Floresta - Local Publico

Ouvi atentamente o que ele dizia, o encarei quando ele começou a responder.

- Ah, o acampamento é bem legal sim, e divertido. Sempre se tem as desavenças, as brincadeiras, as sacanagens... tudo faz parte. Como foi tua chegada aqui?

- Bom eu fui criada em um orfanato desde pequena, nunca conheci meus verdadeiros pais, e de uma hora para outra um amigo do orfanato virou para mim e disse que eu era filha de um deus e que meu lugar é aqui. E você como veio parar aqui? - disse sentando ao lado dele.

Fiquei olhando para o céu e as estrelas, imaginando o que os meus amigos do orfanato estavam fazendo, foi que Ravyn começou a falar novamente eu o encarei e ouvi tudo o que ele disse.

- Estava sendo perseguido, meu sátiro me ajudando a vir para cá. Mas ele foi morto. Eu matei o monstro, mas cheguei aqui quase morrendo. Se não fosse de noite... teria morrido.

- Nossa Ravyn que triste, desculpa perguntar. - O encarei com o olhar triste, não queria ter feito ele lembrar de coisas ruins, não era essa a intenção. - Bom e o que você faz aqui no acampamento? Tens muitos amigos? Muitos amores?

Fiquei encarando o chão, não queria me meter na vida dele daquele jeito mas já havia feito perguntas, eu era curiosa adora conversar e quando começava, ninguém me segurava.

Eu continuei encarando o chão até que ele disse.

- Hedone, levanta essa cabeça, vai... não tem problemas tu perguntares, eu respondo.

Na mesma hora eu levantei o rosto e o encarei, ele tinha os olhos lindos. Fiquei na minha só encarado aquele rapaz e ouvindo o que ele tinha a dizer.

- Cheguei a alguns dias no Acampamento, estava nas aulas, mas fui expulso do colégio. Matei uma professora que era uma harpia, mas eles viam uma humana. Tenho a Mellody, uma filha de Hades, como amiga desde a minha infância. E amores... nenhum, não.

Respirei fundo, sorri e disse.

- Entendi, sua vida foi bem agitada então. A minha já foi mais tranquila, não tive sorte como você de ter uma professora harpia. Acho que conheço essa Mellody de vista, muito bonita, pensei que fosse sua namorada. - sorri. - Sabe espero fazer amigos aqui, amigos inseparaveis, como você e Mellody.

Me aproximei do rosto dele e o empurrei dizendo.

- Tá com você. - me levatei e sai correndo floresta a dentro.

Continuei correndo o máximo que minhas pernas permitiam, só fui perceber que ele estava vindo atrás mesmo quando ele gritou.

- Ei, volta aqui!

Sorri e continuei correndo ele não me pegaria facilmente, no orfanato eu já tinha ganhado o prêmio de melhor corredora, então não entregaria facilmente os pontos.
Sem olhar para o chão eu não vejo a pedra que esta em meu caminho, tropeço nela e rolo morro abaixo caindo com a cara no chão, tenta me levantar mais não consigo havia ferimentos por todo o seu corpo.

- Ai isso doi - digo. - Quem manda não olhar pro chão Hedone da nisso viu, e olha só agora até falando sozinha você esta muito bem.

Ainda com dores em meus ferimentos me levanto e decido esperar por Ravyn a dor não ia me tirar do sério ele tinha vencido, ia conseguir me pegar

Eu ainda esperava por Ravyn, ele estava demorando um pouco, eu não podia acreditar que tinha corrido tanto assim e passado muito na frente dele. Minutos depois ele chegou correndo, parou na minha frente, me encarou preocupado e perguntou.

- Você está bem?

- Estou bem, não se preocupe comigo. – o encarei, respirei fundo e continuei dizendo. – Vais tentar me pegar ou vai continuar me olhando com essa cara de bobo.

Me abaixei peguei um pouco de lama e passei no braço de Ravyn.

- E então vai deixar isso barato? – falei e sai correndo novamente.

Eu continuei correndo mesmo sentindo algumas dores pelo corpo, não iria parar, ele não me pegaria.

- Cuidado para não cair dessa vez! - ele disse.

- Não vou cair, não se preocupe. - gritei

Continuei correndo e olhando para onde ia dessa vez para não cair, estava tudo muito escuro e a floresta era meio densa, muitos matos, árvores e barrancos, um perigo para quem andava ali a noite. Ainda correndo me aproximei de um árvore enorme, ela atrapalhava meu caminho, olhei para trás e vi que Ryvan estava em minha cola, já era ele conseguiria me pegar, para fugir eu teria que fazer retorno mais ele já estava perto.

