Rio - Local público

Espreguicei meu corpo e ergui-me pela grama verde que estava bem debaixo de nós. Cruzei os braços detrás de minha cabeça e olhei o céu, refletindo sobre as palavras gentis da Crepinho e sobre a triste história de Lola, a sem pai e sem um lar pra morar. Realmente era muito triste crescer num orfanato, ainda bem que tive meu pai comigo a vida toda. Distrai-me com uns passarinhos que voavam bem acima de nossas cabeças... assobiei tentando imitá-los, acho que daria uma bela poesia. Fechei meus olhos sentindo o momento. Demorei um pouco pra responder a menina, eu estava curtindo a aura de minha mãe.
- Deméter... - disse sem delongas. - Meu pai é agrônomo na Grécia... - disse desligado do mundo... Eu não deveria ser assim tão mongo, mas eu não tinha culpa, isso era natural pra mim... ser assim, fleumático ao extremo.

Deitei a cabeça pelo meu braço, olhando Lola... suas palavras apesar de alegres e tudo o mais, aram cheias de uma falsa alegria, mas eu não podia força-la a ser ela mesma apesar de querer fazê-lo. Apenas sorri com meus lábios e fitei-a com ternura e devoção. Meu macacão estava me incomodando, então eu fiz algo que talvez me arrependeria depois. Ergui-me ainda deitado na relva, tirando meu macacão jeans, ficando apenas com a camiseta laranja do acampamento, que ficava colada ao meu corpo, de forma a contornar meus músculos do peito e barriga. Por sorte eu estava de Sunga, uma verde escura com detalhes em branco ao lado. Cruzei minhas pernas rígidas, colocando meus pés na água corrente.
- Me desculpem, não aguentei ficar vestido.... a natureza me pede pra ficar o mais natural possível.... - nossa falei muita coisa, não meu costume falar pelos cotovelos. - Logo mais você será reclamada, não esquenta... - disse calmo quase num devaneio.

Olhei de relance e vi o rosto de Lola mudar de cores, acho que era como se ela estivesse encabulada, mas bem que ela poderia ser filha de Íris. Eu ri sozinho, culpa do fleumatismo, tenho uma facilidade de me entreter. suspirava e ar da natureza, isso me deixava bem mais calmo e bem mais relaxado, como se não existisse ninguém ao meu lado. As duas estavam papeando, então resolvi me desligar e assobiar. Ficar perdido em meus pensamentos era a coisa mais divertida do universo.

Revirei os olhos com os comentários de Suzana, mas sorri com os lábios, girando meu corpo de bruços, deixando meus glúteos pra cima. Eu estava revirando os bolsos do meu macacão em busca de um caderninho de anotações, eu precisava anotar algumas coisas. A primeira: Suzana ficava linda quando o vento a adornava, Lola Também, A segunda: A filha da guerra me assustava quando ela se fazia de gentil, ma seu gostava e Terceira: Lola, parecia ter um amigo mais gostoso do que eu, acho que juntando essas informações daria um bom poema. Após escrever, guardei o bloquinho e brinquei sozinho com a grama, criando flores aleatórias para me entreter. As meninas pareciam super se entender... então não quis me intrometer. Estar ali no meio elas j´ame era o bastante...

Fiquei um pouco apreensivo, a campista nova bisbilhotou minhas anotações, lhe desferi um olhar de fúrias, mas logo suavizei minhas expressão, tornando-a branda e acalentadora... já que a melancolia estava presente no momento. Ainda de costas, comecei a balançar meus pés, como se eu fosse uma garotinha no telefone com a melhor amiga. O pior exemplo possível, mas foi o único em que consegui pensar. As flores que estava criando de repente pereceram por causa da angustia que crescia em meu peito, minha face ficou séria. Nunca perdi alguém tão próximo assim. As palavras de coragem e animo de Suzana bastavam para acalmar o ambiente, não pensei em nada melhor. Voltei a assobiar, fitando as formigas fazendo trilha bem diante de mim.

Zac, pensei no amigo de Lola... Meus olhos ficaram melancólicos, e eu reprimi um choro. Não sei por que estava sentindo aquilo, mas a dor da garota agora fazia parte de mim. Como se ela fosse uma flor que precisasse ser regada dia a dia. Senti uma vontade dominadora de abraçar a menina, mas me mantive ali deitado na relva, balançando os pés observando os insetos...

