Floresta - Local Publico

Lugar para saltar de Arvore em Arvore

Valendo as Regras

Peguei o outro pé da garota e comecei a massageá-lo. Me sentir desejado? Acho que não, nunca pensei por esse ponto de vista. Eu sabia que era desejado. quando morava na Grécia, era só eu passar se camisa com sacos de batata que logo todas as moças paravam só para me olhar. Eu não ligava, eu sabia que eu era a atração principal, e que proporcioná-las um show, era uma forma de agrado, mas nem fazia questão de ficar lá me mostrando. me exibir é algo natural de minha parte. Igual a natureza, ela existe somente para a exaltação da minha mãe, da mesma forma a minha existência, serve somente para minha própria demonstração de perfeição, mas... sei lá... Resolvi ignorar a questão de Mellody
- Acho que você não gosta muito da minha presença... - disse baixinho, finalizando a massagem no pé da garota. Tirei um frasco do bolso (o perfume que criei pro Kyle, fragancia de bolo de morango), e coloquei algumas gotas em ambos os pés da filha de Hades.

Guardei o extrato de bolo de morango de volta em meu bolso. e cheirei o pé da garota. Acho que ela não se importa com o fato de eu estar tocando seus pés. A filha de Ares, minha amiga, adorava quando dedilhava seu corpo numa tarde de piquenique, mas eu sei que cada um é cada um... eu preciso ter limite. Criei um rosa branca e cuidadosamente tirei suas pétalas e carinhosamente brinquei com as mesmas ao longo dos pés de Mellody. Será que ela ri? chora? chuta minha cara? uma incógnita.

Dei de ombros a primeira sentença da garota e quase não respondi a segunda fala da mesma. Eu estava pensando numa outra coisa. Por exemplo: Será que consigo um alvará de Quiron para fazer uma horta, ou quem sabe trazer um rebanho de ovelhas Bergamácia para cá. Dizem que o leite é uma delicia. Enfim, acho deselegante não responder. Limpei a garganta:
- Quem sabe se... - levantei a cabeça e escorreguei meus dedos até a base dos joelhos de Mell - Você me ensinasse a ter limites, e eu te ensino um pouco sobre calor humano? - dei de ombros e mordisquei uma maça que acabara de tirar do bolso de minha calça. Graças as habilidades que herdei geneticamente, eu posso evocar a fruta que eu bem entender.

Limpei a fruta na pele trincada do meu Abdômen. Dei uma boa dentada e mastiguei, fitando os olhos da menina.

Não sabia o que sugerir à moça de cabelos floridos e trançados. Então simplesmente dei de ombros largos e fiquei a pensar no meu subconsciente. não sei como conciliar Toques ardilosos com somente um aperto de mão evasivo, mas enfim. Ouvi passos pela natureza, e uma energia escura, como se a noite desse boas vindas a todos nós. Olhei de canto e lá estava uma figura que nunca dantes havia visto, só ouvido falar. O filho do manto da noite estava entre nós,e para minha surpresa, Mellody, a contra toques, me deixou perplexo e um tanto confuso. Porem a energia viva dela estava me deixando contente, e isso me bastava. Acabei de comer minha maça e levantei-me, para cumprimentar o moço de pertinho.

Afastei um pouco a garota, e passei minha mão pelo peito do garoto, até chegar na base de seu pescoço, aproximei minha face da dele e lhe dei uma fungada de leve na altura de suas orelhas. O fitei profundamente e disse:
- oi, Ravyn... - afastei-me me ancorando na rocha onde Mellody estava.

Eu sabia só de chegar perto de alguém, quando eu não era desejado. Eu sabia quando minha personalidade invasiva era abominada, quando era hora de me ausentar por uma coisa que me é tão natural. O toque de dermes, o contato. Minha presença naquele lugar estava sobrando. A noite e a morte combinam muito mais do que a fabulosa e viva natureza que me apetece e engrandece minha alma solitária. Até mesmo minha mãe sabe quando é hora de se ausentar e lamentar suas próprias mágoas e guardar todas as dores para si. Foi assim que o outono foi criado, mas essa é uma outra história. Eu estava ali sentado na pedra quando Mellody e Ravyn começaram a conversar sobre coisas que eu não entendia, e bem, eu mesmo não estava mais prestando atenção naquilo tudo. Vesti minha camiseta e calcei um pé de chinelo de cada vez. Por onde andas meu Romeu, por onde será que rondas o Tristão de minha vida, ou o meu Adão com suas primícias? Acho que somente ele é capaz de entender o meu comportamento e me aceitar como tal indivíduo que sou. Outros dos meus amigos também, mas também não sei por onde andam esses meus queridos. Será que jazem em algum solo de batalha? Impossível dizer. Sumi dali como um animal noturno, sem deixar rastros, somente um pé de morangos vividos que a filha de Hades pareceu adorara saborear. Enquanto sumia por entre os ciprestes, sussurrava um adeus melancólico e sonolento...