Eu havia me escondido atrás de uns arbustos, Ravyn passou correndo por ali e não me viu. Desviei o caminho e passei por uma trilha saindo na frente dele novamente, bem já na frente eu encontrei uma ninfa e tive a ideia de pregar uma peça em Ravyn, a chamei e pedi ajuda, montamos uma armadilha ao pé de uma arvore se ele pisasse ficaria dependurado pelos pés, e eu poderia fazer o que quisesse com ele. Dito e feito, montamos a armadilha e era só esperar ele chegar.

Olhei para cima e lá estava ele dependurado de cabeça para baixo, fiquei o mirando e rindo por que a visão ali de baixo era bem engraçada.

- Hora hora, quem diria um filho de Nyx caindo em uma pegadinha. Bom agora eu poderei fazer o que quiser com você.

Com a ajuda da ninfa descemos ele lá de cima e o amarramos no tronco da árvore, vire para ele e disse.

- Então Ravyn esperava isso? Eu que acabei pegando a mocinha? O que acha que eu farei com você agora?

- Não, realmente não esperava. Tu me surpreendeu. Não faço a menor ideia, mas... imagino que possas fazer o que quiser.

- Pois é, estas indefeso.

Preso a uma arvore Ravyn estava indefeso, eu poderia usar e abusar dele ali. Eu o tinha onde queria, claro que não faria nada alem por que as regras do acampamento eram claras mas brincar e zoar um amigo não era contra lei. Fiquei encarando aqueles olhos azuis e pensando o que poderia fazer. Me aproximei novamente dele, abaixei do seu lado, cheguei perto do seu rosto e disse.

- Eu podia te morder, te obrigar a comer coisas ruins, ou quem sabe passar lama por todo o seu rosto. - abri um enorme sorriso. - Mas eu só vou lhe fazer cocegas.

Do seu lado e com ajuda da ninfa começamos a fazer cocegas por todo o corpo de Ravyn, eu só o via rindo e eu ria junto e iria continuar fazendo cocegas até ele pedir para parar. Se não pedisse iria sofrer com a brincadeira.

Eu estava me divertindo muito, era engraçado ver alguém ri tanto. Nunca tinha feito nada daquilo, prender alguém e fazer cocegas até que o mesmo pedisse para parar. Era loucura, mas eu não queria nem saber e continuaria com tudo, estava me divertindo e no fundo era um pouco engraçado, ele ali indefeso e amarrado a uma árvore.

Um tempo depois dava para ver nos olhos dele que ele já não aguentava mais, eu mesma já estava cansada de fazer tantas cocegas nele, se ele não pedisse para parar logo eu mesma pararia, o cansaço já me vencia. Mais uns instantes depois deste pensamento ele se rendeu e eu cansada sentei ao seu lado e o encarando sorri. A ninfa aproveitou de minha distração e desamarrou Ryvan, quando eu vi ele já estava desamarrado. Já era e agora que ele vai se vingar e eu nem tenho mais forças para correr, pensei.

- Ryvan não faça nada que possa se arrepender depois. - sorri e comecei a me afastar aos poucos dele.

Eu estava me afastando um pouco dele, até que ele se aproximou de mim e disse:

- Não precisa recuar. Não vou me vingar, nem nada do tipo. Na verdade, até deixaria vocês brincarem comigo, sem estar preso, mesmo. - Estendi a mão para ela, para ajudá-la a se levantar. Tinha sido sincero.

- Então está bem vou confiar em você. - estendi minha mão a ele e ele me deu um puxão nisso levantei mais bati contra seu peito, o encarei fiquei vermelha e pedi desculpas, não sabia o que dizer mais estava começando a sentir algo diferente por ele.

Ficamos um olhando para os olhos do outro por um tempo, até que eu dei por mim e mais vermelha eu desvi o olhar e fui andando para perto da arvore, de costas para ele puxei assunto.

- Então o que faremos agora? Prefere voltar para a casa grande ou quer continuar aqui? - Virei para ele e o encarei, me aproximando dele novamente eu parei e ficamos ali apenas um olhando pro outro.

- Quero continuar aqui, com você...

Sorri e disse: - Sério? Eu também quero ficar aqui com você. Só com você.

Estavamos um de frente para o outro, a escuridão tomava conta de toda a floresta. Mas eu não estava mais com medo e não sabia explicar mais ele me passava segurança. Continuamos por um tempo só nos encarando, seus olhos nos meus e vice-versa. Eu não sabia o que se passava pelo coração dele, mas o meu queria algo que eu sabia que não podia ter.

Eu estava me apaixonando por aquele garoto, meus olhos não enganavam. Me aproximei mais dele, estavamos a poucos centimetros um do outro, minha pele queimava e eu vermelha que nem um pimentão, meu coração batia descompensado, sorri que nem uma boba. Era um beijo que eu queria e eu lutaria para te-lo, vi ele se aproximando um pouco mais, fechei meus olhos e também continuei me aproximando dele. O que ia acontecer eu não sabia, só sei que aproveitaria bem cada momento.