1º Encontro - Albafica e Natalie x Andrew e Nathan

Estava indo tudo nos conformes, Nathan havia tido a brilhante ideia de retirar a parte superior de minha roupa, retirando assim a maior parte do mel que nos prendia também deixando que apenas a parte das minhas mãos estivessem revelando minha localização. No entanto, quando o elmo estava prestes a ser recolocado, algo o atingiu jogando-o para longe e ambos nos afastamos um passo assustados, meus olhos varreram o local em busca do que nos atacava e pude reparar na caçadora que, devido aos machucados que eu havia realizado nela principalmente na região do rosto, corria cambaleando, tropeçando e chocando-se contra diversas árvores. Poderíamos sim ter ido atrás dela, mas nossos problemas eram maiores com zumbidos de abelhas que se aproximavam.

O ceifador optou por utilizar sua Aura Negra II e ambos esperávamos que funcionasse. Poderia sentir uma cápsula invisível aos olhos englobando nós dois, possuía uma energia negra que causava-me um arrepio na espinha. Se ela conseguia impedir o ataque de semideuses e monstros, o efeito em seres minúsculos como abelhas, muito mais suscetíveis, talvez causasse seu afastamento imediato para longe.

Tendo o elmo colocado na minha cabeça, senti um pouco de pressão quando a madeira da flecha fora quebrada conforme a arma era forçada para baixo, estava um pouco incomodo, mas nada que eu não conseguisse suportar, ao menos impediria de cair. Usando minha memória eidética, lembrei-me exatamente da trilha que eu havia feito, da beirada da praia até onde eu havia encontrado com os meninos. Com um breve movimento com a cabeça, indiquei para o mesmo me seguir e com passadas rápidas, mas cuidando para não nos encostarmos em nada desnecessário, começamos a contornar o local onde as batalhas haviam acontecido. Usando os cantos dos olhos, usava o Alba e o Andrew como o referencial de minha posição para não nos perdermos e a ponta da lâmina de minha espada arrastava na terra do chão, apenas o suficiente para deixar a trilha de onde estaríamos.

De tempos em tempos, fitava para trás para ver se Nathan continuava correndo atrás de mim e que não nos perderíamos, ele seguiria o rastro de minha espada como referencial. Adiante de mim, procurava pelos arranhões nos troncos e espinhos quebrados sem cair para reencontrar o caminho direto para a água, lá os nossos problemas seriam na maior parte eliminados. Para guiar-me também no caminho certo, usava os troncos despedaçados que Alba havia lançado contra mim na minha chegada, procurando pelos rastros que haviam deixado ao despedaçar-se contra as outras árvores, estes nos levariam para o caminho correto até a trilha de localização que eu havia feito, também os rastros das foices giratórias raspando nos troncos usadas por Alba para tentar me encontrar. Afinal, tinha uma percepção acima do comum.

Indiquei ao Nathan para que abaixássemos os troncos de nossos corpos na horizonta, assim tentando sair de qualquer zona óbvia de ataque e poderíamos correr em direção às águas. As nossas passadas não diminuíam o ritmo, continuavam em uma corrida rápida, ágil. Chegando lá, iríamos correr para as regiões mais profundas da praia, onde poderíamos mergulhar para despistar as pequenas criaturas que zumbiam em nossa direção ainda na floresta. O motivo disto? Um truque básico que é ensinado aos mortais desde criança sobre como reagir ao ataque de abelhas, as águas impedem o rastreamento do perfume do mel e faz com que as criaturas acreditem de fato que o mel simplesmente desapareceu, abandonando o local tão rápido quanto chegaram até ele. Era um fator importante que águas despistam até rastros de cachorros em perseguições de caça e utilizaríamos isso ao nosso favor.

A minha velocidade era garantida seja pelo tamanho físico, que pelos treinos no acampamento como pelo poder herdado de minha mãe. E, para garantir que conseguiríamos mergulhar, procuraríamos uma região onde as águas alcançassem a cintura de Nathan e pularíamos para dentro da água. Esse nível de água seria capaz de alcançar meu pescoço se fôssemos levar em conta a nossa diferença de altura. Filhos de Poseidon respiram debaixo da água e ele não teria problemas quanto à isso, além de poder utilizá-la para curar-se de alguns ferimentos e manipulá-la para me envolver em uma cúpula de O² para que eu pudesse aguentar debaixo dela tanto quanto ele. Essas eram todas as etapas de minha única estratégia para o momento, e esperava que a mesma funcionasse.

