The Ripped Mouth Woman - Missão para Giordano e Karol

The Silence Ivory One

Meus dias são sempre chatos quando não estou com meu pedaço de primavera, vulgo Giordano, ou quando não estou treinando para melhorar. Porem, eu havia pego emprestado um livro com alguns filhos de Atena. Não pedi emprestado, mas eles compreenderam meus sinais de libra (gesto de surdo mudo). O fato era que eu passei o dia inteiro fazendo nada, esperando algum sinal de vida do meu Gio, mas nada dele aparecer ou dar sinal de vida, então eu comecei a ler o tal livro que peguei emprestado. Peguei um copo d'água, o livro e desabei onde pude.

Eram quase 18 horas quando cheguei nos contos de terror japonês. Nunca havia me interessado na cultura oriental, mesmo morando perto desse povo esquisito. Enfim, eu havia me interessado por essa moça bonita que usava máscara. Eu ainda não sei pronunciar o nome, mas ainda bem que não precisam me escutar pronunciar, pois não falo. Mas mesmo em pensamento, o nome da mulher de rosto cortado me travava. Era como Kuchinosa, Kuxiosa ou mesmo Kuchisa.....sa.... ke? Kuchisake onna, se não me engano. Ela tinha uma história basicamente triste, mas o fato de uma palavra se assemelhar a outra em sua pergunta, foi o ápice da história. Imagina se no meu idioma a palavra bonito fosse quase igual a cortar? Sei lá, estranho. Eu só sei que gelei quando bateram na minha porta enquanto lia esse final.

Eu estava sozinho no chalé. Meus irmãos haviam saído, inclusive o deusinho Pagos estava fora. Coloquei o livro de lado, dei um tapa nos meus cabelos sem vida e engoli o copo d'água de uma vez. Arrumei minha camiseta listrada de manga comprida e atendi a porta com um sorriso silencioso. Porem.... É.... Nada havia ali. Ninguém estava ali para ser atendido. Achei estranho e quando fui fechar a porta, havia um bilhete cravado com uma tesourada na mesma. Meus olhos ficaram estáticos e eu engoli em seco "Mas o que é isso?" - pensei arrancando o bilhete relendo o que havia nele.

"Você me acha bonita?"

Era tudo o que tinha no bilhete. Era tudo o que tinha na porcaria do bilhete. Minhas pernas tremeram e eu deixei o papel cair, fechando a porta do meu chalé. Meus olhos estavam arregalados e miravam todos os lugares tentando obter respostas. Meu coração estava disparado e minhas extremidades tremiam de medo. Meus pelos clarinhos estavam de pé e minha pele arrepiada. Eu devo avisar o senhor D. antes que algo ruim aconteça comigo ou com os campistas daqui. Dobrei o papel e enfiei no bolso. Subi as escadas para recolher as minhas coisas e desci as mesmas voando, sem prestar atenção no que eu fazia. Dracmas, algumas armas, meu bracelete caso eu encontre Gio e claro, minha aliança. Abri a porta do meu chalé e fechei com tudo, correndo até onde eu achava que devia ir.

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❉ Under my white skin, my blood runs red ❉

The Silence Ivory One

Assim que cheguei na casa grande, bati na porta e entrei como se eu fosse um vanda-lo, mesmo sabendo que o senhor D. poderia me destruir com apenas um olhar se ele assim quisesse. Porem meus sentidos sumiram quando vi aquele que poderia trazer o calor ao meu corpo e as flores permanecerem vivas ao meu redor. Meu bracelete até pareceu responder à presença do meu querido filho de Deméter. Por um instante eu me obriguei a esquecer os problemas e me deleitar de uma breve felicidade. Fazia muito tempo que não o via e, fazia muito tempo que eu o desejava nas minhas noites frias. Porem eu não estava aqui para me fazer feliz por instantes, pois eu aprendi que a vida de um meio-sangue pode num minuto estar bem, mas no segundo instante acabar de uma vez.

Enfim, apesar da minha felicidade, o deus do vinho não conseguia acertar o meu nome e muito menos o do Giordano. Até me chamou de Kassandra! Tenho certeza que meu namorado deve ter sentido as vibrações de raiva da minha cabeça pensante, pois eu não gosto que me chamem de menina, apesar do meu nome ser de garota para esses americanos bobões. Entretanto minha atenção voltou-se para o que o homem-deus tinha para dizer. Basicamente as divindades japoneses estão com problemas com um de seus fantasmas e espíritos. Pelo que dizia o livro que estava lendo e pelo que Dionísio estava dizendo, parece que teremos que combater a tal moça da boca rasgada - Kuchisake-onna - pensei tão alto que quase pareci falar. Meu corpo tremeu, mas eu devia juntar a pouca coragem que eu tinha para mostrar aos deuses, principalmente minha mãe e ao homem que amo (toquei os joelhos de Giordano), que eu posso ser um herói. Peguei as passagens, mas deixei o vinho para que Giordano carregasse. Ele é mais simpático do que eu e tem um dom que eu não tenho que é a habilidade de falar.

