1º EDIÇÃO dos JOGOS OLIMPICOS {Convocados}

I'am Lola Skyfiut

Cobra Maldita! Porque essa peçonhenta não pode morrer? Enquanto eu esperava Alba - não digo pacientemente porque eu andava em círculos no buraco - senti duas pontadas horríveis em minha perna me deixando em uma reação rápida. Choque. Acho que estes foi um dos meus ataques mais rápidos. Uma onda elétrica percorreu meu corpo passando rapidamente a minha perna e aos dois pontos de ardor, revirei meus olhos para onde havia acertado a eletricidade e vi a cobra deitada no chão, digamos que vários pensamentos ruins passaram por minha mente mas nenhum deles foi preciso dizer.

A parte boa de tudo isso é que alguns fios de cabelo escuro apareceram e logo depois um rosto. Um tanto quanto suado e com um olhar muito preocupado estendendo a mão para mim. Alba conseguiu escapar do Cão infernal mas parecia ferido. Assim que eu sai do buraco, minhas pernas tremeram e eu despenquei no chão . Estava contida de dor, não física, mas emocional; O desespero se alastrava em minha mente, minhas mãos tremiam e lágrimas começaram a cair de meus olhos. "Eu só estava tentando ser forte" choraminguei em pensamentos. Por mais que de meus olhos saíssem algumas gotículas salgadas, minha expressão continuou dura até eu me levantar e ver Alba no chão. Ele estava ferido e eu não sabia como aquilo havia acontecido, mas sinceramente? Não parecia bem uma mordida.

- Você precisa de ajuda - falei enquanto o erguia para caminhar.

Aos poucos, fomos andando em direção a onde tínhamos nos abrigado. Olhei para a água que ele trouxe para nós e tomei um gole. Estava ficando tonta, minha vista parecia estar em dobro. Talvez, fosse somente o desespero. Tentei me controlar ao máximo com a minha dor para ajudar meu parceiro. Molhei um pouco das minhas mãos implorando que o ferimento não fosse profundo, mas estava errada. Assim que meus dedos molhados tocaram a superfície de sua epiderme, conseguia achar um grande buraco em ambas partes machucadas de seu corpo, parei bruscamente minhas ações com uma surpresa Ouvi uma voz de fundo me chamando, e eu conhecia. Era Ryan. não. Eu estou ficando louca, Ryan morreu, por minha causa. Alba parecia um pouco surpreso com minha cara e eu voltei a trabalhar em seu ferimento. Minha tontura estava piorando. Me levantei assim que limpei seus ferimentos e peguei um galho firme de madeira. com a minha boca, comecei a afina-lo cada vez mais até conseguir uma espécie de mini lança. Uma sombra passou em minha frente, aquele cheiro, eu o conhecia. "Pare Lola, você está ficando maluca!"

- Eu sei, ok? sei que vai doer. E por favor, me perdoe por ser fraca e não conseguir cuidar direito de você. Seus ferimentos estão graves, e se eu não tivesse corrido, você poderia estar bem. - novamente, o choro, eu estava segurando todos os líquidos possíveis que pudessem que pudessem descer por meus olhos - Sei que não tem como esterilizar tudo aqui, mas deu para limpar o ferimento. - segurei uma de suas mãos e com a outra eu puxei algumas linhas de minha roupa e as amarrei em minha mini lança. - Vou tentar fechar seus ferimentos fazendo alguns pontos. Vai doer, eu sei, mas vai ser melhor esta dor do que uma infecção. Prometo que vou tentar fazer o máximo possível para ser rápido e indolor.. e. ah. Obrigada por tudo - dei um beijo em sua testa.

Sentei em cima de Alba, sabendo que aquela não era uma cena agradável. Mas, caso ele se mexesse, eu poderia feri-lo em vez de ajuda-lo. A perna de Alba parecia maior, e tinha as mesmas cicatrizes da de Dona Gisele, até a tatuagem de cruz invertida.. Fechei meus olhos com força tentando afastar a imagem, e assim que abri novamente aquela imagem havia sumido. Ok, eu realmente estava enlouquecendo. E minha tontura havia piorado, a minha maior vontade era vomitar a maçã e o que eu havia comido a um dia, dois, ou sei lá quanto tempo atrás; Eu precisava agir rápido. Comecei aos poucos fazer os pontos em Alba, e fechar todos os cortes. De tempos em tempos eu parava tapando os ouvidos de vozes estranhas e imagens. Era o ultimo ponto. Eu já nem sabia se a cor da minha mão era azul ou rosa, e se as unhas dela pareciam a de um cão infernal.

