Floresta - Local Publico

Ouvi a pergunta dela. Não consegui evitar um suspiro de alívio quando ela tirou o revólver.

- Não sabe? Nós já nos vimos algumas vezes no encontro de Conselheiros... mas, de qualquer jeito, meu nome é Ravyn. E o seu é Marie.

Balanço a cabeça. Ela não havia tirado minha capa (por baixo dela, eu estava com camisa do acampamento, jeans e tênis) nem a foice da minha mão... estranho.

Concordou, de leve. Realmente, o conselho era entediante, na maioria das vezes. Tenho um calafrio quando ela me olha nos olhos. Não era a toa que era filha de Hades. Deixo-a tirar minha capa. Ah, até fazia sentido, ela querer morar no submundo. Mas aquela era minha casa. Quando ela puxou a foice, simplesmente abriu a mão, sem resistir, deixando-a tirar. Quando ela cheirou seu pescoço, assustou-se um pouco e se arrepiou, o que fê-lo deixar o pescoço reto. Sinto-a segurar meu pescoço, mas apenas para eu não mexê-lo. Fecho meus olhos. Sinto-a cortando minha pele superficialmente e solto um murmúrio de dor. Sinto meu sangue sair, mas me surpreendo quando ela toma meu sangue. Não, ela não era uma empousai, tinha certeza que era Marie, se não teria tentado seduzí-lo. Porém, deixou-a tomar, ainda com o pescoço retesado, sem entender muito bem, e de olhos fechados.

Sinto-a parar de tomar, e colocar sua mão na ferida. Isso fez arder, mas realmente era bom para conter o sangue. Admito, sussurrando, sem abrir os olhos:

- Agora entendo o que os semideuses sentem ao serem atacados por empousai, apesar de não ter sido isso... não é uma sensação agradável, realmente.

Balanço a cabeça e abro os olhos.

- Também não sei, nunca fui. E, por sinal, espero nunca ser.

Surpreendi-me quando ela cortou o cipó. Peguei-o antes que ele caísse e rasguei, fazendo força, uma parte. Desfiz ele (cipós são feitos de muitas e muitas folhas), deixando-as o mínimo juntas. Enrolei aquele pedaço em volta do meu pescoço, deixando-o pressionar o corte. Olhei para ela, calmo. Não fiz nem menção de sair dali.

Vejo-a se sentar encostada na outra árvore, sem olhar para mim. Sento-me na sua frente.

- Aconteceu alguma coisa, Marie? - Referia-me a algo para ela me soltar e ficar daquele jeito.

Bufei.

- Só estou me preocupando contigo, Marie. Por que me soltou?

Ri junto com ela, apesar do motivo da risada ser eu.

- Ou seja, cansou de tomar meu sangue.

Balancei a cabeça, olhando-a, ainda sentado.

Aceito. Levanto-me e vou com ela à praia.

Encerrado.