Assim que saímos da casa grande, dei um beijo apaixonado no garoto loirinho (é, ele está loirinho, cortou o cabelo e ficou bem bonito... Nem parece filho de Deméter de tão arrumadinho que está), e lhe dei um abraço caloroso. Apesar de ser uma missão de mão única, eu ainda tenho tempo para lhe dizer com gestos mudos que eu amo esse garoto. Vai que eu levo uma tesourada e morro?! Espero que não ocorra, mas tudo pode acontecer nessa missão. Bom, na verdade eu não sabia o que iriamos enfrentar, mas tudo indica que seja uma moça linda com máscara e pelo que li no livro, tudo indica que será a tal Kuchisake.

Enfim, Argos estava na frente nos guiando até o carro que nos levaria até o aeroporto mais próximo. Não gosto muito de avião, mas se é o único transporte viável para a viagem, não posso mostrar fraqueza. No carro, fiquei olhando a janela, distraindo a minha mente pensante. Pra quem tem 80 anos, pensar é uma das melhores maneiras de se distrair. Comigo, apenas uma mala lateral para levar minhas coisas e minha mão com dedos entrelaçados aos dedos de Giordano. Assim que chegamos ao local, caminhei junto ao pequenino do meu querido filho da natureza, sentindo seu cheiro delicioso. Dei pra moça as passagens, os documentos e caminhamos até o embarque rumo ao Japão - Gio, segura minha mão lá em cima? tenho um pouco de medo - pensei tímido, deixando minha vida nas mãos do menino...

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The Silence Ivory One

A viagem durou muito tempo mesmo, mas eu acabei dormindo na maior parte do tempo e como eu estava segurando a mão do meu anjinho de folhas, eu tive sonhos muito bons. Eu acordei uma ou outra vez pois a aeromoça serviu lanche umas quatro vezes se não me engano. É, a viagem foi longa. Eu acho que Giordano pode sentir os meus sonhos proibidos, pois os meus pensamentos estão ligados com os dele e tudo o que eu penso (mesmo em sonho, eu acho), ele pode "ouvir". Hm, foi uma viajem boa até. Não curto voar, mas foi legal estar ao lado de quem eu amo numa jornada mortal e, talvez sem volta.

O fato interessante é que quando acordei na ultima hora, Gio estava descansando como se não houvesse com o que se preocupar. ele estava  tão bonito com os olhos fechados, tão frágil e suave que parecia ser feito de porcelana e se eu o tocasse, poderia quebrar. Ele parecia uma pintura, uma obra prima feita por Deméter. O pai dele parece ser lindo também. Sorri com tudo o que vinha em minha cabeça e o fiquei olhando até que de repente pousássemos. Ele acordou, algumas coisas foram faladas e desembarcamos com nossas coisas.

Do lado de fora do avião, haviam várias pessoas iguais na aparência se olhasse por cima. O povo japonês é muito homogêneo e naquele mar de gente meus olhos quase transparentes me confundiam. Tinha umas pessoas tão bonitas e diferentes que até corei quando vi umas moças de uniformes parecidos. Eu queria usar uniforme quando era mais novo, mas não precisei. Na verdade eu usei um bem fofo quando era menor, ou seja, a muito e muito tempo atrás. Fiquei até corado com a lembrança: era um terninho azul escuro como se fosse um uniforme do exercito. Tinha chapeuzinho e tudo. Fiquei sonhador por um tempo, mas assim que notei o rosto coberto por máscaras - Kuchisake-onna - pensei tremendo. Automaticamente agarrei a ombro de Gio, me colocando atrás dele. De alguma forma ele me acalmava de tal forma que quando percebi, eram só colegiais mesmo.

Depois que rolei os olhos em todas as plaquinhas, consegui ver algo que parecia ser direcionada para gente. Dionísio não nos disse quem nos receberia, mas lendo o que tinha ali, me deixou mais aliviado. Cutuquei meu namorado, puxando a barra de sua camiseta, cutucando para o garoto alto japonês. Quando nos aproximamos, o menino era muito alto e meu pequenino parecia um anão fofinho que eu adoraria abraçar e levar pra casa, mas ainda não era hora. O moço tinha um nome divertido, mas eu não posso fazer nada, pois para o resto do mundo eu tenho nome de menina. Balancei a cabeça e pedi mentalmente que Gio nos apresentasse, já que eu não falo absolutamente nada. Porem, depois que isso aconteceu, meu namorado baixinho partiu par ao banheiro, me deixando sozinho com esse garoto alto e.... hum.... é... bonito O\\\O

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