As meninas pareciam estar trocando figurinha, eu estava tão desligado do mundo que não prestei muita atenção no que elas falavam, até que Lola cutucou-me. Olhei de canto para a garota. Logo fiquei curioso levantei-me rapidamente ainda sentado, mas colocando meu rosto bem de frente com o dela. Analisei seus olhos e pensei antes de responder sua pergunta... o silencio durou pouco. encostei de leve meu nariz no dela e respondi sereno, voltando-me ao rio.
- Quase sempre... - disse sorrindo para o fluxo de água. Tirei minha camis ado acampamento. Meu peitoral trabalhado e o restante dos meus músculos firmes e rígidos brotaram diante delas, eu não tinha culpa de ter um corpo daquele, culpa do meu pai que me obrigava a trabalhar em suas plantações. Levantei-me e caminhei até as águas doces do riacho...

Olhei as garotas ali na beiradinha do rio, e vi que Lola estava indo embora, assenti com a cabeça e acenei com a mão direita, meus lábios sorriram, e meus olhos pesaram quando a vi partir. Banhei meu corpo nas águas calmas do rio e levantei-me encharcado. Andei sereno até margem, certeza que se tivesse uma filha de Afrodite ali, me chamaria de tesão, mas enfim, espantei esses pensamentos, eu ainda me achava a pessoa mais feia do acampamento. Sentei-me ao lado de minha amiga Suh, e estendi o braço até meu macacão, tirando dele uma toalha de rosto...
- Me enxuga... - disse entregando-lhe a toalha. meus olhos fitavam o fluxo.

Não me importei com as palavras da filha da guerra, eu estava achando uma delicia, ela secar meu corpo escultural. Bom, na verdade eu estava ficando relaxado até demais, mas eu estava gostando, meu pai sempre me secou depois do banho, então pra min era normal outra pessoa secar-me, e, eu nem estava nu, então tudo bem, uma garota ficar passando a toalha em mim. Sorri malicioso em minha mente, mas deixei escapar um sorriso por entre meus lábios. De repente eu escuto uma frase um tanto quanto esquisita de Suzette, o que me fez olha-la de canto e me perguntar o motivo da pergunta.... mas não perguntei, só para não a constranger. Minhas costas estava praticamente seca, inclinei meu corpo até deitar sobre minha amiga, apontei com os olhos meu peitoral e tanquinho ainda molhados...
- Eu ainda estou molhado... - disse com os olhos melancólicos e pouco interessados... - Será um prazer te carregar, quando eu estiver seco... - disse olhando os olhos de Suh, e voltando minhas atenções para o rio que fluía poderoso.

Suh passava a toalha no meu tórax, me fez um pouco de cócegas, mas eu preferia não rir. segurei meu riso, como se nada estivesse acontecendo. Sentia o pano sugando as gotas molhadas de meu corpo, e essa sensação me deixava tranquilo e aparentemente feliz. Me espreguicei anda deitado em minha amiga, como um gatinho manhoso... hum, lembrei no meu gato, mas enfim... Suzana era bem macia, pensei que ela fosse mais dura., mas não seu corpo era macio, e bem feminino. Meu rosto sempre sério, como se minha mente estivesse vazia... A garota que me enxugava aproximou-se d emeu rosto, olhei-a de canto, um tanto confuso. Logo pensei: "Eu sei o que ela quer, mas não vou dar..."

A surpresa foi grande quando ela perguntou-me sobre meu olhar melancólico, eu pensei que ela quisesse provar de meus lábios, mas eu sempre recusei beijar um ser humano. Eu não sabia explicar o motivo do meu olhar, eu só sabia que meu ser fleumático me deixava assim, desligado do mundo e de todos, mas meu olhar de tristeza e agonia, não sabia de onde vinha tamanha melancolia. Dei de ombros, e virei meu rosto para admirá-la melhor. suspirei:
- EU não sei por que meus olhos são assim... acho que é saudade do meu pai... - disse. não era mentira, mas também não era toda a verdade. Sorri com os lábios e voltei a admirar o fluxo de águas doces.