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Conforme Nathan expandia sua aura negra, não sentia apenas arrepios pelo fato de estar na presença de uma energia tão obscura quanto àquela, como também sentia os efeitos do frio que se aproximava com breves rajadas de vento em meu rosto fazendo com que meus ombros se encolhessem de leve. Voltei o olhar para Nathan, ainda visível, com os lábios gesticulando sem som esperando que as habilidades de leitura labial dele fossem melhores do que eu pensava.


Respirando fundo algumas vezes para tentar acalmar meus ânimos antes que as abelhas ficassem ainda mais assustadas, mantive-me imóvel respirando oralmente e deixando os braços levemente afastados do corpo, talvez se as abelhas conseguissem o seu tanto de mel para suas colmeias nos deixariam em paz em breve, ou apenas ignorariam nossa presença se minha habilidade estrategista estivesse nos conformes. Para a nossa sorte, nenhum dos dois tinha alergia à abelhas e aquilo seria o fim se tivéssemos. A última coisa que desejávamos, era atiçar mais as abelhas batendo nos insetos ou realizando movimentos bruscos.

Calmamente, voltei os olhos cinzentos para o filho de Poseidon lançando ao mesmo um olhar significativo e começando a contornar a arena passando a ponta da lâmina da espada no chão demarcando a trajetória que tomava conforme o elmo da invisibilidade voltava a fazer seu efeito deixando minha pele invisível e a própria arma que eu carregava. Uma ideia surtiu na minha cabeça e, quem sabe o que era nosso atual problema não tornasse uma solução. Não iria querer afastar as abelhas por um tempo, apenas precisávamos não deixa-las alarmadas. Após alguns passos dados, escondi minhas mãos e meu corpo atrás de uma árvore com o devido cuidado para não encostar em mais nada. Caso a caçadora se aproximasse de nós, a agitação de seus nervos fariam com que o instinto de sobrevivência desses tão fascinantes insetos a atacassem impiedosamente a vendo como a inimiga. E nós? Ficaríamos livres dela por um bom tempo.

Os olhos permaneciam varrendo o local, próxima ainda ao tronco, indicando de maneira silenciosa para o filho de Poseidon fazer o mesmo, cada um ficaria responsável por um dos lados: Eu o direito e ele o esquerdo, para não ficarmos desprevenidos à qualquer movimentação dela. Lentamente, quem sabe a calma que eu estava recuperando talvez diminuísse o instinto assassino das abelhas e elas apenas ficariam pousadas sobre minha mão na pior das hipóteses, recolhendo seu mel tranquilamente e o levando à sua colmeia. Tomando o devido cuidado para não esmagar nenhuma abelha, esfreguei as palmas das mãos meladas uma na outra, formando uma espécie de rede da mistura de mel e açúcar que se estava prendendo tão insistentemente Nathan e eu, as probabilidades de que prendesse os braços de algum oponente junto ao corpo, dificultando seu ataque, seriam grandes.

Tudo que eu precisaria fazer seria envolver o adversário no mel e era esse meu plano, caso a caçadora conseguisse aproximar-se o suficiente para um golpe. Afastando uma mão da outra, um sorriso invisível e satisfeito se formou em meu rosto ao sentir a tensão repuxando minha pele.No mais, não nos restava nada além de esperar. Sim, eu estava nervosa, mas o diferencial de minha prole era a sabedoria de saber escolher como lidar com os nossos sentimentos e tentava conter-me ao máximo. O corpo, devagar, abaixava-se próximo ao chão, sempre cuidando para não encostar em nada conforme ficava de cócoras conforme voltava a afastar-me de possíveis ruídos, esperando que Nathan fizesse o mesmo. Evitaríamos correr, ou qualquer movimento brusco que instigasse o ataque de abelhas na direção de onde veio a ofensiva, mas também tentaríamos afastar-nos contornando Alba e Andrew, juntos, de locais barulhentos como estava o lugar da batalha. Meu caminho era traçado ainda pela lâmina da espada para que Nathan pudesse se guiar. Quem sabe, toda a agitação da caçadora tentando correr aos trancos e tropeços levasse as abelhas na direção dela.

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