que Karloi se encontrava. O garoto desviou-se com sucesso, mas o carro acidentado foi novamente amassado. Noutras palavras, o senhor Chambers acabou morrendo uma segunda vez. Sangue espirrou pelo asfalto e algumas peças foram lançadas longe. Christian rolara pelo corpo do vampiro e quando conseguira encaixar a adaga em seu pescoço, a morena já estava para ajudar seu "amigo" na batalha. Veronika empurrara com as palmas das mãos a lateral do tronco do menino deus. Ian começou a ser lançado e num piscar de olhos, Karloi também já estava alcançando a gola da camiseta do jovem meio-sangue. O garoto sentiu um tranco, pois as forças de empurra e puxa foram anuladas de uma vez só. Chambers sentiu uma tontura e num susto viu o punho do vampiro caminhando em sua direção. Veronika ria copiosamente. 

Em questão de segundos tudo estaria terminado e Chris viraria apenas uma diversão para os vrykolakas. O menino fechou os olhos e quando os abriu, um garoto, ou bode, ou os dois, acertava Karloi no meio do peito, ao mesmo tempo que fatiava a mão que segurava a roupa de Christian. O vamapiro voou longe, chocando-se com um rochedo próximo. O vampiro cravou em meio as pedras e Veronika olhou furiosa pra o que ocorreu. Chris havia sido salvo pelo mesmo menino albino que vira anteriormente. Quem ele era? impossível dizer. 

O garoto alvo como a neve e metade bode albino, com cabelos brancos e olhos claros como cristal dava de costas para Chris. Seus cascos eram negros como ferro estígio e em suas mãos arma alguma havia. Seu rosto era sério e calmo, como se ele não deixasse sentimento algum transparecer - Lacaile, seu protetor - disse o sátiro sem mais delongas. O protetor jogou a adaga pra perto de Chambers e balançou a cabeça para que o menino cuidasse da vampira. O bode bateu os cascos no asfalto e disparou contra Karloi. 

Christian ainda tinha um talho na testa e o mesmo sangrava por cima de um de seus olhos. Um sangue tão vivido que deixaria qualquer vampiro louco de desejo, mas Vrykolakas não eram vampiros comuns, eles eram gregos - Vem docinho! - provocou Veronika com um sorriso diabólico. Suas unhas estavam avermelhadas e seu corpo se movia com velocidade pra cima do semideus. 

Informações sobre Lacaile >> https://gods-and-demigods.forumeiros.com/t480-os-npcs-personagens-nao-jogaveis#14003