- Foi você que o matou. - era a voz de Alba e eu me levantei correndo indo para trás - Você matou Ryan, Lola.
- Cale a boca! - gritei mas ele não parou. Repetia as palavras, "você matou Ryan" - Alba! Cale a boca se não eu te mato! - lágrimas escorriam dos meus olhos.

A cena me surpreendeu. O rosto de Alba se transfigurou na de Ryan e seus olhos escorriam lágrimas de sangue. A mesma cena de quando ele morreu em minhas mãos. Um garoto indefeso, que eu podia ter protegido e levado junto comigo.. Novamente o rosto de Alba. Ele parecia assustado, mas estava de pé. O ultimo ferimento estava aberto em sua perna mas não parecia grave, eu havia feito um bom trabalho. O maior problema agora, não era ele. Era eu. Olhei para a picada de cobra em minha batata da perna e ela continha flores saindo, as flores que eu coloquei no velório de Ryan. Fechei os olhos com lágrimas. Não, não haviam flores. O local estava inflamado, avermelhado e um liquido amarelo escorria de minha perna. O liquido se transformou em uma cobra, que saia do buraco. Ela se aproximou de meu rosto

- vosssê o matoou Lola Sssssskyfiut - fechei os olhos novamente.

A ilusão havia sumido e eu sabia, estava sendo consumida por um veneno de cobra. E cada vez mais, a realidade e a ilusão se misturavam, Alba não era Alba, era Ryan, Gisele, o mercador que tentou me estuprar, minha tia de coração Todos mortos que vieram me atormentar. Eu queria matar Alba, mas não Alba. A ilusão que vinha dele. Aproveitei um momento de lucidez.

- Alba! - gritei desesperada - Fique longe de mim! Por favor! A cobra, por favor! - na verdade, eu mal sabia se realmente estava falando.

Me levantei correndo, tentando me posicionar para Oeste olhando para o sol e comecei a correr, esperando que Alba pelo menos me vigiasse. As arvores riam para mim. " Você o matou princesinha". Tapei meus ouvidos enquanto corria. Precisava me aproximar da cornucopia, pelo menos, chegar perto das águias elétricas. As ilusões iam piorando e várias águias iam aparecendo. De fogo, água, palhaços. Eu não conseguia distinguir o que era verdadeiro ou não. Subi em cima de uma árvore na esperança de que aquela águia que eu havia visto era realmente do meu pai. A segurei com minhas mãos na melhor agilidade que eu tive e cai no chão, sentindo ondas elétricas percorrendo meu corpo. O pássaro de Zeus tentava me atingir, e aquela eletricidade poderia me curar. Eu só não sabia, se o que estava acontecendo era real, ou não.

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Aos poucos, as imagens foram sumindo da minha mente. Ryan, a professora malucas, as arvores que falavam e claro, a cobra que não parava de me ameaçar, sumiram. A sensação de entender a realidade e as ilusões colocadas em minha mente era ótimo. Agora, já não gritava mais com Alba e o ajudava com minha perna, creio que fiz o maior esforço para não chorar. A dor passara e isso, havia sido substituído por.. nada.

Deve ser assim né? Não. É normal não sentir a perna. Depois de um tempo eu me sentia bem melhor, mas não tive coragem de levantar e também não havia coragem de olhar para meu ferimento. Como ele estaria? Não. Eu não queria saber. Alba parecia muito bem o que me deixou feliz. Poder ter cuidado dele mesmo em péssima consciência fez com que eu me sentisse melhor, pelo menos, eu sabia que ele conseguiria sobreviver.

Ainda não sentia minha perna, mas não tinha coragem de falar nada. Minha mente já trabalhava nas piores idéias de todas. Ela estaria morrendo, quem sabe suas células entrando em apoptose. Eu teria que amputa-la para que essa morte programada subisse mais acima. Fechei meus olhos.

