Pillars of the Oceans (Missão para Frida + Lola + Michael)

Quione não nos respondeu, provavelmente, o ego dela falava mais alto do que a nevasca que ocorria dentro de seu coração, ao invés disso, acenou com a cabeça para que nós acompanhássemos seus passos. Frida e Michael pareciam tão assustados quanto eu, mas tentei me controlar o máximo possível e fui a frente dos dois, não muito distante, mas o suficiente para dar minha vida caso Quione desse a louca e quisesse nos atacar. Começamos a subir uma escada totalmente "transparente e bonita, Assim que meus pés a pisavam, pudia sentir as pontas dos meus dedos congelar. Tive que me controlar ao máximo para não cair. Provavelmente, o pouco de calor humano que ainda restava em mim dentro daquele freezer fazia uma pequena camada de água se estacionar entre meus pés e o gelo, fazendo com que a escada ficasse totalmente escorregadia, e claro, eu não queria cair ali.

Tentei me concentrar ao máximo em Quione, mas sempre que olhava para os lados, via estátuas assustadoras. Passarinhos de todos os tipos, em galhos e ramos de oliveira, subindo em movimentos leves e se juntando a candelabros prateados. Não haviam velas, mas o corredor tinha uma iluminação Meia boca, ou melhor, uma luz natural e fraca. Sinceramente? O local seria bem mais bonito se tivesse uma boa iluminação, imaginar tudo aquilo fez meu coração queimar, uma sensação boa. Meu amigo Bryan sempre dizia "a chama estará acesa até que sua imaginação se apague", mas pensar em chamas naquele local me deixava com medo de que tudo derretesse por cima de mim.

Michael parou por alguns segundos, e mesmo que eu estivesse a frente deles, consegui prestar atenção em seus movimentos e ergui meus olhos para o alto, reparando em grandes e pontudas estalactites que pareciam dizer "Dê mais um passo e te corto ao meio", o que graças aos Deuses não aconteceu. Ainda assim prestava atenção em uivos fortes e famintos (e de lobos, eu já ouvi muitos) que contemplavam nossa chegada.

Finalmente depois de muito subir, entramos em um grande salão escuro e frio, o que me fez perceber que onde estávamos era a geladeira, e não o freezer. Se as estátuas de passarinhos eram horríveis, as humanas poderiam me fazer ter pesadelos. O pior de tudo? Eu tinha uma leve - minto, uma gigante e pesada - impressão de que eles realmente eram reais. Algumas estátuas representavam centauros e outras, monstros que eu nunca ouvi falar. Tentei ficar o mais quieta possível, e por isso, consegui ouvir um som muito estranho.

Ao canto do amplo salão, uma vitrola arranhando um LP. Michael e Frida também haviam prestado atenção. O garoto ficou em silêncio, mas Frida fez uma careta.

- Bah! - e logo fechou a boca.

Quione olhou para trás e eu fechei os punhos. Mas ela não fez nada além de manter seu olhar frio por alguns segundo e ir para um trono. Foi então que eu vi. Era o Papai Noel em um trono de gelo.

O homem tinha cabelos brancos lisos e barbas com ângulos perfeitos da mesma cor. Os olhos azuis mostravam um pavor em minha expressão. Eu não podia Saber qual era o sentimentos dele. Raiva, Amor, tristesa, não tinha como explicar e isso me deixava incrivelmente amedrontada. Usava um terno preto de lã e vários botões se espalhavam entre mangas. bolsos e frente. O homem era realmente elegante, assim como seu trono, suas pernas cruzadas e..

- Ual - esbocei baixo.

Ele tinha um par de asas que saia de seu tronco. Asas purpuras, bonitas e brilhosas. Eram as asas mais lindas que eu poderia ver, de uma coisa era certa, eu nunca, nunca mesmo iria querer brigar com o papai Noel de asas roxas. Quíone se aproximou dele e eu reparei na mulher ao seu lado. Pelo que me lembrava.. Cleópatra. Esse era o nome dela. A mulher era tão linda quando Quione, mas tinha um sorriso um pouco mais aconchegante (ou seria de misericórdia?). De qualquer forma, estávamos em apuros. Qualquer palavra poderia nos matar, a final, Quione, Cleópatra, Zetes e Calais eram Deuses, e claro Bóreas, que chegava a dar medo de tanto poder que Emanava. Quione falou algo para ele que não consegui compreender e assim, nos aproximamos mais.

- Retardé, mais il est arrivé .... Bienvenue demi-dieux! - Bóreas nos comprimentou. Francês. A meu Deus, essa língua sempre terá que me perseguir?

Desde que era pequena, as freiras me ensinaram. Francês. A mulher, minha professora que tentou me matar por várias vezes, falava algo do tipo "você precisará disso em seu futuro, é sua escolha para não morrer" mas eu nunca a entendi. De qualquer forma, eu fugi e então muitas vezes e tornava a encontra-la; E agora, eu teria que usar a língua que me perseguia por anos. Será que eu lembraria? "Atrasados, mas chegaram.." era isso.

- Merci pour votre réception, Bóreas - falei, não lembrando se os franceses o chamavam por outro nome - Nous sommes ici pour accomplir une mission.

Torci para que Frida e Michael soubessem Francês, o que não seria complicado, já que os colégios Americanos sempre ensinaram Francês e Espanhol como linguagem secundária. Torcia também para que não tivesse falado nada errado.

De uma coisa eu sabia. Frida era incrível no Francês; Confesso que fiquei triste pelo Deus não querer falar Japonês. Sempre fui fã de Mangás e estudei a língua por um bom tempo. De qualquer forma, Michael também falou um pouco, não tão perfeitamente, mas foi bem fofo eu diria. Meus olhos se viraram para os dois, e novamente para o Deus.

-Bravo! - O Deus falou, aplaudindo e sorrindo um tanto amigavelmente - Mas, só quero ouvir a filha de Deméter - me senri com raiva. Porque ele não falou nossa língua desde o começo! - Elle n'a presque pas d'accent, et sa voix est agréable. - E apontou para Frida, o que eu já sabia que ia acontecer.

Dentre nós, ela era a flor mais delicada de todas. Michael era filho de Macária, e eu, uma serva de Perséfone. Nenhum de nós dois tínhamos uma áurea tão boa quando a de Frida, a filha de Deméter. A menina deu um passo a frente enquanto eu me posicionava atrás dela, tentando ter uma visão parcial de tudo que acontecia. Os filhos de Bóreas me olhavam de uma forma maligna, talvez porque sabiam que eu não ligava a quem estava na minha frente. Se machucassem meus dois amigos, eu os mataria com toda a certeza.

Quando olhei para Frida, a menina parecia ter mal de Parkinson. As mão delas estavam tremulas e seu rosto expressava nervosismo. Deixei minha guarda por um tempo e fui ao lado dela, segurando suas mãos de leve. Aos poucos, as mãos pararam de tremer e a garota esboçou um sorriso. Michael fez o mesmo e colocou suas mãos no ombro dela. Agora Frida sabia, estaríamos ali para qualquer coisa. Bóreas brincava com a neve e começou a fazer perguntas. Eu não precisei olhar para a garota, nesse pouco tempo que passamos, tinha total confiança nela. A menina respondeu as perguntas firmes, sem mais, nem menos e com um tom muito gentil. Simplesmente ela era incrível, agradeci aos Deuses por terem a escolhido para falar. Provavelmente, eu falaria alguma besteira muito grande e em vez dos flocos de neve dançarem em volta dele, seria nosso sangue.

- Vous savez pourquoi ils sont ici? - Ultima pergunta pegou como um martelo de gelo gigante em minha cabeça. Apertei um pouco a mão de Frida, inorando os olhares de Quione. Aparentemente, Calor humano poderia derreter tudo daquilo em um minuto.

Olhei em volta, o que Bóreas queria saber? Do que nós três estávamos fazendo aqui ou todos nós incluindo os filhos dele? Eu não sabia a resposta para falar a verdade, e mal acreditava em coincidências. Eu olhava diretamente Para Quione, que tentava me congelar com seus olhos. Frida engoliu seco mais uma vez e disse com convicção;

-Seigneur, je crois que c'est une coïncidence. Une visite occasionnelle de tous. - era uma das coisas que eu estava pensando.

A garota nos e eu acenei que sim com a cabeça, dando um sorriso de leve para ela. Eu queria acreditar que era somente uma ocasião.

- Estou aqui para tudo Frida - sussurrei para ela - E se for algo grave, prometo que nada vai acontecer a vocês. - voltamos a olhar Bóreas