Praia - Local Publico

Abri os olhos e bufei. Ainda não havia conseguido pegar no sono... Maldita insônia... Tudo por causa dele. Levantei da cama e me joguei embaixo do chuveiro. Abri a torneira e deixei que a água gelada caísse sobre minhas costas, me trazendo ao mundo real rapidamente. As coisas só tinham ido de mal a pior no baile, Noah tinha entendido as coisas erradas... Aquilo me magoou. Sai do banho e me sequei. Amarrei a toalha na cintura e escovei os dentes sem pressa alguma. Voltei pro quarto, alguns dos meus irmãos dormiam e outros ainda estavam no baile provavelmente. Eu meio que liguei meu controle automático. Vesti uma cueca preta, bermuda marrom e a camiseta preta. Sentei na cama e suspirei.
Esfreguei as mãos no rosto e levantei, abri à cômoda e tirei de lá meu MP3 e os headphones verdes. Coloquei os fones e procurei por qualquer música que não fosse romântica. Uma bateria e um cara gritando foram o som que me tranqüilizaram. A música não tinha letra, bom não que eu entendesse. Sai do chalé, estava sem lua naquela noite, o que deixava o Acampamento em um breu. Caminhei furtivo até a praia e me encostei-me a uma pedra. Suspirei e de olhos fechados toquei bateria no mesmo ritmo que o cara da minha musica. Claro que a minha era imaginaria.

Créditos: Ttemplate feito por Shinji do Oops! .Usando essa Roupa

O cara da música continuava gritando, a bateria, guitarra, baixo e uma voz grossa o acompanhavam. Quando abri os olhos, vi um pequeno esquilo me olhando com as bochechas cheias. Dei um pequeno sorriso e continuei olhando para ele. O bichinho piscou e passou as mãos na cabecinha. Saltitou até mim e me atrevi a esticar a mão. Sem reação negativa acaricie as orelhinhas dele. Desliguei o MP3 e tirei os fones de ouvido. Escutei um barulho, mas nem virei para ver o que era talvez fosse só minha imaginação.
- Como você consegue confiar em mim? Eu poderia te esmagar sem remorso, amiguinho. – Disse para o esquilo. Não esperava que ele respondesse, mas mesmo assim continuei – Acho que você sabe que eu não conseguiria fazer isso de qualquer forma.

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O esquilinho olhou pra trás de mim e então correu em disparada para dentro da floresta. Foi ai que eu escutei a voz dele gritando meu nome. Respirei fundo e me levantei, para então encará-lo. Cruzei os braços e olhei por alguns segundos seus olhos. Ele parecia estar chorando por um bom tempo, meu coração se torceu e então bateu acelerado.
- É meu nome. – Disse abaixando os olhos e chutando de leve a areia. Coloquei as mãos nos bolsos. – Diga Bu-Noah.

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Eu sabia que se não olhasse pra ele, Noah ia me fazer olhar pra ele. Dito e feito, a mão dele tocou meu ombro e um arrepio tomou conta do lugar. Eu ainda estava lutando, mas quando a mão dele foi para meu queixo e me puxou para perto, senti meu corpo mole... Cedendo as vontades dele. O olhar sério do ser que eu mais amava nessa terra, fazia meu coração saltitar batidas descompassadas. O pedido dele parecia mais uma ordem... Olhar nos olhos dele quando estivesse perto, fácil... Talvez não, era difícil pensar olhando nos olhos dele, principalmente quando pareciam trocar de cor, me alucinando.
Por mais que eu estivesse chateado com ele, quando o loiro tirou a mão do meu queixo, quase pedi para que ele continuasse a me forçar a olhar para ele... Apenas para manter o contato físico. Ele não tinha nenhuma expressão quando tirou do bolso a caixinha que eu havia dado pra ele. Pisquei algumas vezes, afastando lágrimas que quase inundaram meus olhos. Respirei fundo e coloquei as mãos nos bolsos, sustentei o olhar dele por alguns segundos, tentando entende-los antes de responder:
- Talvez... Eu pretendia te chamar pra morar comigo... Lá em Malibu. Não entendo muito de casamentos ou relacionamentos, mas sei que quando duas pessoas se amam, elas sonham em criar uma família e viverem juntos... Isso pra mim é "casamento". - Chutei um pouquinho a areia que estava no chão e fiz aspas imaginarias quando mencionei casamento - Perdoe-me por te envolver no meu pequeno conto de fadas... Se quiser, não vou mais te incomodar.
Assim que terminei, levantei a cabeça e fechei os olhos, respirei fundo me controlando e voltei a encarar Noah. Meus olhos estavam meio lacrimejantes.

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Eu estava achando que ele ia só dar risada da minha cara e ir embora, como todas as pessoas que eu já amei uma vez. Era incrível a capacidade que eu tinha de não conseguir ser feliz. Cruzei os braços na frente do peito. Em gesto defensivo. Noah molhou os lábios... Arrumou os cabelos... Abraçou os ombros e eme encarou. Me senti tentado a começar a chorar e disparar correndo dali. Mas o campo magnético que ele emanava... Fazia ser impossível sair dali. Minha respiração falhou quando os dedos dele entrelaçaram os meus. Pelo canto dos olhos eu o vi ficar vermelho. Me senti obrigado a encarar os olhos dele e ver um não ser demonstrado no rosto dele. Meu coração parou alguns segundos... Não? Minha visão ficou toda embaçada.
- Não? Eu já sabia que era um não... Parece que sua mãe realmente me odeia... - Soltei a mão dele e desabei de joelhos no chão, escondi o rosto com as mãos, tentando impedir que as lágrimas caíssem. Minha voz não havia passado de um sussurro abafado. - Você podia ter falado logo de cara que não queria nada sério comigo...

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Tranquei o maxilar ao escutar as palavras venenosas vindas dele. Meu coração se contorceu e abri os olhos como um estalo. Ele não tinha feito isso... Não tinha. Sem fazer barulho me coloquei de pé. Meus olhos estavam vazios, sem brilho algum. Ele poderia ser até minha mãe, mas se falasse que me usou como um brinquedinho e agora estava jogando fora... Ele ia conhecer a parte violenta de Vicktor Piznarski Lockwood, a parte que havia sido expulsa de mais de quatro colégios por brigas.
- Noah... - O chamei seco. Mal terminei seu nome e o puxei com tudo pelo braço, fazendo-o rodar e virar-se em minha direção. Minha mão esquerda já estava fechada em punho e pronta para lhe socar. Assim o fiz. Acertei um soco em cheio no queixo dele. Acredito que Noah nem teve tempo de pensar direito. - Humanos, por piores que sejam, não devem ser tratados como brinquedos.
O encarei com desprezo e o segurei pela gola da camisa, aproximei seu rosto do meu e disse com raiva no olhar e ternura na voz, me contradizendo, de certa forma - Eu te amo, isso não vai mudar seu desgraçado. Se eu fiz tudo que fiz com você é por que sinto algo muito forte. Não se atreva a quebrar meu coração. Por que não vou desistir de você.
Respirei fundo e o soltei. Arrumei-lhe a gola da camisa e passei a ponta dos dedos por onde havia socado. Eu ainda estava com raiva, mas havia aprendido a me controlar. O soltei e limpei meu rosto. Tirei a camisa e a joguei no chão. Dei as costas para o loiro e respirei fundo diversas vezes.
- Me bata se estiver com vontade. - Disse no momento em que me virei para ele. Abri os braços e encarei sem expressão - Não vou me defender.

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