"Pai, Tio Hades." Comecei uma oração silenciosa para dois dos Deuses que eu gostava muito."Não sei se conseguem me ouvir, mas se puder, não me deixe ficar assim, não tem como sobreviver aqui. Sei que é um pedido fútil, mas se eu puder ficar bem com essa perna, estou com medo. "

Fiquei parada olhando para Alba. Meu amigo, quase uma paixão secreta. Não. Eu não poderia me envolver com ninguém, não posso me dar ao luxo disto. Era diferente gostar de alguém no acampamento ou gostar de alguém aqui, dentro destes Jogos que estão matando aos poucos cada um de nós. Soquei meus pensamentos voltando a olhar para minha perna. Aonde estava o machucado, começava a ficar preto, e eu sabia. Estava Necrosando.

- Alba, não estou sentindo minha perna - balbuciei. A resposta não foi nada agradável.
- ... mas dá para fazer uma nova perna na forja, só precisa de alguns dracmas - foi o que ouvi de Alba. Literalmente.

Eu já estava fraca. A noticia me pegou de surpresa. Eu desmaiei.

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Ah, mãe, só mais uma horinha, pensei antes de lembrar que não era um sonho. Eu iria perder minha perna, e iria morrer de alguma forma. Abri meus olhos devagar para prestigiar a agilidade de Alba. O garoto conseguira matar um cão infernal (foi o que eu vi pelo menos) de forma incrível. Novamente, olhei para minha perna. Eu não queria perde-la.

Algo realmente estranho aconteceu. Um buraco começou se abrir ao meu lado, e claro que eu imaginei meu Tio me chamando para perto dele, talvez, eu estivesse morrendo. Mas ao contrário dos meus pensamentos, dois presentes foram concebidos e um bilhete, com uma Grande letra. Um "H" firme, meio inclinado, uma letra que demonstrava força e determinação. Um tipo de letra que ninguém conseguiria apagar. Um dente de sabre em um colar especialmente bonito, e claro um liquido negro. Eu sabia de quem era.

- Use meus presentes com sabedoria - li em alto som para que Alba também também escutasse.

O meu amigo parecia perceber que líquido era aquele, e logo passou o unguento negro na minha perna. Foram somente algumas gotas, já que nenhum de nós queríamos desperdiçar um presente tão importante. Somente com aquela quantidade, podia sentir uma ardência misturada com alívio, e um poder que ninguém teria igual. Aos poucos, vi minha perna em um estado mutante, como se as células mortas da Necrose ressuscitassem. Guardamos o unguento no meu bolso e coloquei o colar devagar em meu pescoço, pensando nas formas em que eu poderia usa-los e se ele teria algum truque escondido por debaixo das mangas.

- Obrigada, tenho uma dívida eterna com o Senhor, Tio - sussurrei olhando para o bilhete e o guardando no meu bolso.

Me levantei devagar olhando os ferimentos de Alba; Ele parecia ter aberto quase tudo o que eu fiz. Como nós precisávamos estar bem, peguei o pouco de água que sobrou e dilui mais algumas gotas do presente, deixando a água um pouco densa. Se algumas gotas salvaram minha perna, esta água diluída poderia ajudar Alba.

Levei a mistura devagar até Alba, passando em todos os seus ferimentos abertos, e orando aos Deuses para que desse certo. Assim que terminei, guardei novamente o líquido, para que fosse usado em ocasiões muito extremas. Agora que eu estava melhor, ativei meus olhos de águia para nos vigiar.

- O caminho parece estar livre agora, Alba - olhei ao redor de nós, pelo menos, no raio de dez metros - Precisamos de um plano... Podemos voltar ao centro da floresta, deve ter sobrado alguns itens lá - sorri para ele, sabendo que eu não teria problemas com as águias de meu Pai - ou temos que ir caçar, logo mais a comida estará escassa, e a água também. Também podemos passar a noite aqui e sair pela manhã, a escolha é sua

Sorri para Alba arrumando minha roupa e ajeitando o meu colar, o que me deixou com um ar muito selvagem. Subi em cima de uma arvore para ter uma visão melhor de todo o arredor e assim que terminei desci ao lado dele.

- Quando estiver no fim, quero que você ganhe ok? - foi uma fala espontânea, mas era a verdade - Você é bem mais forte que eu, merece ganhar.

Itens pegos/ganhos:

poderes usados: