Floresta - Local Publico

Lugar para saltar de Arvore em Arvore

Valendo as Regras

Eu havia acordado super cedo hoje e como não tinha nada a fazer, vesti meu macacão sobre o corpo nu e coloquei meus pés para caminharem rumo a floresta do campus. EU não estava pensando em nada, mas além da saudade que ainda me doía, eu sentia falta do meu filho e também sentia falta de ter alguém para dar do meu carinho. Pois é, depois que se aprende o que é o amor, fica difícil não querer ter dessa droga novamente. Sabe, ter uma pessoa para dar e doar-me sempre que precisar, alguém para dividir uma vida ou o que quer que seja. Espero encontrar minha outra alma gêmea por ai, se é que existe outra. Enfim, por enquanto amar meu filho me é suficiente, se é que ele ainda lembra que tem um pai.

Assim que cheguei na floresta, fui logo me ajeitando num monte de folhas secas. Tirei as alças do macacão, deixando meu peito feito mármore exposto e, deitei-me no gramado coberto de folhas. Meus olhos fitavam o céu da manhã, observando os primeiros raios solares do dia. Assim como uma planta, me é importante absorver um punhado de radiação de vez em quando. De repente, ao ouvir o cantar dos passarinhos, lembrei dos bons tempos com amigos que talvez eu nunca mais verei. Não sei se morreram, ou se estão em missão, ou se conseguiram um lugar fora do acampamento em que seja seguro para viver.

Bom, mãe, eu estou aqui e espero que coloque outra pessoa aqui comigo, e de preferencia no já. Preciso de contato humano se não morrerei de desgosto.

Não é que minha mãe me deu um presente. Não estou mais sozinho nessa floresta surreal e gloriosa. Meu coração pulou pra fora num "TU-TUM" alto. Não levantei-me, apenas escutei a voz de canarinho ecoando pelo labirinto de troncos que se elevava naquela imensidão verde. A letra da musica era de um desenho que vi apenas uma vez, mas me identificava muito com o personagem principal, pois ele, assim como eu, não tem medo de tocar nas pessoas. Sim, o Tarzan é o meu herói, depois do meu pai. Sorri para o Sol e calmamente tentei seguir a voz do garoto que quebrava o silencio da imensidão verde. Levantei-me com calma e pouco a pouco segui o som. É, eu posso seguir esse tipo de coisa, já que tenho alma de escoteiro e coração de guarda florestal.

Meu macacão estava caído até a cintura, mostrando meu peito forte, minha barriga feita de tijolos e o fosso do meu umbigo escondido no meio dos músculos. Dava pra ver o caminho da felicidade, mas isso não vem ao caso agora. Depois de cruzar alguns troncos e arvores de eucalipto, chego até um lugar distante do campus. Meus olhos acastanhados se estreitam e minha mente prega uma peça - Kyle?! - disse baixo o suficiente para que nem mesmo eu escutasse. Um sussurro. Avancei em silencio por mais alguns metros e pude ver o cabelo acobreado do garoto e a pele mais branca que leite. Não era Kyle, mas um dos filhos odiosos de Afrodite. Bom, presente é presente. Eu pedi alguém e os deuses me enviaram alguém, uma companhia para o dia.

Cruzei mais alguns troncos e quando cheguei bem perto, mantive-me pelas costas do menino. Meu corpo gigante, grande, com ombros largos e braços feitos vigas de concreto, faziam sombra no garoto que estava se preparando para tomar Sol. Aproximei-me meu rosto perto da orelha do menino, junto com minhas mãos fortes. Toquei os braços do garoto, segurando-o com gentileza para não quebrar e forte o suficiente para que não se soltasse. Molhei meus lábios e - Oi . . . - disse sereno ao pé de seu ouvido. A ultima vez que fiz isso com um menino, ele não curtiu, mas o que eu posso fazer, eu sou assim, pegajoso.

Senti um pouco de grosseria no seu tom de voz, mas não dei tanta importância ao fato, já que sempre convivi com a grosseria dos outros. Lentamente tirei minhas mãos de seus braços e voltei a erguer meu corpo. Com a coluna toda reta, Nathan ficava tão baixinho, mesmo sendo um tanto maior que meu falecido namorado, o garoto era pequenino. Acho que devo ter crescido ou sei lá. Dei de ombros e cruzei meus braços enormes enquanto ele ficava corado. Fiquei o observando ficar sem jeito e todo encabulado. Dei um passo a frente. Nathan colocava sua camiseta rapidamente e meus olhos corriam sobre seu corpo. Não disse nada, apenas assenti ao seu oi. Avancei minha mão até o rosto dele, e devagar acariciei sua face direita, deslizando meus dedos pelo seu pescoço esguio e delicado, até que a palma da minha mão repousasse em seu peito. Sorri e juntei meu corpo ao dele, dando mais um passo a frente. Olha é mania minha querer estar perto demais de um outro ser humano, é instinto - Eu estava tomando Sol, até que... - aproximei minha testa na dele e repousei meus olhos junto aos azuis dos olhos de Nathan - Ouvi você cantar... - confessei.

Deslizei minha fronte pela dele e me afastei do garoto bem devagar. Sentei-me no gramado e sorrateiramente agarrei o punho do menino e o puxei pra baixo, o forçando a sentar ao meu lado. Estendi-me pela relva e repousei minha cabeça no colo do garoto de Afrodite.

A coisa mais gostosa do undo é ficar deitado no colo de outra pessoa, apreciando uma floresta verdejante. As copas se mexiam com vigor, pois acima da floresta o vento corria forte e poderoso. Olhei Nathan uma vez ou outra e percebi que, hum, talvez ele não estivesse gostando muito da minha "entrega" total o usando como almofada. Meu macacão estava recolhido até a cintura, mostrando meu umbigo e minhas costas nuas se estendiam pela relva. Espreguicei-me pelo corpo de Nathan e o olhei com serenidade - Ca-Fu-Né - falei cada sílaba bem devagar enquanto me deitava de lado, ainda deixando minha cabeça em seu colo. Joguei minha mão pra frente para alcançar a grama. Me sentia um gato preguiçoso numa tarde preguiçosa num momento preguiçoso. Esbocei um sorriso melancólico e fechei os olhos.

Pois é, por que será que eu tô tão d boa no colo desse menino aleatório? Enfim, acho que fiquei tanto tempo sem contato com outra pessoa que, assim que vi esse menino eu tive que sorrir vir pegar nele todo. Não tenho culpa se eu adoro seres humanos. Não respondi a pergunta dele, apenas fitei seus olhos verdes e pisquei uma ou duas vezes bem devagar. Segurei o queixo dele e balancei seu rosto com ternura e voltei a não me importar muito com a presença dele. Não suporto filhos de Afrodite, sempre dão em cima, espera, davam em cima do meu precioso. Detestava quando um deles desviava um olhar ou tentavam puxar papo com Kyle. Ele nem parecia notar o quão chateado eu ficava, mas agora que ele se foi, não é mais importante lembrar esse tipo de coisa. Sentei-me ao lado do menino e sem pressa arrumei meu macacão velho. A fivela feita com o cinto do meu falecido namorado ainda estava aguentando o drama de segurar a alça no restante da roupa. Dei de ombros e levantei-me - Se você não me quer aqui... - disse e dei dois ou três passos pra longe do garoto - Pode deixar que me afasto - falei distraído criando uma ou outra rosa ao redor de mim.